Emmanuel
Reunião
pública de 3/8/59,
Questão
nº. 817 (Livro dos Espíritos)
Toda
vez que nos dispomos a considerar a mulher em plano inferior, lembremo-nos
dela, ao tempo de Jesus.
Há
vinte séculos, com exceção das patrícias do Império, quase todas as
companheiras do povo, na maioria das circunstâncias, sofriam extrema abjeção,
convertidas em alimárias de carga, quando não fossem vendidas em hasta pública.
Tocadas,
porém, pelo verbo renovador do Divino Mestre, ninguém respondeu com tanta
lealdade e veemência aos apelos celestiais.
Entre
as que haviam descido aos vales da perturbação e da sombra, encontramos em
Madalena o mais alto testemunho de soerguimento moral, das trevas para a luz; e
entre as que se mantinham no monte do equilíbrio doméstico, surpreendemos em
Joana de Cusa o mais nobre expoente de concurso e fidelidade.
Atraídas
pelo amor puro, conduziam à presença do Senhor os aflitos e os mutilados, os
doentes e as crianças. E embora não lhe entregassem o círculo apostólico, foram
elas – as representadas nas filhas anônimas de Jerusalém - as únicas
demonstrações de solidariedade espontânea que o visitaram, desassombradamente,
sob a cruz do martírio, quando os próprios discípulos debandavam.
Mais
tarde, junto aos continuadores, da Boa Nova, sustentavam-se no mesmo nível de
elevação e entendimento.
Dorcas,
a costureira Jopense, depois de amparada por Simão Pedro, fez-se mais ativa
colaboradora da assistência aos infortunados. Febe é a mensageira da epístola
de Paulo de Tarso aos romanos. Lídia, em Filipos, é a primeira mulher com
suficiente coragem para transformar a própria casa em santuário do Evangelho
nascituro. Lóide e Eunice, parentas de Timóteo, eram padrões morais da fé viva.
Entretanto,
ainda que semelhantes heroínas não tivessem de fato existido, não podemos
olvidar que, um dia, buscando alguém no mundo para exercer a necessária tutela
sobre a vida preciosa do embaixador divino, o supremo poder do universo não
hesitou em recorrer à abnegada mulher, escondida num lar apagado e simples...
Humilde,
ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia consigo a
resistência do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria virtude os
tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida entre os homens, era grande e
prestigiosa perante Deus.
Eis
o motivo pelo qual, sempre que o raciocínio nos induza a ponderar quanto à
glória do Cristo - recordando, na terra, a grandeza de nossas próprias mães -
nós nos inclinaremos, reconhecidos e reverentes, ante a luz imarcescível da
Estrela de Nazaré.
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