No capítulo 31, de “Nosso
Lar”, André nos relata o episódio que envolve um “espírito-vampiro”, que –
interessante –, ludibriando os “vigilantes das primeiras linhas”, fora bater ao
grande portão da cidade, suplicando asilo.
E segue a nossa primeira
pergunta: como seria possível que um espírito da tal natureza atravessasse as
linhas de defesa da cidade, que, recordemos, era fortificada, construída à
semelhança das antigas “cidades-estado”?! O que vocês acham?!
O fato – permitam-nos – nos
leva a comparar o texto do autor espiritual com o que é descrito na Parábola
das Bodas, em Mateus, capítulo 22, versículos 1 a 14, quando – vejamos – um
convidado é descoberto na festa e colocado para fora da mesma, porque “não
trazia a veste nupcial”... O que seria a “veste nupcial”, claro, numa
interpretação transcendente, qual é o objetivo da Parábola contada por Jesus?!
O referido “espírito-vampiro”
estava pedindo socorro, “no grande portão que dá para os campos de cultura”...
Outra pergunta: que “campos de cultura” seriam tais?! O que neles se cultivava,
e com que finalidade?! André Luiz estaria recorrendo apenas a mera figura
literária?!...
André e Narcisa
compadeceram-se daquela mulher, “coberta de andrajos, rosto horrendo e pernas
em chaga viva”... Contudo, não dispondo de autoridade para acolhê-la,
deliberaram chamar o Irmão Paulo, “orientador dos vigilantes”, ou,
modernamente, dos seguranças. (Não nos esqueçamos de que, dias atrás, em
abençoada Casa Espírita do grande Recife, o Centro Espírita “Amor ao Próximo”,
ocorreu lamentável ato de violência, cometido por criminosos. Será que
chegaremos ao ponto de, em nossos templos de fé, ter que revistar um por um de
seus frequentadores eventuais?! Autoridades incompetentes – não generalizando –
as que estão se responsabilidade pela segurança pública no Brasil!) O que vocês
fariam, ou fazem, quando algum suspeito aparece na Casa
Espírita que frequentam,
ou mesmo bate às portas de sua residência?! Compadecem-se, colocam-no para
dentro, ou, prudentemente, redobram a vigilância?!
Sem rodeios, observando a
situação espiritual da infeliz entidade, Irmão Paulo conclui: “Esta mulher, por
enquanto, não pode receber nosso socorro. Trata-se de um dos mais fortes
vampiros que tenho visto até hoje.
É preciso entregá-la à
própria sorte.” Estando ela rodeada por cinquenta e oito “pontos escuros”,
Irmão Paulo explicou que elas representavam as cinquenta e oito crianças que
ela, profissional de ginecologia na Terra, havia assassinado ao nascerem!
Narcisa, em sua condição de
mulher, chega a insistir com o “orientador dos vigilantes” para que aquela
entidade fosse recebida. – “Reconheço, minha amiga – respondeu o diretor da
vigilância, impressionando pela sinceridade –, que todos somos espíritos
endividados; entretanto, temos a nosso favor o reconhecimento das próprias
fraquezas e a boa vontade de resgatar nossos débitos; mas esta criatura, por
agora, nada deseja senão perturbar quem trabalha.”
Concordam com a atitude de
Irmão Paulo?! Parece-nos – não acham?! – que as Leis Divinas, embora sendo a
expressão do Amor de Deus, funcionam alicerçadas na Justiça. Ainda em Mateus,
no capítulo 25, na Parábola dos Talentos, Jesus é claro ao dizer: “E o servo
inútil lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.”
Tais elucubrações, em nosso
post desta semana, levam-nos a deduzir que, realmente, em todos os setores da
Vida, de acordo com a palavra de nossos Maiores “a disciplina deve anteceder a
espontaneidade”!
Assim que teve negada a sua
entrada em “Nosso Lar”, a pobre entidade revolta-se e começa a ofender a Irmão
Paulo, que, então, lhe responde com severidade fraternal: “Faça, então, o favor
de retirar-se. Não temos aqui o céu que deseja. Estamos numa casa de trabalho,
onde os doentes reconhecem o seu mal e tentam curar-se, junto de servidores de boa
vontade.”
E ele próprio concluiu,
falando com André e Narcisa: “Observaram o Vampiro? Exibe a condição de
criminosa e declara-se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura;
sofre desesperadamente e alega tranquilidade; criou um inferno para si própria
e assevera que está procurando o céu.”
A infeliz, naturalmente, como
esclarece o orientador, seria atendida alhures pela Bondade Divina, mas,
naquele momento, a caridade legítima mandava que as portas de “Nosso Lar” não
lhe fossem abertas.
Dura realidade, não é?!
Segundo a legenda grafada na
Bandeira do Brasil, sem ordem não há progresso. O que nos leva a pensar que,
infelizmente, a falta de Progresso existente no Brasil, basicamente, é falta de
Ordem, a começar pela imoralidade de alguns que lhe orientam o serviço de
vigilância.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 4 de setembro
de 2017.
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