No universo o caos é a presença da vida em
ebulição, em desenvolvimento.
O repouso, se houvesse, significaria o
aniquilamento da ordem, do equilíbrio.
Tudo se agita, desde as micropartículas às
galáxias em incessante movimentação.
Sucumbe um astro pela decadência da energia
e surge outro pela aglutinação de novas moléculas.
Só há vida em toda parte e, portanto, ação.
É natural que, no ser humano, esse processo
se expresse como desgaste que produz dor.
O pântano e as águas estagnadas
experimentam rigorosa drenagem, a fim de se transformarem em jardim e pomar.
O deserto sente a modificação da sua
estrutura, mediante elementos químicos, de modo a reverdecer e coroar-se de
flores.
A semente sofre o esmagamento e
arrebenta-se em vida exuberante.
Nos animais, o parto é violência orgânica
dolorosa, que liberta a vida que conduzia encarcerada.
Compreensível, desse modo, que o
desabrochar da perfeição comece pelo despedaçar do grotesco em predominância no
ser humano.
Erros que geraram calamitosos efeitos a
reparar, desafios que promovem à conquista de mais elevados patamares se
apresentam com frequência.
São inevitáveis as ocorrências depuradoras,
os sofrimentos de sublimação.
A dor é mensagem da vida cantando o hino de
exaltação e glória à evolução.
Recebê-la com tranquilidade constitui admirável
realização íntima da lucidez intelecto-moral do ser
humano.
Pressões, compressões, dilacerações
constituem mecanismos da vida que se liberta do cárcere temporário para a
exuberância da plenitude.
Compreender a função da dor é atitude solidária,
caminhando-lhe ao lado, ao invés de enfrentá-la com a extravagância da derrota.
Entendida no seu significado profundo,
torna-se amena e disciplinadora de impulsos graves quão danosos que persistem,
dominadores.
Em razão disso, a atitude passiva, o
pensamento de aceitação e entendimento contribuem para torná-la produtiva,
enriquecedora.
Diante da transitoriedade do carro orgânico
a que o Espírito se atrela, eis que o desgaste e a decomposição fazem parte dos
fatores de destruição da aparência, para que o ser eterno singre os rios
incomparáveis da imortalidade.
Sem a histólise, que precede à histogênese
demorada, a lagarta jamais flutuaria no ar como borboleta delicada.
As condições físicas, portanto, são uma
permanente transformação e a dor representa as mãos do Divino Escultor
trabalhando em formas novas, aprimorando arestas e corrigindo
anfractuosidades...
Alegra-te, por haveres sido contemplado
pela dor, por mais paradoxal que te pareça.
Bem-aventurado aquele que sofre em paz,
quando outros, desassisados, em tranquilidade infelicitam vidas...
Mantém-te confiante, mesmo sofrendo, e
transforma as tuas ansiedades em gratidão a Deus, por haver estabelecido
diretrizes diferentes das tuas, que te farão realmente feliz para sempre.
Deixa-te, pois, arrastar pelas mãos do
sofrimento digno, e converterás lágrimas em sorrisos, tristezas em júbilos,
frustrações em pacificação interna, arrimado em Jesus, que nunca te abandonará.
Dor bendita, que liberta e sublima, louvada
sejas!
Livro: Fonte de Luz - Divaldo
P Franco - Joanna de Ângelis
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