Questão 280 do Livro dos Espíritos
Nas relações entre bons e maus Espíritos, os bons cuidam de
ensinar aos maus a prática das virtudes, e esse ensino se processa de várias
maneiras, desde a palavra à vivência. Os fatos que a vida pode contar são
numerosos.
Há classes de Espíritos que não têm a capacidade de averiguar sua
própria vida, corrigindo o que não entra em conexão com o Evangelho. Por vezes,
escutam a Boa Nova do reino de Deus e vêem coisas maravilhosas, porém, não
entendem suficientemente para fazer uma análise mais profunda, retificando sua
conduta.
A natureza do Espírito bom por si só já marca a sua felicidade
interna; esse é o seu prêmio que o seu esforço próprio ajudou a conquistar, nas
marcas do tempo, com a presença de Deus em seu coração.
A inquietação e o
despeito dos maus é a inferioridade que lhes faz padecer. Mesmo que, porventura,
fossem levados a planos superiores, continuariam no inferno interno que eles
mesmos construíram e alimentaram. A conscientização de uma alma depende,
principalmente, de tempo, onde agem as leis de Deus.
O que se fala sobre os
Espíritos, sobre a vida mais livre na erraticidade ainda é pouco, no que se
refere ao que tem para ser dito. As notícias não são dadas ao bel prazer do
comunicante; elas são filtradas pelos ministros de Deus, capazes de levar às
almas somente aquilo que elas podem suportar. Existem muitas criaturas ansiosas
por revelações, mas que se esquecem de cuidar de pequenos pontos no que tange à
sua moral. Se o alimento em demasia faz mal ao corpo, muito mais o alimento
espiritual sem parcimônia.
Deus é todo equilíbrio, e a criação está assentada
nesse equilíbrio divino, pois, em toda parte canta a harmonia. Não temos
liberdade de falar pelas vias mediúnicas o que queremos. Aquele que deseja falar
e por vezes fala o que quer, sempre acaba falando impropriedades e cai no
ridículo. A mentira dura pouco; somente a verdade fica de pé.
Não queiramos
ultrapassar o que não temos direito, por lei de evolução. O progresso é cheio de
luzes, como o trânsito nas nossas cidades. É pela cor que se manifesta que
sabemos se podemos avançar. Quem avança o sinal está sujeito às corrigendas. Os
bons Espíritos se ocupam em combater as más tendências dos inferiores, sem
violência. Eles se apresentam como pais que extravasam carinho e amor, sem
faltar a energia quando necessária. Cumpre notar que em todos os lugares, em
todas as épocas sempre existiram Espíritos elevados dando lições pela palavra,
pelo exemplo e, muitas vezes, pelo trabalho que realizavam. Eles sempre apreciam
os feitos dos companheiros, em silêncio, para notar o que deve .ser feito em
favor dos que não respeitam determinadas leis da sociedade e da própria
vida.
Podemos observar quantos homens nascem e vivem na pobreza, lutando com
muitas dificuldades, mas que marcam a sua vida com a beleza da honestidade, da
honra, e mesmo da alegria nas dificuldades. Essas almas representam uma lição
viva de virtudes no silêncio. Quase sempre, no seio familiar, há um desses
virtuosos, que é o Evangelho aberto e lido em voz alta, a voz da vivência para
todos.
Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia -
Miramez
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