Questão 281do Livro dos Espíritos
Os Espíritos maus
sempre induzem os outros à maldade, por desconhecerem o valor do bem. Eles estão
no princípio da sua formação espiritual, e os primeiros caminhos são esses, como
o da criança. Tudo de bom se encontra dormindo no centro da sua personalidade;
aguardando que o tempo e o esforço próprio os despertem; são as qualidades
espirituais, atributos divinos que devem vibrar sob o domínio de si mesmos, como
conhecimento da verdade.
Nesse tipo de alma vigora a inveja, e o invejoso
desconhece o amor, o desprendimento e vive nas ilusões. Quando encarnados, esse
modo de viver se evidencia. Quantos crimes se processam na Terra por inveja!? O
inferior procura eliminar os que estão em posição melhor que ele, pensando que
com isso ele cresce e encontra a sua paz. Como se engana! As suas qualidades não
são conquistadas pela violência; elas são despertadas pelo modo que Jesus
ensinou: perdoando ofensas e subindo com o peso da cruz em todos os calvários
que aparecerem nos caminhos. Toda subida pede esforço, dores e sacrifícios
incontáveis.
O encarnado deve observar a sua própria vida, analisando a vida
dos outros em silêncio, e retirando delas as lições de que tanto precisa. A vida
é cheia de valores imortais, na imortalidade de tudo que existe. É preciso
computar o que faz todos os dias, não perdendo o tempo que se apresenta em seu
favor. Que não se esqueça de abençoar as oportunidades e usar a oração todos os
dias igualmente, porque ela lhe dará uma visão melhor, assim como despertará
seus sentimentos para uma compreensão mais rica, no que se refere às coisas
eternas do coração.
Quando encontramos Espíritos cheios de maldade,
reconhecemos que neles ainda vibram as paixões, que neles ainda pulsam o egoísmo
e o orgulho. São cegos que ainda não descobriram a cegueira; são surdos que não
verificaram ainda a sua surdez.
As almas boas já aprenderam com Jesus a
tolerância, virtude essa que tem a primazia de desfazer incompreensões, antes
que ela possa virar também conivência. As almas elevadas são caridosas, sabendo
discernir entre benevolência e desperdício.
Os Espíritos puros desprendem de
seus corações o amor, aquele que educa e instrui, que ampara e corrige, que
eleva e faz sentir ao Espírito que ele deve usar suas próprias forças na
superação de todas as dificuldades, porque sabe também que a misericórdia sempre
chega para os de boa vontade, para os cireneus da caridade.
Os Espíritos
inferiores se comprazem em nos induzir ao mal pelo despeito, e por não saberem o
valor da fraternidade. É por isso que os Espíritos bons, encarnados e
desencarnados, os cercam igualmente, induzindo-os para o bem, que sempre ganha a
partida.
O mal não resiste ao bem, e a verdade tem lugar destacado na
eternidade.
Existem muitos companheiros desanimados, mesmo dentre os
espiritualistas, dizendo que a Terra está piorando, em se falando na moralização
das criaturas. Como se enganam esses irmãos! Quem tem olhos para ver e sentir o
progresso e sua marcha, tem outra conclusão. A piora está somente nas
aparências; tudo segue para melhores dias e o que acontece é que em todo o fim
de ciclo evolutivo a misericórdia é mais visível, e as oportunidades para os
Espíritos inferiores despertarem são muitas. Assim, legiões de Espíritos das
trevas descem à carne e muitos deles alcançam sinais de melhora. Os empedernidos
no mal recebem as lições e voltam para os lugares que correspondem ao seu estado
íntimo. Se não souberam aceitar a misericórdia, a justiça tomará conta
deles.
Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia -
Miramez
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