Fim da Miséria
Você tem ideia do que é ser um
miserável?
Não, tenho a certeza em afirmar que não.
Pode ser que você que
me lê tenha passado por esta situação, mas a maioria não sabe ainda dimensionar
de verdade o que seja estar miserável, viver na miserabilidade.
Na pobreza,
já afirmei outra vez, se possui o mínimo, na miséria, nem isso.
Na pobreza se
tem a casa onde morar, casebre que seja. Na miséria se tem o luar da rua e a
calçada como moradia.
Na pobreza se possui o travesseiro e o cobertor. Na
miséria se vira com o papelão encontrado no chão.
Na pobreza se tem o que
comer. Come-se pão e ovo, café ou leite. Na miséria, olha-se para o lado e não
se sabe o que fazer, pois há nada para comer.
Na pobreza, vez em quando se
trabalha, se ganha algum. Na miséria, nem um.
Na pobreza veste-se com
simplicidade. Na miséria, aproveita-se a roupa de qualquer um.
Na pobreza
existe o mínimo de dignidade e conforto. Na miséria há a ausência do mínimo
comum.
É revoltante saber que neste mundo de imensos recursos, de inúmeras
possibilidades, o homem ainda permita que seu irmão de caminho viva em condições
subumanas.
Pensa que são poucos, que nada.
No Brasil, apesar dos
benefícios sociais, muita gente cata a sobrevivência nos lixões e pede dinheiro
nas ruas.
Noutros países, especialmente a África e do chamado terceiro mundo,
a miséria, em muitos lugares, é o cenário predominante.
Como é degradante a
miséria. Como é desumana a miserabilidade. Filho algum de Deus poderia admitir
isso. Resumimo-nos, muitos de nós, a dar o nosso troco, o que nos sobra, o que
não nos faz falta. Para eles, os miseráveis, representa fortuna.
Até quando,
Pai, haveremos de ver tanta desigualdade e sofrimento?
Quando será que o
homem, finalmente, vai se envergonhar desta condição egoísta e insensível e dar
um basta na miséria?
Viver na miséria para uma sociedade que se denomina
cristã é um verdadeiro acinte, uma provocação, um despautério.
Jesus nos
ensinou a solidariedade, a vida de partilha, o tratamento fraterno e igual. Onde
existe miséria não existe a presença de Jesus.
Impulsionemo-nos em erradicar
a miséria. Cada um pode ser agente desta causa. Não com palavras de ordem ou
boas intenções de ideias. Já é um bom começo, mas é estéril.
Agir com
determinação e compromisso é fundamental para mudar este quadro.
Propus, em
vida física, o desafio de entrarmos o ano dois mil sem miséria. Não foi
possível, infelizmente. Tiramos, porém, graças a Deus, muitas delas desta
condição, o que é um alívio, mas não uma realização.
Mobilizemos governo,
entidades beneméritas, irmãos de todas as crenças, empresas, todos que possuam
compromisso com o bem, para elaborarmos planos de ação para erradicação
definitiva da miséria.
Tenha certeza de que um exemplo local, como muitos que
anonimamente já existe, vai sensibilizar coração e mente de outros tantos.
O
que não se pode é ficar na inércia, no esperar que a miséria um dia vá acabar
por obra de Deus. Não vai. Não vai porque a miséria não faz parte da Sua
criação, pertence unicamente a obra do egoísmo humano. O que nos leva a crer
que, no instante que abolirmos o egoísmo do coração do ser humano,
automaticamente estaremos eliminando, de uma vez por todas, a miséria da face da
terra.
Abraços,
Hélder Câmara
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