JORGE Mateus DE LIMA*
Lá vai...
- Que é?
32 - Um oceano de suor.
Lá vai...
- De onde vem?
- Da nascente do nada.
36 Lá vai...
-Aonde vai?
-Ao estuário do infinito.
Afinal, a libertação.
Momento de apoteose
na Eternidade.
Fieiras de milênios e de vidas...
Labirintos de ideias e paixões...
Andanças, quedas, levantares,
novas quedas, novos recomeços...
Agora, outras formas, outras dimensões,
outros grãos da poeira cósmica.
Novos céus, novas terras, novos Cristos...
Múltiplas emoções fluem da Inteligência.
Novos ares do Universo,
novos panoramas,
novas perspectivas
53 no calidoscópio do existente...
Rompimento do indevassável,
vitória sobre o impossível,
disciplina do caos...
Além dentro do ser...
58 Além sem limitações...
Convivência mais íntima nas causas...
Aonde pensa
o viandante das nebulosas?
O que faz ele?
Qual a sua fisionomia?
Voltará por aqui?
Ninguém sabe...
67 Ninguém sabe...
____________________
(*) Tendo concluído o curso médico, em 1914, no Rio de Janeiro, volta Jorge de Lima, em 1922, a Maceió, onde é recebido como o «Príncipe do Poetas Alagoanos». Poeta, romancista, jornalista, contista, ensaísta, professor de Literatura na Universidade do Brasil, era um talento multívio. Em sua última fase literária, após ter abandonado o modernismo regionalista que tanta fama lhe trouxera, JL «incursionou pela poesia religiosa e terminou cultuando uma poesia quase abstrata, ou tirante a escrita automática». ( Péricles E. da Silva Ramos, in A Lit. no Brasil, III, t. 1, pág.609.) Referindo-se ao Livro de Sonetos do poeta, J. Fernando Carneiro «informa, com sua autoridade de médico, amigo e exegeta de Jorge de Lima, que ele escreveu todo o livro, 77 sonetos e mais 25 que continuaram inéditos, em pleno estado hipnagógico e no espaço apenas de 10 dias».(apud A. Rangel Bandeira,Jorge de Lima..., pág. 115) «O poeta que escreveu a Invenção de Orfeu, e se chamou Jorge de Lima,»- disse Eduardo Portella - «foi dos mais complexos e fortes de toda a nossa poesia moderna.»«Muitas vezes» – observa Rangel Bandeira (ibidem, pág. 123) - «Invenção de Orfeu dá a impressão de ter sido um livro psicografado; era Jorge de Lima que registrava seu próprio delírio.»Segundo Fernando Carneiro, o poeta alagoano foi «a encarnação da bondade»: «Tudo em Jorge de Lima estava envolto num halo de bondade, até a sua tristeza, até as suas fraquezas.»( União dos Palmares, Est. De Alagoas, 23 de Abril de 1893** - Rio de Janeiro, Gb, 15 de Novembro de 1953.)
BIBLIOGRAFIA: XIV Alexandrinos; Poemas; Poemas Escolhidos; Tempo e Eternidade; Invenção de Orfeu; etc.
_____________________
(**) Ver Antônio Rangel Bandeira, Op. eit., pág. 16.
_____________________
53. Observem-se a enumeração e os diversos exemplos de poliptoto.
58. Anáfora
59. Epanalepse, mesarquia e mesotelêuton: “Além, além do além...”
67. Vamos em seguida transcrever pequeno trecho do “Poema do Cristão”, de A Túnica Inconsútil (apud Luiz Santa Cruz, N. Cl. nº. 26, pág.57), de autoria do distinto peta, quando ainda entre os homens:
“Os milênios passados e os futuros
não me aturdem porque nasço e nascerei,
porque sou uno com todas as criaturas,
com todos os seres, com todas as coisas,
que eu decomponho e absorvo com os sentidos,
e compreendo com a inteligência
transfigurada em Cristo.
Tenho os movimentos alargados.
Sou ubíquo: estou em Deus e na matéria;
sou velhíssimo e apenas nasci ontem,
estou molhado dos limos primitivos,
e ao mesmo tempo ressôo as trombetas finais,
compreendo todas as línguas, todos os gestos, todos os signos,
tenho glóbulos de sangue das raças mais opostas.”
Observa-se ainda a palilogia: “Ninguém sabe... - Ninguém sabe...” – palilogia: Nome dado a FIGURA que resulta quando se repete por inteiro uma frase ou um VERSO... (Geir Campos, Op. Cit.)
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
Lá vai...
- Que é?
32 - Um oceano de suor.
Lá vai...
- De onde vem?
- Da nascente do nada.
36 Lá vai...
-Aonde vai?
-Ao estuário do infinito.
Afinal, a libertação.
Momento de apoteose
na Eternidade.
Fieiras de milênios e de vidas...
Labirintos de ideias e paixões...
Andanças, quedas, levantares,
novas quedas, novos recomeços...
Agora, outras formas, outras dimensões,
outros grãos da poeira cósmica.
Novos céus, novas terras, novos Cristos...
Múltiplas emoções fluem da Inteligência.
Novos ares do Universo,
novos panoramas,
novas perspectivas
53 no calidoscópio do existente...
Rompimento do indevassável,
vitória sobre o impossível,
disciplina do caos...
Além dentro do ser...
58 Além sem limitações...
Convivência mais íntima nas causas...
Aonde pensa
o viandante das nebulosas?
O que faz ele?
Qual a sua fisionomia?
Voltará por aqui?
Ninguém sabe...
67 Ninguém sabe...
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(*) Tendo concluído o curso médico, em 1914, no Rio de Janeiro, volta Jorge de Lima, em 1922, a Maceió, onde é recebido como o «Príncipe do Poetas Alagoanos». Poeta, romancista, jornalista, contista, ensaísta, professor de Literatura na Universidade do Brasil, era um talento multívio. Em sua última fase literária, após ter abandonado o modernismo regionalista que tanta fama lhe trouxera, JL «incursionou pela poesia religiosa e terminou cultuando uma poesia quase abstrata, ou tirante a escrita automática». ( Péricles E. da Silva Ramos, in A Lit. no Brasil, III, t. 1, pág.609.) Referindo-se ao Livro de Sonetos do poeta, J. Fernando Carneiro «informa, com sua autoridade de médico, amigo e exegeta de Jorge de Lima, que ele escreveu todo o livro, 77 sonetos e mais 25 que continuaram inéditos, em pleno estado hipnagógico e no espaço apenas de 10 dias».(apud A. Rangel Bandeira,Jorge de Lima..., pág. 115) «O poeta que escreveu a Invenção de Orfeu, e se chamou Jorge de Lima,»- disse Eduardo Portella - «foi dos mais complexos e fortes de toda a nossa poesia moderna.»«Muitas vezes» – observa Rangel Bandeira (ibidem, pág. 123) - «Invenção de Orfeu dá a impressão de ter sido um livro psicografado; era Jorge de Lima que registrava seu próprio delírio.»Segundo Fernando Carneiro, o poeta alagoano foi «a encarnação da bondade»: «Tudo em Jorge de Lima estava envolto num halo de bondade, até a sua tristeza, até as suas fraquezas.»( União dos Palmares, Est. De Alagoas, 23 de Abril de 1893** - Rio de Janeiro, Gb, 15 de Novembro de 1953.)
BIBLIOGRAFIA: XIV Alexandrinos; Poemas; Poemas Escolhidos; Tempo e Eternidade; Invenção de Orfeu; etc.
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(**) Ver Antônio Rangel Bandeira, Op. eit., pág. 16.
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53. Observem-se a enumeração e os diversos exemplos de poliptoto.
58. Anáfora
59. Epanalepse, mesarquia e mesotelêuton: “Além, além do além...”
67. Vamos em seguida transcrever pequeno trecho do “Poema do Cristão”, de A Túnica Inconsútil (apud Luiz Santa Cruz, N. Cl. nº. 26, pág.57), de autoria do distinto peta, quando ainda entre os homens:
“Os milênios passados e os futuros
não me aturdem porque nasço e nascerei,
porque sou uno com todas as criaturas,
com todos os seres, com todas as coisas,
que eu decomponho e absorvo com os sentidos,
e compreendo com a inteligência
transfigurada em Cristo.
Tenho os movimentos alargados.
Sou ubíquo: estou em Deus e na matéria;
sou velhíssimo e apenas nasci ontem,
estou molhado dos limos primitivos,
e ao mesmo tempo ressôo as trombetas finais,
compreendo todas as línguas, todos os gestos, todos os signos,
tenho glóbulos de sangue das raças mais opostas.”
Observa-se ainda a palilogia: “Ninguém sabe... - Ninguém sabe...” – palilogia: Nome dado a FIGURA que resulta quando se repete por inteiro uma frase ou um VERSO... (Geir Campos, Op. Cit.)
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
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