30.6.25
Médiuns Plenos
Existem médiuns com admiráveis talentos medianímicos que, infelizmente, não logram “dar de graça o que de graça receberam”, na graça com que o Senhor os aquinhoou, para que sejam os seus representantes leais junto à Humanidade, na exaltação da Mensagem da Imortalidade sob a qual há de se alicerçar a Nova Era que se anuncia.
Raros os medianeiros que, verdadeiramente compenetrados de sua alta responsabilidade, exercem, em plenitude de amor ao Ideal, as tarefas em que se encontram presentemente engajados, e pelas quais, um dia, haverão de responder perante a Lei Divina.
Porquanto, mediunidade plena e sem equiparação com qualquer outra capacidade psíquica que a criatura possa desenvolver, no presente e no futuro, é aquela cujo objetivo maior é o de fazer com que o seu portador, onde estiver, faça-se fiel intérprete da Vontade do Senhor, sem cogitar, nem de leve, que os seus interesses sobre ela possam prevalecer.
Odilon Fernandes - Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 13 de março de 2025.
29.6.25
TRANSPARÊNCIA E VULNERABILIDADE
Quase impossível que, emocional e intelectualmente, alguém se desnude sem receio de se revelar a uma sociedade repleta de preconceitos, e, a partir das religiões, extremamente moralista e castradora.
Compreensível, pois, que, até certo ponto, em relação às pessoas com as quais conviva, você adote uma postura de autodefesa – para, pelo menos, não ser comido vivo por elas.
Não estamos – óbvio – nos referindo a nenhuma espécie de máscara afivelada ao rosto, com a qual escolha viver sob tão rotineiro disfarce, que você próprio, mais tarde, não se reconheça, perdendo, assim, a sua identidade.
De muito poucos você poderia se aproximar na Terra ousando ser você mesmo, sem que recebesse rótulos alienantes – porque, infelizmente, poucos, ou pouquíssimos, são capazes de amar incondicionalmente – amar sem julgar, sem condenar, sem recriminar, sem humilhar, e até sem mais graves atitudes de violência. (como, por exemplo, atirar homossexuais do topo dos prédios, e, ainda, com as mãos cheias de pedras, esperá-los lá embaixo para, caso não tenham morrido da queda, acabar de assassiná-los)
Não se trata de pessimismo, mas se você colocar o seu coração numa bandeja, entregando-o indiscriminadamente, correrá sério risco de ter os seus sentimentos espezinhados ou menosprezados – mesmo em se tratando de familiares consanguíneos próximos.
O que não se concebe, ou melhor, não se compreende, e deve ser algo inaceitável para você, é que, no intuito de dissimular a sua realidade interior, você viva enganando a si mesmo – mentindo a si próprio!
Crer-se virtuoso quando não seja, é uma ilusão terrível – das piores que pode acometer o espírito.
Não possuir, ou não se buscar possuir, consciência dos próprios limites, é estado de inconsciência dos mais doentios, que, inclusive, pode vir a ser causa de delírios e alucinações.
Você não tem a obrigação de deixar que, devassando-lhe as entranhas, os outros o conheçam, no entanto, tem, sim, a obrigação de se conhecer, sempre com maior lucidez, a partir da qual tenha condições de trabalhar as suas fragilidades e... superá-las.
Procure, pois, não desencarnar fazendo de sua vida uma mentira para você mesmo.
Não pense que a sua transparência possível no relacionamento com os semelhantes possa torná-lo frágil – as pessoas, em geral, para que se animem a fazer o mesmo, estão carecendo de exemplos de maior autenticidade.
Paulo, escrevendo aos Coríntios, no capítulo 12, versículo 10, grafou com perspicácia: “... quando sou fraco, então é que sou forte.”
Não nos esqueçamos do que nos ensina Jesus: carecemos de edificar a nossa casa íntima sobre a rocha da sinceridade, e não sobre a areia da falta de caráter.
O espírito, até quando erra, pode ser grande.
Fora com qualquer sentimento de autopiedade.
Preocupe-se com isto, não consentindo que, na ampulheta do tempo, um só dia escoe sem que, com o auxílio da consciência, você realize ainda que ligeiro exercício de transparência.
Não se habitue a enganar aos outros e a você – isso é um vício pior que cocaína!
A reconciliação que Jesus nos solicita buscar com os adversários é tão importante quanto à reconciliação que precisamos promover conosco – reconciliemo-nos, pois, conosco, na aceitação do que estejamos sendo, e sigamos adiante para que, um dia, venhamos a ser o que somos em nossa essência última.
INÁCIO FERREIRA - Blog Mediunidade na Internet.
27.6.25
TRANSFIGURAÇÃO PSICOLÓGICA
Você já tentou reparar numa pessoa encarnada como quem estivesse olhando para a sua essência espiritual, ou seja, para o espírito que se encontra preso àquele corpo, com a sua fisionomia externa mais ou menos definida?!
Claro que poderia fazer isto com você mesmo, olhando-se num espelho, bem dentro de seus olhos, tentando realizar uma ausculta de seus pensamentos mais recônditos...
Todavia, apenas para efeito de melhor entendimento do que pretendemos, quando você estiver andando pelas ruas procure olhar atentamente não somente para os traços fisionômicos daquele que, muitas vezes, lhe sorri, sem a mínima vontade de fazê-lo...
Por exemplo, numa cidade grande, qual São Paulo: você se aproxima para solicitar alguma informação de um transeunte desconhecido, e ele, de imediato, se retrai, chegando mesmo a esboçar certo recuo físico, temendo a sua presença estranha – teme ser agredido, assaltado... Se educado o bastante para lhe esboçar alguma resposta breve, mais que depressa ele se afasta de você!
Não é assim que acontece em algumas ocasiões?!
Mesmo nas cidades de menor porte – interioranas –,você, estando doente, procura atendimento médico numa UBS – quase sempre, quem lhe atende não se mostra sensível à sua dor – preenche uma ficha quase sem olhar para você, ou, o que já seria muita deferência, lhe dirigir qualquer palavra de conforto.
O espírito em evolução é um ser estranho –estranhíssimo! As suas reações psicológicas são as mais imprevisíveis, e, quase sempre, ditadas por um profundo egoísmo que o desfigura.
O espírito parece uma ameba, que, do lado em que é estimulada em seu corpo unicelular, emite um pseudópode – alonga-se, para, em seguida, se contrair, feito uma lesma gosmenta.
Transfigura-se constantemente – é um ser mímico, ainda sem cara definida, e mesmo individualidade – cheio de personalidades que se sobrepõem umas às outras, mas ainda em busca de sua identidade real.
Impressionante reparar um espírito, seja no corpo ou fora dele, agindo e reagindo segundo os seus interesses exclusivos –impressionante vê-lo dizendo uma coisa e pensando em outra, sendo que mesmo sobre o que esteja pensando não é o que ele verdadeiramente pensa!
Impressionante conversar com uma pessoa sem conseguir lhe ver a face – porque, por detrás de sua mímica facial, ela não se lhe mostra como é – com a sua mente a orbitar ao redor de aspirações que podem estar localizadas a centenas e centenas de quilômetros dali! (Disse-nos Jesus: “Onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração.” Quer dizer: onde estiver o seu interesse, estará o seu espírito.)
Inútil, pois, que alguém, ao se lhe identificar, mostre a carteira de identidade, com foto, nome, filiação, data de nascimento, etc e etc, porque ela não é nada daquilo – aquilo é apenas uma cobertura de glacê sobre um bolo, que pode, ou não, ser palatável...
Sei que também eu sou assim, e, por saber que assim sou, estranho a mim mesmo, em minha quase incontrolável volubilidade espiritual– algo que, por falar, gritantemente, de minha imperfeição, me entristece imenso.
Ah, como é difícil ser transparente – deixar de fingir ser o que não se é! Como é difícil ser fraterno, e não apenas aparentar fraternidade!...
Você já viu, numa chocadeira, um pintainho morto dentro da casca do ovo?! - aquele embriãozinho encolhido e feio, sanguinolento, parecendo um aborto da Natureza?!
É assim que, espiritualmente, ainda somos...
Dentro do ser humano, por enquanto, há muito mais da víbora, da pantera, enfim, do animal que ele já foi que do homem que ele precisa e deve ser.
Faça tal exercício, e, comigo, entristeça-se de nossa ainda tão miserável condição espiritual – a de quem sequer possui uma face definida!...
INÁCIO FERREIRA - Blog Mediunidade na Internet
26.6.25
Comentário Questão 776 do Livro dos Espíritos
A diferença é sutil, mas muito profunda entre o estado de natureza e as leis naturais. Estado de natureza é o ambiente em que vivem os primitivos, de modo que o progresso é tão lento que não dá para perceber o seu impulso, enquanto as leis naturais são perfeitas e imutáveis, por serem feitas pela Perfeição. Os Espíritos é que vão despertando, pela força do tempo e do espaço, alcançando as leis de acordo com a sua evolução. Isso é belo, desde quando possa ser entendido em Espírito e verdade.
A Doutrina dos Espíritos é capaz de levar ao homem essas verdades, pela simplicidade dos escritos, para que todos encontrem a si mesmos, em plena eternidade, desfrutando da vida e multiplicando esperanças.
O estado de natureza é o princípio, o ponto de partida da civilização, ao passo que a lei natural compartilha firmemente com o progresso, em todas as suas direções de crescimento espiritual. O estado de natureza é o abrir dos olhos da humanidade, porém, esta, tendo de progredir, deixa o estado primitivo e avança, com alegria, em direção ao que lhe possa abrir a mente para a verdadeira felicidade.
O homem não foi criado para viver sempre no estado de natureza. A beleza da vida se encontra no avanço, porque cada dia é um novo dia, com novas luzes. O estado de natureza é, pois, o embrião que Deus abençoou, para que dali partisse o progresso por todos os lados, levando e fazendo vida dentro da luz compatível com o tamanho da alma.
As qualidades que temos no centro da vida, depositadas por Deus, vão desabrochando como que por encanto, queiramos ou não, e a alma sentir-se-á mais ocupada com a co-criação, sendo auxiliar de Deus na expansão do universo. Nada regride na vida, sempre cresce, e as leis vão ficando cada vez mais visíveis para quem avança com o progresso espiritual.
A Doutrina Espírita vem repetir a palavra de Pedro, que encontramos em Atos dos Apóstolos, capítulo três, versículo seis:
Pedro, porém, lhe disse:
Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou:
Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!
O Espiritismo é formado de vozes, pela força divina, falando a mesma coisa com as criaturas paralisadas pela doença que se chama ignorância. Mas, a sua voz é forte, pelo verbo do Cristo, dizendo:
- Nada tenho de material, mas o que tenho, isto te dou: Levanta-te e anda!
- Os espíritas devem se levantar do ambiente negativo e aprender com Jesus todas as ciências da vida, que se encontram no amor, naquele amor que a tudo serve, que a tudo perdoa, que a tudo alegra no bem para a humanidade, que a tudo ensina, formando da força da caridade, o seu ambiente de vida.
A Doutrina dos Espíritos vem tirar o homem do estado de natureza, para colocá-lo frente à razão e essa descobrir a verdade que o tornará livre. Aquele estado de natureza é transitório, mas necessário, onde o ser humano descansa e se prepara para o avanço com o progresso.
Livro Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez.
25.6.25
BOCADOS
Serve com desinteresse
A quem serve ao deus-dará.
Quem dá para receber,
De fato, não deu nem dá.
*
Ajudante aqui e ali,
Sê bondoso e diligente.
Auxilia duas vezes,
Quem ajuda prontamente.
*
Faze planos, mas trabalha
Com fé, segurança e paz.
Quem não marcha para a frente
E’ sombra vagando atrás.
*
Modera o temperamento,
Seja na fala ou na escrita.
O sábio conversa baixo,
O bruto reclama e grita.
*
Não faças do próprio ventre
Caminho às trevas da prova.
Aquele que come muito,
Faz da boca a própria cova.
*
Fala, ouve, age e reflete,
Mas prossegue construindo.
Há muita língua falando,
E poucos braços agindo.
*
Aquele que nada pensa,
Realmente, não se cansa.
Mas não chega a fazer nada,
Nem nada na vida alcança.
(*) Órfão de pai aos sete anos, tendo cursado apenas as primeiras letras em escolas primárias, Casimiro Cunha, depois de haver uma vista aos 14 anos por acidente, cegou da outra aos 16. Adolescente, ainda, colaborou na impressa vassourense. Desde que se tornou espírita confesso, estendeu aos periódicos espiritistas, principalmente ao Reformador, a sua produção poética. Foi um dos fundadores do Centro Espírita “Bezerra Menezes”, de Vassouras. Mário Cis era o pseudônimo que ele comumente usava. Prefaciando o primeiro livro do poeta – Singelos -, M. Quintão chegou a afirmar que ele “fechara os olhos às misérias da Terra, para melhor entrever as belezas do Céu”. Jamais se lhe ouviu dos lábios um queixume, uma palavra de revolta. Era a resignação em pessoa. “Alma feita de luz,” – afirmou-o Armando Gonçalves (Colar de Pérolas, pág. CXXVI) – “é um dos mais vigorosos literatos que enchem de orgulho o torrão fluminense.” (Vassouras, Estado do Rio, 14 de Abril de 1880 – Vassouras, 7 de novembro de 1914.)
BIBLIOGRAFIA: a) do homem terreno: Singelos; Efêmeros; aves Implumes; Pétalas; Perispíritos; Álbum de Delba, póstumas.
b) do poeta desencarnado: Cartas do Evangelho; cartilha da Natureza; História de Maricota; Gotas de Luz – todas pelo médium Francisco Cândido Xavier; Juca Lambisca e Timbolão – pelos medianeiros desta Antologia.
13. Leia-se in-com-preen-sões,com sinérese.
18. Ler no/ ar, em duas sílabas.
83. Cf. a nota nº. 13 deste capítulo.
114. Note-se a mestria com que o poeta se serviu do bordão: “Simplifica, simplifica.”
162. Leia-se com as, em uma sílaba (Ectlipse).
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
24.6.25
Mensagem publicada na página 04 da Gazeta de Limeira em 24/06/2025
EXTENSÃO DA MATÉRIA
A
dimensão da matéria é difícil de ser explicada, por escapar das deduções que o
pensamento humano pode atingir. A matéria bruta que podes apalpar, sentir e
cuja forma podes ver é, pois, a mais baixa vibração que o agregado de energia pode
tomar. Às vezes, dois corpos materiais podem ocupar o mesmo lugar, por estarem
cada um em uma dinâmica vibratória. A ciência provou que a própria luz é
matéria, pela curvatura que faz ao passar por corpos sólidos. O próprio
perispírito tem muito de matéria. Mesmo dentro da sua sutileza e para ser
intermediário do Espírito ao corpo, é necessário que tenha nuances de matéria
com antimatéria. Tudo que existe é concentração de energia concentrada por lei
de afinidade, sob a ação da vontade de Deus. Se o macro é infinito no seu
avanço cósmico, o microcosmo tem o mesmo destino. Tudo no mundo material e
espiritual se encadeia, por fios tenuíssimos, imperceptíveis pelos homens e que
a própria ciência desconhece. A própria aura que circunda os corpos físicos é matéria
quintessenciada, em vibrações tais, que chegam a causar luminosidade em torno
dos corpos físicos de onde ela promana. E um empuxo do progresso das formas,
que alcança outro estado de existência. O Espírito desce na matéria palpável e
visível, em busca de seu desprendimento e, para tanto, usa como laço
intermediário a própria matéria purificada. Por que isso? Devemos responder que
ainda é segredo que se esconde, por respeito a nossa evolução. O que podemos
dizer, para que não fique sem resposta, é que o Espírito reencarna porque Deus
quer e acha conveniente.
Filosofia Espírita L.E.22 – João N. Maia
– Miramez – Toninho Barana
23.6.25
Espiritismo em Queda - (II)
Quando o Espiritismo, como Doutrina Codificada, chegou ao Brasil, em meados de 1865, o Codificador ainda se encontrava encarnado, vindo a desencarnar em 1869, quase quatro anos depois.
Podemos, no entanto, dizer que o Espiritismo, em França, teve uma existência fugaz, de 1857 a 1869, porquanto, em 1870, a França, entrando em guerra com a Prússia, tudo começou a dificultar, com vários espíritas franceses, tendo sido convocados a lutar, perdendo a vida no corpo físico.
Logo em seguida à guerra Franco-Prussiana, que terminou com a vitória da Prússia, hoje Alemanha, aconteceu o rumoroso Processo dos Espíritas, em Paris, em 1875, envolvendo Leymarie, fraudando fotografias espíritas.
O Processo dos Espíritas, sem dúvida, foi a pá de cal no Espiritismo em França, e Europa – Chico Xavier dizia que Leymarie havia sido o “coveiro” do Espiritismo na França, pelo descrédito a que lançou a Doutrina nascente, tendo ele mesmo, Leymarie, que dirigia a “Revue Spirite”, sido condenado a um ano de prisão, de abril de 1875 a abril de 1876.
De 1914 a 1918, tivemos a Primeira Grande Guerra Mundial, com a França novamente sendo invadida, e, embora os esforços de León Denis e Gabriel Delanne, legítimos seguidores de Allan Kardec, o Espiritismo, como Movimento, tornou a decrescer, passando, daí em diante quase à inexistência, com poucos Centros Espíritas em funcionamento.
Atualmente, na pátria do Prof. Hippolyte León Rivail, ao que sabemos poucos grupos espíritas estão em funcionamento, com pouquíssimos frequentadores, e desses pouquíssimos, a maioria é de brasileiros radicados na França.
Exilando-se no Brasil, a partir de 1865, notadamente, em Salvador e Rio de Janeiro, o Espiritismo começou a florescer, com essa belíssima história sendo contada pelo espírito Humberto de Campos, em seu excelente “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”.
Com os pioneiros do Espiritismo no Brasil, a partir de Luís Olímpio Teles de Menezes, a Doutrina ganhou novo fôlego, alcançado o seu ponto mais alto com o surgimento de Chico Xavier, em 1927, já publicando, em 1932, o célebre “Parnaso de Além-Túmulo”.
Desencarnando em 2002, portanto há 23 anos, Chico Xavier deixou ao Espiritismo um legado extraordinário, tanto no campo bibliográfico quanto no de sua vivência de verdadeiro Apóstolo do Cristo.
Todavia, após a desencarnação de Chico, despontaram os candidatos à sua sucessão, inclusive, com a Federação Espírita Brasileira, sendo apontada em livro publicado por ela mesma, como sendo a “reencarnação” de Allan Kardec – um absurdo sem precedentes, difícil até de ser crido!...
Começou, então, a era do denominado Movimento de Unificação com os seus Órgãos se arvorando em líderes do Movimento, e elitizando a Doutrina, tendo como seu inspirador um médium recentemente desencarnado.
O Movimento, até certo ponto, se multiplicou em número, mas começou a perder em qualidade, e, perdendo em qualidade, teve início a evasão que hoje se percebe nas pesquisas do IBGE, datadas de 2022, principalmente pela rivalidade que entre os adeptos da Doutrina se estabeleceu, ao ponto de os espíritas, segundo uma autoridade religiosa, terem se “tornado inimigos íntimos.”
O Espiritismo, claro, não se prima pelo proselitismo de arrastamento, contudo, grande parte dos espíritas passou a professar a fé com personalismo, vaidade, ambição pelo poder, e, consequentemente, falta de humildade e esquecimento da exemplificação, que, sintetizados no “Fora da Caridade Não Há Salvação”, sempre foram a frente de combate da Doutrina ao se opor ao materialismo.
Esperamos que, no Brasil, o Espiritismo não tenha uma duração tão efêmera quanto em França, embora, apenas a título de recordação, em Israel, terra onde nasceu Jesus, hoje apenas 2% da população se diz cristã, sendo que, desses 2%, cerca de 80%, são de cristãos-árabes.
INÁCIO FERREIRA - Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 22 de junho de 2025.
MILAGRES
MILAGRES no Espiritismo, são compreendidos como fenômenos naturais, embora ainda não totalmente explicados pela ciência oficial. A Doutrina Espírita não nega a ocorrência de eventos extraordinários, mas os explica dentro das leis da natureza, sejam elas conhecidas ou desconhecidas pela ciência. O Espiritismo propõe que esses fenômenos, como os relatados nos Evangelhos, são resultado de causas naturais, muitas vezes envolvendo fluidos espirituais e as faculdades da alma.
O que o Espiritismo diz sobre os milagres:
Eventos Extraordinários:
O Espiritismo reconhece que existem fatos que parecem milagrosos, mas que podem ser explicados através do conhecimento das leis naturais e do estudo das propriedades do perispírito e da mediunidade.
Leis da Natureza:
A Doutrina Espírita baseia-se na ideia de que Deus rege o universo por leis imutáveis, e que os eventos, mesmo os mais extraordinários, são manifestações dessas leis.
Causas Naturais:
O Espiritismo sugere que os chamados milagres podem ser efeitos de causas naturais ainda desconhecidas pela ciência oficial, mas que podem ser estudadas e compreendidas.
Fluidoterapia e Mediunidade:
O Espiritismo estuda e utiliza a fluidoterapia e a mediunidade, que são exemplos de como a ação dos espíritos e o uso de fluidos podem influenciar a saúde e outros aspectos da vida, podendo ser confundidos com milagres.
Exemplos Evangélicos:
O Espiritismo analisa os milagres descritos nos Evangelhos, como curas e transformações, como exemplos de fenômenos que podem ser explicados através do conhecimento das leis naturais e da ação de espíritos.
Em resumo, o Espiritismo não nega a ocorrência de eventos extraordinários, mas os explica dentro das leis da natureza, enfatizando que a compreensão desses fenômenos pode ser alcançada através do estudo da mediunidade, fluidos espirituais e outras causas naturais.
Milagres Existem? - Seara Bendita.
22.6.25
A Mensagem
Pois bem, é o que se sabe, certa vez atendi um senhor de nome Manoel. Ele me trazia uma mensagem de longe, de alguém que gostaria de falar comigo, mas que não tinha a menor possibilidade. Seja por causa da distância, seja porque já não estava lá muito bem das pernas.
Ele me trouxe um papel rabiscado, muito simples, mas com letras garrafais, ao qual coloquei-me a ler.
Era um recado. Dizia que eu tivesse cuidado com essa tal de ditadura. “Esses home, Dom Helder, não é de brincadeira não. Se der um motivo e num tomar cuidado eles ferram a pessoa. Tome cuidado!” e assinava o bilhete, mais que uma carta.
Li e sorri diante do cuidado dispensado por ele a mim, de alguém bem distante, mas que se preocupava com este padre.
Agradeci ao portador e fiz também outro bilhete:
“Meu querido irmão Manoel que Deus te abençoe! Fiquei muito lisonjeado com a sua mensagem. Pode deixar, vou tomar cuidado sim. Oremos a Deus por eles, “eles não sabem o que fazem”.
Não soube mais nada sobre o Manoel desde então e continuei a tocar a minha vida normalmente.
Naquela época, todos sabem, eu era fichado pelo SNI. Era o padre vermelho...Ainda riu dessas coisas hoje. Eu, vermelho? Deixa prá lá.
Pois bem, do lado de cá da vida, certo dia, deparei-me com um senhor de trajes simples e uma pá nas mãos. Cuidava esmeradamente de um jardim. Ele me parou e pediu para falar comigo.
- Pois não, meu irmão, o que posso lhe servir?
- O senhor não me conhece, mas eu conheço o senhor e conheço muito bem.
- É, quando eu estava “lá embaixo” eu me tornei bem exposto. Muita gente me conhecia, mas quem é o senhor? Eu lhe conheço?
- Conhece não, Dom Helder, eu sou o Manoel. Sou a pessoa que um dia lhe mandou uma mensagem para que o senhor tivesse cuidado com a ditadura.
Parei um pouco para pensar e com algum esforço me lembrei do bilhete surrupiado.
- Que bom lhe conhecer pessoalmente, seu Manoel. Obrigado, mais uma vez, pelos seus cuidados. O senhor foi muito importante para aumentar ainda mais a minha vigilância com aquela gente.
- Eles eram perigosos, Dom Helder! Se não rezassem na cartilha deles, eles davam um jeito de desaparecer com a pessoa. Gente esquisita aquela...
- Pois é, meu bom Manoel. Eu tinha uma convicção naquela época que tenho até hoje. Por mais que alguém deseje fazer alguma coisa comigo não me levará distante dos braços de Deus, então eu ficava despreocupado, mas vigilante.
- Gostei dessa sua prosa, Dom Helder. É verdade! Ninguém pode ir mais longe do que estar nos braços de Deus.
- Aquela gente, Manoel, não sabia o que fazia. Muitos cumpriam ordens porque era o emprego deles. Coitados. Às vezes, não concordavam com nada que tinha que fazer.
- Mas fizeram muito mal a muita gente, Dom Helder. Vixe, Maria!
- Deixa prá lá, esse tempo já passou, se bem que tem gente que ainda hoje tem saudade daquele tempo e quer repeti-lo novamente.
- E gente que não sabe o que é liberdade de verdade. Acha que todo mundo tem de pensar de um jeito só e que gente que pensa diferente está errado. Não dá para pensar mais assim, Dom Helder.
- Também acho, Manoel, também acho. Que bom encontrá-lo. Agora que você pode andar direito, quando quiser, é só me procurar. Moro naquele convento grande. É só chegar que a gente leva outra prosa dessa.
- Vou mesmo, Dom. O senhor é bom de conversa.
Parti daquela conversa em reflexão. Ora, tem gente, realmente, que não aceita um pensamento que é diferente do seu. Não suporta uma pessoa que pense diferente dela. Eu sempre pensei o contrário, se alguém pensa diferente de mim serei eu que ganharei com aquele modo diferente de pensar porque me remeterá a lugares não imaginados pela minha mente, mesmo que eu não concorde.
Vocês que estão por aí, creio que este será um tempo de aprender muito sobre isso. Esta tal alteridade como se defende hoje. Respeitar e tolerar o outro que pensa diferente de você e mais: tentar fazer com ele um pacto de paz na diferença.
Eita, que ótimo desafio, não?
A gente só cresce ouvindo e compreendendo o contraditório. Quando nos relacionamos com as pessoas que pensam exatamente como a gente não crescemos, apenas reforçamos nosso ponto de vista.
Estas redes sociais de hoje estão criando um bando de grupelhos intolerantes e de mentalidade única. Sem diálogo com a diferença, sem crescimento do modo de pensar. É um perigo isso.
Até outra oportunidade, se Deus quiser!
Helder Camara - Blog Novas Utopias
21.6.25
Trovas de Alegria
Destilando o mal a esmo,
É cauda de escorpião
Envenenando a si mesmo.
*
A vida de muita gente
É semelhante à da aranha.
Que quanto mais tece a teia,
Mais na teia se emaranha.
*
Quase sempre, é preferível
Ao da lebre que se estuga,
Seguir no caminha a frente
A passo de tartaruga.
*
Fofoca que se alimente
Da voz de quem fala baixo,
É comparada ao cupim
Que a casa coloca abaixo.
*
Por mais lutes, não te esqueças
Que ter nas mãos muitos calos,
E bem melhor do que ter,
Na cabeça, muitos “galos”...
*
Se não pode ser o Sol
Que tudo aclara em seu lume,
Procure ao menos, na estrada,
Ser a luz de um vaga-lume.
*
Embora na paraíso,
Diz a Bíblia claramente
Que o drama de Adão e Eva
Começou com um serpente...
*
Com referência à Verdade,
Para não fitar-lhe a luz,
Há quem se esconda no mundo
Como se fosse avestruz.
*
Os homens formam, na Terra,
Um rebanho por inteiro,
Entretanto, a maioria
É mais lobo que cordeiro.
*
Se alguém te fere e abandona,
Deixa que siga o seu curso...
É melhor estar sozinho
Do que ao pé de “amigo urso”.
*
Mensagem que a vida encerra
E proclama em grande estilo:
Para quem cumpre o dever,
A morte nunca tem “grilo”.
*
Foi por receio da história
Da cigarra, a pobre amiga,
Que quis renascer poeta
Tendo o nome de Formiga.
Formiga/Baccelli - blog Espiritismo e Prosa e Verso.
Grupo Espírita da Prece
Uberaba – MG, 18-11-89
19.6.25
RELAXAMENTO DOS LAÇOS
RELAXAMENTO DOS LAÇOS
O relaxamento dos laços de família seria para a sociedade um desastre moral, capaz de reconduzi-la ao primitivismo. O que aconteceria ao corpo se desfizéssemos os órgãos que o compõem? Certamente que seria a morte.
Avançar é a meta de todos nós e, para tanto, necessário se faz que entremos em novos métodos de vida. Quem cresce, amplia suas necessidades, desperta seus dons e essas qualidades devem ser acionadas nos seus devidos sentidos.
Certamente que, pelos caminhos do desenvolvimento, não encontraremos apenas suavidade; observemos os grandes personagens da história; todos eles sofreram a incompreensão dos conservadores, 'daqueles que amam mais o comodismo, que se sentem bem na ociosidade, sem esforço próprio, que não desejam crescer e são contra o progresso. Quem deseja progredir, deve preparar-se para sofrer, pois os mesmos fariseus e escribas estão por toda parte, contra as idéias do progresso, tanto material como espiritual, ou mesmo moral, das criaturas.
Quem se apega somente em combater o erro alheio, nada apresenta em favor dos que padecem. Eles desejam defender aquilo que eles mesmos desconhecem. Eles, como diz a sabedoria popular, "coam um mosquito e engolem um camelo".
A família é o alicerce da sociedade. Nela se assenta a base da harmonia dos povos. Como preparar homens de valor para o amanhã, sem essa base? Criança sem orientação é marginalização à vista. Os governos de amanhã deverão, por necessidade do próprio povo, investir nas famílias para a educação e instrução das novas gerações.
No Evangelho podemos encontrar todas as respostas para a nossa paz, ainda que, muitas vezes, de maneira sutil para a nossa fraca percepção:
Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão. (Lucas, 24:35)
Jesus acompanhou os dois discípulos no caminho para Emaús, conversou com eles, mas somente deu conhecimento de quem era quando estava dentro do lar, partindo o pão. Devemos compreender que somente na família podemos saciar a fome de amor e reconhecermos, nesse estágio em que se encontra a humanidade, a Jesus. Ele se encontra dentro de todos os lares, para nos ensinar os princípios do amor.
Desfazer a família é desorientar a humanidade. O combate ao egoísmo começa no lar, porque ali passamos a nos interessar uns pelos outros, já com certo desprendimento. Esta é a verdade. Como criar filhos com bom comportamento, sem a presença dos pais, sem o aconchego dos companheiros em família? Deus fez o homem e a mulher para que os dois iniciassem um mundo dentro de casa, representando todo o universo dentro de um lar.
Embora já tenhamos falado muitas vezes, tornamos a dizer: ninguém consegue viver sozinho, em parte alguma. Todos precisam de todos para se completarem rumo à felicidade. Se queremos ser felizes, trabalhemos para a felicidade dos que viajam conosco no grande caminho da vida. Que Deus nos abençoe, para entendermos as Suas leis, que palpitam em toda parte, e têm o poder de nos libertar, com a liberdade em Jesus Cristo.
Livro Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez.
18.6.25
BAGATELA
O vento corre uivante e desempedra
Alvo seixo engastado na montanha
A pedra solta cai sobre outra pedra,
Brotam faíscas de uma luz castanha...
Novo golpe do vento e o fogo medra
Na alfombra ressequida, em doida sanha...
Há luta que se alteia e se desmedra
No incêndio arrasador em fúria estranha..
Mais forte zune o vento e a tudo encrispa,
10. Sobem chamas cruéis de chispa em chispa...
O homem chora a perdida sementeira...
Também no mundo é assim... Por bagatela
13. Surge a paixão que se desencastela,
14. Queimando a safra de uma vida inteira
...
(*) Para Manuel Bandeira, RC “certamente é o maior artista do verso que já tivemos”. “O maior dos parnasianos”, afirma Agripino Grieco – “e um dos poucos que tiveram íntima sensibilidade, foi Raimundo Correia”. Exerceu cargos de magistratura, administração e diplomacia, e foi professor da Faculdade de Direito de Ouro Preto. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Ronald de Carvalho (Pequena Hist. Lit. Bras., pág. 295) declara que o poeta, “por suas tendências à meditação e seu entranhado amor aos problemas íntimos da consciência, ficou mais perto da anima rerum que os seus companheiros. “Em sua arte poética existia algo de nobre e superior, dentro de uma emoção nunca transbordante, mas sempre vigiadas pelo senso crítico.” (A. Lins e A. B. Hollanda, Rot. Lit., II, pág. 611). (A bordo do vapor brasileiro San’Luiz, barra de Mangunça, Município de Cururupu, Maranhão, 13 de maio de 1859 – Paris, 13 de setembro de 1911).
BIBLIOGRAFIA: Primeiros Sonhos; Sinfonias; Versos e Versões; etc.
10. Observe-se a onomatopéia, acentuando a idéia de incêndio: “chamas cruéis de chispa em chispa.../ O homem chora...
13. “Surge a paixão que se desencastela”. Este decassílabo sáfico com acento secundário na 8ª sílaba, conquanto venha de um parnasiano, não constitui inovação na poética de Raimundo Correia. Pelo menos é o que depreendemos dos exemplos seguintes, colhidos em sua Poesia Completa e Prosa:
- “Por sobre as águas indolentemente” (Verso 14º do soneto “Ofélia”, páginas 145-146);
- “De escuma, e raios e fosforescências...” (Verso 18º do poema “O Dia acorda”! Deus por uma fresta”, de Versos e Versões, pág. 190)
- “Vi-te no céu; e enamoradamente,” (Verso 2º do soneto “Beijos do Céu”, pág. 301)
14.O tema deste soneto – “Bagatela” – corresponde às características apontadas por Péricles Eugênio da Silva Ramos, sobre a poesia de RC: “As características de sua poesia são, pelo fundo, um agudo sentimento da transitoriedade das coisas e insolúvel pessimismo; e, pela forma, perceptível senso das virtualidades vocabulares. Sempre foi considerado um dos grandes do parnasianismo; e não há por que rever essa posição” (Pan. III, págs. 77-78)
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
17.6.25
Mensagem publicada na página 04 da Gazeta de Limeira em 17/06/2025
ATIVIDADE DE DEUS
Deus
jamais ficou, fica ou ficará inativo. Não podemos conceber um Deus sem ação
dentro da sua criação; Ele é o sol espiritual mantenedor de todas as vidas e a
Ele estamos ligados. Quando falamos que Deus criou o universo, é por faltar em
nossa linguagem o verdadeiro significado de criação. Se Ele criou, onde buscou
o princípio da formação das coisas? Essa é uma fórmula que Ele não achou
conveniente que os homens soubessem. Nesse campo profundo, somente os Espíritos
puros, altamente evoluídos, têm notícias dessa ciência espiritual. A matéria
existe, desde a eternidade, como Deus? Somente Ele o sabe, nos informa o
"Livro dos Espíritos". Só podermos dizer que a idade da matéria se
perde para nós, na noite dos milênios incontáveis. Há segredos que ficarão sem
serem desvendados, por nos faltarem sentidos e capacidade para suportar as
revelações e saber fazer uso das belezas imortais, dos valores do Espírito. O
éter divino é sensível ao nosso caráter, como também grava as nossas
deficiências. O santo o usa pela força do amor e da caridade para ajudar,
servindo todas as criaturas que carecem de amparo e de socorro. É bom e justo
que pensemos que não existe nada separado de Deus, pormenorizar as atividades
de Deus é salientar a nossa ignorância acerca d'Ele, pois, somente Ele se
conhece. Nós ainda temos de adentrar as primeiras sendas do conhecimento de nós
mesmos, para depois começarmos a pensar, estudar e compreender o livro da
natureza, onde os atributos da Divindade estão em evidência. As portas pelas
quais deveremos entrar para nos conhecer são ensinadas por Jesus Cristo, no seu
Evangelho. A vivência dos preceitos que Ele nos ofereceu nos faz compreender o
que se deve pensar acerca de Deus e da Sua Criação.
Filosofia Espírita L.E.21 – João N. Maia
– Miramez – Toninho Barana
16.6.25
Espiritismo em Queda? – I
A confiar-se na pesquisa apresentada, podemos, sim, emitir o nosso parecer a respeito do assunto, começando por dizer que, infelizmente, desde 2002, portanto há 23 anos, quando Chico Xavier desencarnou, observamos uma mudança nos rumos do Movimento Espírita.
O Espiritismo nunca esteve, não está e jamais estará em queda como Doutrina de Tríplice Aspecto, de vez que, com o avanço da Ciência, muitos de seus postulados vêm sendo confirmados e haverão de sê-lo cada vez mais.
Na revivescência do Cristianismo, o Espiritismo, conforme no-lo dizem os Espíritos Superiores, está em a Natureza, e sempre existiu, posto que seja um conjunto de Leis Naturais reveladas aos homens.
Agora, realmente, o Movimento Espírita tem sido atualmente negativo para a divulgação do Espiritismo, porquanto, em advertência feita pelo próprio Chico Xavier, ele vem enveredando pelo caminho do Elitismo, esquecido de suas funções de Consolador Prometido.
Em sentença atribuída a León Denis, um dos continuadores de Kardec, foi dito com clareza: “O Espiritismo será o que dele fizerem os homens”. De minha parte, substituiria a palavra homens pelo termo espíritas.
E, infelizmente, é o que temos visto acontecer, porque o Movimento centralizou-se, fez com que o Espiritismo, praticamente, saísse da periferia das cidades, que foi onde ele cresceu – Jesus pregou o Evangelho no meio do povo, e foi o povo que, durante trezentos anos, pereceu em seu testemunho.
Temos, igualmente, observado muitos Centros Espíritas, para angariar adeptos, cedendo a práticas estranhas à Doutrina, misturando, por exemplo, o passe com o reike, sem mencionarmos o personalismo que vem levando dirigentes espíritas a fazerem um Espiritismo à sua maneira ou à moda de seus “guias”.
O que falarmos de oradores e médiuns que se valem de suas faculdades procurando apenas e tão somente holofotes, transformando as suas apresentações em verdadeiras apresentações circenses?!
Os grupos espíritas, com exceções, são quase rivais uns dos outros, não apoiando as iniciativas doutrinárias que são promovidas para a comunidade, chegando uns a proibirem, ou, então, a pedirem contas porque o frequentador de “seu” Centro foi prestigiar o evento organizado pelo outro Centro.
Ora, sabemos que a Doutrina Espírita, no dizer de Emmanuel, “é processo libertador de consciências”, e estamos, nos dias que correm, atravessando uma hora de transição, uma época de consumismo na qual prevalece o imediatismo das pessoas também no campo espiritual da Vida – as pessoas, em geral, querem ter os seus problemas equacionados, querem obter a cura de suas mazelas, querem que os seus negócios materiais prosperem, e por aí afora. Poucos são os que, realmente, se interessam pelo processo de renovação íntima, que também, em face do materialismo que impera na sociedade, é um grande obstáculo, mormente quando os expositores da Doutrina não sabem tratar dos assuntos cotidianos à luz do Espiritismo.
E o que dizermos do esquecimento, a partir de nossos chamados órgãos unificadores, da criança e do jovem, que quase não têm espaço nas Casas Espíritas?! – e dos pais espíritas que sequer cogitam de realizarem o Culto do Evangelho no Lar?!...
Repetimos o que já dissemos algumas vezes aqui mesmo no espaço deste Blog: está passando da hora de voltarmos as nossas vistas e a nossa atenção para a Evangelização Infantil e para a Mocidade Espírita, e dando menos espaço à mediunidade incipiente de tantos confrades e confreiras, que, mal tendo começado a exercitar-se, por exemplo, no campo da psicografia, já querem editar os “seus” trabalhos.
Para não nos estendermos em nosso parecer, voltaremos, quando oportuno, a dele tratar, esperando que, sem defender o chamado proselitismo de arrastamento, os espíritas que somos comecemos, com urgência, nos submetermos a uma autocrítica no que tange ao Movimento, em vez de gente querendo atualizar a linguagem de Allan Kardec e outros quejandos, no mínimo, estranhíssimos.
Que falta faz Chico Xavier!...
INÁCIO FERREIRA - Blog mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 15 de junho de 2025.
15.6.25
O ESPÍRITO DE SISTEMA E AS NOVAS VERDADES
Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis um homem glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! E contudo a sabedoria é justificada pelas suas obras". (Mateus, XI, 18-19.)
"Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mundo falava e via. E toda a multidão, admirada, dizia: este porventura, o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expele os demônios senão por Belzebu, chefe dos demônios". (Mateus, XII, 22-24.)
O mundo não tem progredido senão à custa de lutas e sofrimentos. Todas as novas descobertas, todas as grandes verdades, todos os grandes homens não tem conseguido exercer a sua missão no nosso planeta senão com grandes sacrifícios e depois de uma luta terrível contra o espírito de ignorância, que ensombra todas as camadas sociais!
Percorrendo atentamente as páginas dos Evangelhos, vemos a luta incessante que Jesus sustentou contra o espírito de sistema que compunha, não só a classe sacerdotal, mas também a classe doutoral do seu tempo.
Nos Atos dos Apóstolos acham-se narradas as perseguições que sofreram os discípulos do Mestre nazareno, que também enfrentaram não menores lutas com os "sábios" daquela época.
Mas não foram só eles que se sacrificaram neste mundo em que os grandes são os depositários das crenças avoengas.
Cada jato de luz que vibra na mansão das trevas agita os ignorantes sistemáticos, assim como os lampejos do Sol alvoroça os morcegos e as corujas que só se comprazem com a noite.
A árvore secular das ideias sistemáticas e preconcebidas dos nossos avós não pode cair com um ligeiro sopro, assim como a árvore dos bosques não cai ao primeiro golpe do machado; é preciso muitas "machadadas" e grande trabalho para arrasar a floresta inculta das concepções humanas. E o progresso não se faz de uma vez; vem paulatina, gradativamente, presenteando-nos com suas generosas dádivas, para que, ofertando aos poucos seus inestimáveis dons, nos tornemos afeitos ao trabalho e ao estudo, fonte principal de todo o entendimento humano.
Que tem sido a vida de todos os grandes homens que nos tem legado o bem-estar que agora possuímos? Aí está a História, de cujas páginas não se poderá excluir uma só letra, e que demonstra o quanto pode o espírito de classe, os conservadores de rotina unidos aos poderes conjugados do papado.
Disse um sábio contemporâneo, falando de Allan Kardec: "Aquele que se adiantou cem anos a seus contemporâneos, precisa de mais cem anos para ser compreendido".
Esta verdade se reflete em todas as épocas históricas.
Antes do Cristo, Sócrates havia sido consumado pela cicuta, por causa da sua doutrina, precursora do Cristianismo. E depois do Cristo, quantos suplícios infligiram aos apóstolos, quer no ramo da Ciência, quer no ramo da Religião! É quase incalculável o número de mártires que passaram pelo batismo da perseguição.
Galileu teve de reparar a "insólita pretensão" que teve de ver a Terra girar em torno de seu eixo, fato este ensinado atualmente no mundo todo e abraçado pela Congregação Papalina, que, afinal, abjurou a crença antiga de "parada do Sol por ordem de Josué".
Giordano Bruno foi queimado vivo por afirmar a existência de outros mundos.
Bailly, o célebre astrônomo francês, e Lavoisier, o grande químico, foram guilhotinados durante a revolução Francesa; Priestley, pai da Química Moderna, viu incendiada a sua casa e destruída a sua biblioteca, entre exclamações da população inconsciente: "Não queremos mais filósofos!"
Com grande dificuldade lutou Cristóvão Colombo para nos deixar este grande legado, a América, onde nascemos, donde tiramos o pão cotidiano, e onde atualmente vivemos!
Quando Arago apresentou à Academia o seu trabalho sobre a navegação a vapor, levantou-se uma tempestade tão grande que quase a sua descoberta naufragou entre apupos e maldições da gente sábia!
A Lei da Gravitação foi considerada uma heresia, uma blasfêmia contra os ensinos ortodoxos, e Newton não pode escapar ao desprezo de grande número dos seus contemporâneos.
Os estudos da eletricidade dinâmica, feitos por Galvani, foram repelidos pelo mundo; entretanto, todos nós hoje gozamos, não só desta descoberta, como também de todas as que nos proporcionam comodidade e bem-estar.
É que a verdade termina sempre pelo triunfo, e quando ela começa a iluminar, os obstáculos não conseguem senão retardar-lhes a marcha, mas chegando o termo, vem a vitória!
Quanto tempo levou em lutas o magnetismo, antes que os sábios lhe abrissem as portas das academias?
Mas os fatos se impunham e a verdade conseguiu triunfar na luta que lhe moviam seus perseguidores.
Pois bem; todas essas lutas, essas perseguições, esses trabalhos que sofreram as grandes verdades e seus defensores, se têm repetido em relação ao Espiritismo e aos seus seguidores.
Uns acoimam-no de diabólico; outros dizem que ele produz loucura; outros que é contrário à religião. São as mil bocas da ignorância falando do que não estudaram!
São as investidas do espírito de sistema contra as novas ideias, que vêm desenraizar erros, decepar a árvore secular da ignorância, causa de todos os sofrimentos na Terra.
Enfim, o mundo não se transforma sem lutas; é da luta que vem a vitória e, então, a verdade aparece.
Nos tempos antigos, como hoje, a luz não pode ser suportada pelas trevas. O argumento demoníaco está ainda muito valorizado pelos sectários. Mas estão próximos os tempos em que a verdade dominará, guiando os homens para os seus destinos imortais!
Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel
14.6.25
AO TAREFEIRO
Da Fé, arrima-te ao bordão e segue,
.Passo a passo, na estrada que prossegue,
No labor encontrando o teu alento...
Não importa se segues bem mais lento,
Com as pernas já cansadas, quase entregue
Ao tempo, que, passando, te renegue
O esforço a natural esquecimento...
Continua fiel ao compromisso
Que outrora abraçaste, em pleno viço,
De tua mocidade alvissareira...
Ninguém pode dizer que leva a cruz,
Se é a cruz que nos leva até Jesus,
Quando, enfim, terminamos a carreira!...
Formiga/Baccelli
Uberaba, 7-6-25
L. E. Pedro e Paulo
13.6.25
O ENSINO DA RELIGIÃO
Depois da exposição das sete parábolas comparativas ao Reino dos Céus e a sua aquisição, Jesus, para melhor gravar no ânimo de seus discípulos a necessidade do estudo de toda a Religião e de toda a Filosofia em suas fases evolutivas do saber humano, comparou todos os fatos e teorias que deles ressaltam e a História registra, com um tesouro, que o um pai de família possui e onde existem moedas velhas e moedas novas, bens antigos, mas de valor, e bens de aquisição recente, constituindo todos o mesmo tesouro.
Há muita coisa velha que não se pode desprezar, assim como há muita coisa nova que não podemos pôr à margem, sem prejudicar nosso tesouro.
É assim a religião.
Ela não consiste só nas aquisições do passado, mas na recepção dos fatos e idéias presentes e futuras, que a enriquecem.
A religião de Jesus é uma religião de progresso, de evolução, e, não, de paralisação.
O próprio Cristo disse: "Muitas coisas tenho para vos dizer, mas não as podeis suportar agora; porém, quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade; vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito e vos anunciará as coisas que estão para vir". (João, XVI, 12-13).
Aqueles que limitam a religião a um artigo de fé ou a um dogma, desvirtuam os seus princípios, paralisam a sua marcha, extinguem finalmente, a chama sagrada que deve sempre arder ao impulso de renovados combustíveis.
Nas ciências, nas artes, nas industrias, o homem progride não só mantendo os velhos conhecimentos que não são senão os elementos primordiais para novas formas que a eles se adaptam, como também pelas novas aquisições com que engrandecem o seu saber.
O mesmo se dá na religião. A religião primitiva, revelada a Abraão, não prescrevia ordenação, mas se limitava a ensinar ao homem a existência do Deus único, ilimitado em atributos, Criador de tudo quanto existe.
A esta, seguiu-se a doutrina do Sinai, que, confirmando a primeira revelação, ampliou seus ditames com as prescrições morais observadas no Decálogo. Entretanto, a religião não estancou aí o seu manancial, que se avolumava constantemente, pois a fonte viva da revelação jorra sem cessar. E assim como à Revelação Abraâmica seguiu-se a Revelação Moisaica, a esta sucedeu a Revelação Cristã.
Quase dois mil anos depois de Moisés, veio o revelador vivo da doutrina do amor, que, longe de revogar esta lei, afirmou que lhe vinha dar cumprimento.
Tudo o que precede do amor prevalece desde o começo e prevalecerá eternamente: é "palavra que não passa". Tudo o que não é do amor, não pode fazer parte da lei e passará, assim como passa a erva e como passa tudo o que não é permanente.
O "escriba instruído no Reino dos Céus" sabe muito bem que no grande tesouro da religião há moedas velhas e moedas novas de amor, que constituem a sua riqueza; por isso, para beneficiar seus filhos, tira desse tesouro as moedas de que necessita e com as quais enriquece os que lhe estão sujeitos.
Não há religião cristalizada: a verdadeira religião é progressiva. Aos velhos conhecimentos ajunta outros novos, à medida que, pelo nosso esforço, nos preparamos para recebê-los. Essa medida, a seu turno, dilata-se com a nossa boa vontade, pelo estudo, pela pesquisa, pela investigação e por meio da prece, que nos põe em relação com os Espíritos superiores encarregados de auxiliarem nossa evolução espiritual.
Não pode ser de outra forma, porque a religião não se limita à Terra; ela se estende a todos os mundos planetários e interplanetários, a todos os sóis, a todas as constelações e dilata-se pelo Universo inteiro, onde seres inteligentes vivem, estudam, amam e progridem!
Cada um tem o seu grau de evolução, que é tanto maior quanto mais intensa é a vontade, o desejo do estudo e do progresso, e ninguém pode assimilar conhecimentos superiores à sua inteligência e ao seu grau de cultura moral e espiritual.
Foi por isso que Jesus disse a seus discípulos, como se depara no capítulo XVI, 12, 13, de João: "Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que estão para vir".
Este trecho é característico e plenamente demonstrativo do que afirmamos: a religião não é um punctum stans, uma divindade imóvel, mas sim um punctum fluens, fonte viva, que jorra incessantemente água pura e cristalina! E assim como as revelações não cessam: à Abraâmica sucedeu a Moisaica e a esta a Cristã, a Revelação Espírita, que é a revelação das revelações, como complemento da Revelação Messiânica, vem trazer aos homens, novos conhecimentos filosóficos, novos conhecimentos científicos, novos conhecimentos religiosos, todos oriundos dessa fonte, cujo manancial se tem mostrado inesgotável através dos séculos!
E o "escriba instruído do Reino dos Céus" sabe muito bem disso; por esse motivo, e também porque, cauteloso, não deixa de adquirir conhecimentos com os quais enriquece o seu tesouro, dele tira coisas novas e velhas, como faz o bom pai de família, para instruir aos que lhe estão afetos.
Livro Evangélico Espírita: Parábolas e Ensinos de Jesus de Cairbar Schutel
12.6.25
O DESTINO DO HOMEM
O DESTINO DO HOMEM
O destino do homem é bem diferente do destino dos animais, por ter o homem alcançado um degrau a mais na sua dianteira, por maturidade espiritual. Algum dia, os animais irão a esse estágio.
Os animais abandonam suas crias logo que essas se tornam adultas, porque no meio deles a sua missão é somente até aquele ponto; daí para frente, é processo de aprendizado de cada um. A própria natureza os fez assim. Entre os homens é diferente; eles têm necessidade de permanecer mais tempo juntos, em família, porque os seus deveres, a sua preparação, é mais engenhosa, dada a sua capacidade de assimilação ante a vida.
Observemos o reino anterior ao do animal, para que tenhamos uma idéia sobre esse assunto: a árvore frutífera, quando não encontra quem a separe de seus frutos, seus filhos, eles amadurecem e a natureza faz a separação natural, para depois a árvore entrar em preparo, no caso de muitas delas, para gerarem novos filhos. Esse fato é uma lei natural. Na verdade, até os minerais geram minerais. Tudo na vida se multiplica, pelas bênçãos de Deus e necessidade da vida.
Anotemos na escala da alma, ou, se quisermos, na escada evolutiva que se processa pela vontade de Deus: cada degrau que se sobe, é nova expressão que se vê, trazendo cada um o traço do progresso da mônada divina, envolvida em roupagens materiais.
No homem há alguma coisa a mais, além das necessidades físicas, pois começa nele a se incorporar os direitos e os deveres da vida espiritual, pelo fato da sua elevação, em se comparando com a dos animais, comportando dons desenvolvidos que escapam aos da sua retaguarda. Como poderemos entender, os anjos, na sua estrutura, diferem, e muito, dos homens encarnados. Cada posição tem o que merece e precisa, para a sua vida manter-se em equilíbrio.
O ser humano é dotado de razão por maturidade, e não por bênção especial, e essa razão, apresentando-se como inteligência, requer outras necessidades que não as dos animais, que ainda se encontram movidos pelos instintos. O homem tem deveres, que não ficam somente em alimentar-se, como os seus irmãos da retaguarda. Surgem em seus caminhos a higiene, a necessidade do vestuário, a escola, a sociedade e demais outros aspectos que a vida lhes impõe para o seu desenvolvimento espiritual. Ainda mais, ele enfrenta as controvérsias a que chamamos de erros, para fazê-los compreender o alcance dos Espíritos puros, e cada geração vai mostrando mais necessidade de ampliar seus conhecimentos pela força do progresso.
Jesus veio à Terra para inovar conceitos e fazer entender qualidades espirituais até então ignoradas pelos povos. Era por isso que a multidão O buscava, para ouvir Sua palavra iluminada e santa.
Vejamos a anotação de Lucas, no capítulo quinze, versículo um:
Aproximaram-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
Os publicanos tinham necessidade de ouvir o que não conheciam. Jesus Cristo era uma escola volante para todas as criaturas que pudessem escutá-Lo. A necessidade de progredir está vinculada à lei de Deus. Mesmo que queiramos ficar estacionados, não o poderemos, porque o progresso é uma lei divina que atinge todas as latitudes humanas.
Os animais não têm vida religiosa, política e social; as necessidades que emanam deste posicionamento evolutivo são somente para os homens. O dever natural dos animais é criar seus filhos até o ponto que eles bem sabem qual, sem organizar famílias como acontece com os seres humanos.
As famílias na Terra são temporárias, algumas das quais, continuam no mundo dos Espíritos como grupos familiares, até se libertarem definitivamente, por alcançarem o amor universal e sentirem na humanidade a sua família permanente, porque o amor verdadeiro não tem fronteiras.
Livro Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez.
11.6.25
AVANTE
João DAMASCENO VIEIRA FERNANDES *
Peregrino da vida e da morte oriundo
2. Avança do nascer ao pôr do Sol, durante
A evolução sem fim nos carreiros do mundo,
Pela ronda do tempo, a ressurgir constante.
Das sombras da maldade à luz do bem fecundo,
Das ruínas morais ao triunfo pujante,
Aprende pouco a pouco e, segundo a segundo,
8. Ergue em tudo, a ti mesmo, o teu grito de – avante!
Segue esgarçando os véus dos caminhos secretos,
Desfazendo aflições e remontando afetos,
Com risos e ilusões, suspiros e agonias.
12. E ao morrer-te o rancor e ao nascer-te a humildade,
Em êxtases de amor e em lances de bondade,
14. Encontrarás, ditoso, a paz de novos dias!
(*) Poeta, jornalista, crítico literário, dramaturgo, historiador, Patrono da cadeira nº 17 da extinta Academia Riograndense de Letras, colaborou ativamente na revista do Pártenon Literário, do qual fazia parte, e em várias publicações periódicas, dentre elas, Álbum do Domingo, O Mosquito, Lusitano. Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do congênere da Bahia. Gozou de grande prestígio como poeta, e “a sua poesia da última fase é no geral simples, sem distorções, direta, a par de calorosamente humana e fraterna”. (Guilhermino César, in História da Lit. R.G.S., pág. 284). (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 6 de maio de 1853 – Salvador, Bahia, 7 de março de 1910 **).
BIBLIOGRAFIA: Ensaios Tímidos; Auroras do Sul; Esboços Literários, poesia e crítica; Escrínios; Albatrozes; etc.
_________________________
** Essas datas, tirámo-las do Diário da Bahia e do Diário de Notícias, jornais de Salvador, que noticiaram o sepultamento de Damasceno Vieira.
2. Note-se o “enjambement” que nos suscita a idéia de alguém que avança do nascer ao pôr do Sol, durante a evolução sem fim...
8. Aliteração em t.
12. Observem-se, não apenas neste verso, mas nos anteriores, as antíteses primorosas.
14. Cf. o soneto A Lendo do Judeu Errante”, de autoria do poeta quando encarnado (apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág. 94), cuja disposição rimática é perfeitamente idêntica à de “Avante!.
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.
10.6.25
Mensagem publicada na página 04 da Gazeta de Limeira em 10/06/2025
REVELAÇÕES ESPIRITUAIS
Os
sentidos físicos são recursos que a natureza divina dotou o Espírito encarnado,
para registrar as lições que poderá receber por todos os meios que a ciência
alcança. Os homens carregam consigo outros meios espirituais que lhes servem de
canais, por onde podem vir notícias mais sutis do mundo espiritual, que escapam
aos processos científicos. Devemos usar os dois meios para aprender. Se estás
no mundo da carne, é justo que tenhas recursos materiais para o enriquecimento
e compreensão das leis que vibram e sustentam as formas e, se estás sujeito a
ela, que a respeites. O universo se congrega em camadas sobrepostas, como sendo
um todo, apresentando divisões sem conta, até encontrar Deus. Um mundo pode se
justapor a outro, mas em faixas diferentes e, por vezes, ocupando o mesmo
lugar. A Terra é, um mundo de provações; se assim não fora, já teriam cessado
as guerras fratricidas e os ódios milenares de nação contra nação, de homens
contra homens. Quando a humanidade começar a apresentar traços de fraternidade
de uns para com os outros, quando as criaturas se amarem mutuamente, quando a
gratidão a Deus tornar-se um hábito de todos os dias, quando a caridade for um
dever, as religiões irão se fundir pela força da unidade dos sentimentos e haverá
um só rebanho e um só pastor. As revelações espirituais e científicas não
escolhem lugar. Deveremos despertar para a unidade de valores de todas nações e
de todas as criaturas, sem as barreiras que dividem os Espíritos pelo orgulho,
pelo egoísmo, pela vaidade e pelo ciúme. É bom que usemos de todos os meios
lícitos e possíveis das revelações, e que o bom senso nos acompanhe em todas as
investigações, para que no amanhã nasça em nossos corações a verdadeira paz,
aquela que deve morar na consciência.
Filosofia
Espírita L.E.20 – João N. Maia – Miramez – Toninho
Barana.
9.6.25
O Povo Quer Saber
Deixando tudo o que você já leu de lado, como você imaginaria que pudesse ser a vida além da morte?!
Para você, qual é o modo de sobrevivência dos espíritos, partindo-se, claro, do pressuposto que você admita a realidade da sobrevivência...
De mim, tenho auscultado na cabeça de muitos irmãos encarnados as mais diversificadas ideias – algumas, com todo respeito, um tanto ilógicas.
Mesmo os espíritas têm grandes divergências sobre o assunto, alguns destoando de Allan Kardec, outros de Chico Xavier, que, queiram ou não, são as maiores autoridades no assunto, principalmente para os que se dizem adeptos do Espiritismo.
Há quem generalize a excelente obra “Nosso Lar”, da lavra mediúnica de Chico Xavier...
Há quem, apegando-se à Codificação, afirma que os desencarnados vivem em espécies de acampamentos...
Há quem creia que, com o desenlace, o espírito esquece o que foi e, à semelhança de “glóbulos”, ficam na expectativa de um novo corpo, que nem sabem como haverão de ocupar...
Há quem diga que, deste Outro Lado, tudo o que possa existir é criação da mente...
Há quem espere que, ao deixar o corpo carnal, seja elevado a uma espécie de paraíso e que passará séculos sem reencarnar, na Terra ou em outros mundos...
E você?! Como você pensa que há de sobreviver à morte, repetindo, que não seja adepto de nenhuma crença de caráter niilista?!...
Você considera que, por exemplo, André Luiz, através de Chico Xavier, fez literatura de ficção, ou de transição entre a crença católica e a espírita?!...
Admite a existência de várias Dimensões, de uma Terra dentro de outra, para onde os desencarnados gravitam através do peso de seu corpo espiritual?!...
Interessar-me-ia muito saber como você pensa sobre o tema que podemos considerar de maior transcendência da Vida.
Interpreta ao pé da letra os depoimentos dos espíritos constantes do livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, ou daqueles que, habitualmente, se comunicam através de centenas de médiuns?!
Você é adepto da existência – desculpe-me, pois chega a ser ingênua! – de inúmeras “colônias” que ocupam os céus no Brasil, parecendo não existirem nos céus de outros países?!...
Sejamos, eu e você, um pouco mais adultos em matéria de crença em torno da imortalidade.
Não concorda que há muita fantasia dos espíritos que se lançam a escrever através da invigilância de certos medianeiros, com pouco ou nenhum estudo da Doutrina, que se deixam levar pelas instruções de seus “guias”?! – guias cegos condutores de cegos?!...
Enfim, o povo quer saber: como, de fato, você, espírita, entende que será a sua própria imortalidade?!... E, uma vez, comprovando a sua imortalidade, o que imagina que haverá de fazer com ela pela Eternidade?!...
Blog Mediunidade na Internet - INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 8 de junho de 2025.
8.6.25
Menos Espíritas, Mais Espiritualidade
Queda crescente da população católica: de 88,7% (1980) para 56,7% (2022);
Crescimento constante dos adeptos do protestantismo e do evangelismo: de 6,5% (1980) para 26,9% (2022);
Avanço daqueles que se declaram sem religião: de 8% (2010) para 9,3% (2022);
Crescimento dos seguidores da umbanda e do candomblé: de 0,3% (2010) para 1% (2022);
Recuo dos espíritas declarados: de 2,2% (2010) para 1,8% (2022).
Como militante espírita, cabe-me abordar o comportamento estatístico do número de espíritas, pois não tenho competência, nem lugar de fala, para interpretar o resultado pelas religiões acima citadas.
Sobre a quantidade de espíritas no Brasil, há alguns pontos a destacar:
Considerando a projeção da população brasileira em 2022, ano de publicação da pesquisa do IBGE, de 210 milhões de pessoas, o contingente de espíritas seria em torno de 3,8 milhões de seguidores;
A região com a maior concentração de espíritas é a Sudeste (2,7%);
O espiritismo no Brasil é composto mais de mulheres que homens: 6 a cada 10 espíritas são do sexo feminino. Dentre as religiões pesquisadas é aquela que mais possui a participação das mulheres.
Via-de-regra, o declínio da quantidade de espíritas pode ser relativizado por alguns aspectos:
Há muitos espíritas sazonais. São simpatizantes da doutrina espírita e transitam eventualmente nos centros espíritas, sobretudo quando possuem alguma demanda que acreditam verem atendidas nestes núcleos públicos, mas, na prática, se sentem pertencentes a outro credo religioso;
Há muitos espíritas sem saber. São os que aceitam os princípios fundamentais do espiritismo, já demonstrado em outras pesquisas nacionais, porém, estão na contabilidade das outras religiões;
Há muitos espíritas tímidos. São aqueles que, por alguma razão, não querem se denominar claramente espíritas.
O fato é que, no mínimo, houve uma estagnação da quantidade de espíritas declarados na estatística oficial. Esta constatação não é negativa ou positiva, representa apenas o status atual de um movimento que se pretendia científico e filosófico, no seu nascedouro francês, mas que ao ser transportado para o Brasil, por diversas razões, ganhou tintas religiosas e, como tal, se estabeleceu, até oficialmente, a ponto de figurar nas pesquisas populacionais de definição religiosa.
A proposta originária do espiritismo, segundo o sistematizador do pensamento espírita, Allan Kardec, era que ele fosse
“Ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.”
Ou
“Uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”
O Que é o Espiritismo, Preâmbulo, Allan Kardec.
Quando o espiritismo chegou ao Brasil, na segunda metade do século 19, foi assimilado primeiramente por profissionais liberais e pessoas com certo nível de instrução educacional. A partir do século 20 começou um processo de massificação das ideias espíritas, em boa parte pela presença de médiuns de sensibilidades destacadas que chamaram a atenção geral pelos seus feitos extraordinários (Carmine Mirabelli, Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo, Arigó, entre muitos). A farta produção literária e os atendimentos médico-espirituais, cirurgias e receituários, foram outros fatores que ajudaram na popularização da doutrina espírita.
Toda essa disseminação de conteúdo aconteceu sob a égide de certo sincretismo com a religião católica, onde as crenças iam se ajustando de acordo com as conveniências do adepto. Surge neste bojo, em grande número, a figura do espiritólico, como alguns gostam de denominar. É como se o espiritismo fosse uma reforma do catolicismo, onde se aceita a reencarnação e se pratica a mediunidade.
Neste contexto, o movimento oficial espírita brasileiro resolve proclamar o espiritismo como uma proposta de tríplice aspecto (ciência, filosofia e religião), no entanto, os centros espíritas, na sua maioria, se comportam como igrejas, demonstrado pelas suas práticas ritualísticas e dogmáticas – tudo aquilo que foi renegado pelo fundador do espiritismo.
Bem, algo relevante a se concluir com este caminho histórico de se tornar mais uma religião no palco das crenças é que se não fosse este desvio de rota dificilmente o espiritismo seria um movimento significativo no Brasil como é hoje, pois, possivelmente, poucos seriam os seus adeptos.
O senhor Allan Kardec imaginava outro destino para o espiritismo.
Como reconhecia que a doutrina espírita não trazia nada de novo, uma vez que seus postulados eram de domínio geral, acreditava que as religiões absorveriam com o tempo seus referenciais teóricos e práticos pela força das coisas, de modo que um dia se encontraria espíritas-católicos, espíritas-evangélicos, espíritas-budistas, espíritas-muçulmanos...
Bernard de Chartres, no século 12, desenvolveu um pensamento interessante: “Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”. Era, creio, a posição que possivelmente Allan Kardec estava quando concebeu a filosofia dos imortais.
O movimento espírita brasileiro trouxe o espiritismo para a visibilidade do chão classificando-o como mais uma religião.
A direção do espiritismo, porém, pode e deve ser outra.
Deve ser outra porque vivemos num mundo com uma realidade bastante diferente dos séculos 19 e 20 movido pelos avanços da tecnologia e da ciência.
Deve ser outra porque as pessoas vivem num outro nível de consciência e de liberdade de pensamento sem as amarras institucionais sectárias e de manutenção do poder como no passado.
Deve ser outra porque se avizinha, provavelmente, uma era de transformações extremamente impactantes para a humanidade e, progressista como se pretende ser, não pode ficar a reboque das mudanças.
O espírito Emmanuel na introdução do livro Nosso Lar, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier (1943), chama a atenção para o foco das ações dos espíritas e do movimento espírita:
“(...) em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do espiritismo e do espiritualismo, mas, muito mais, espiritualidade.”
Talvez seja esta a missão atual do espiritismo, isto é, ser um canal para levar espiritualidade à humanidade, de modo que este propósito torne as pessoas melhores e conscientes de seu papel no contexto terreno e cósmico.
Ser mais um instrumento de sensibilização para o despertamento espiritual sem a pretensão de somar seguidores. Aliás, foi isto que também previu o senhor Allan Kardec quando afirmou que o espiritismo não seria o protagonista das mudanças sociais, mas um coadjuvante delas.
Frase atribuída ao filósofo espírita Léon Denis defende que o espiritismo não seria a religião do futuro, mas o futuro das religiões. Se é por aí que devemos andar então nosso jeito de caminhar está torto. Esta concepção entende que o espiritismo não se propõe a substituir outras religiões, mas oferecer elementos que possam contribuir para o desenvolvimento espiritual de todos, independentemente da sua fé.
Para alcançar este objetivo, urge mudar a direção das velas de nosso movimento espírita. Entre outras diretrizes poderia
Transformar os núcleos espíritas em escolas do espírito em vez de escolas de espiritismo – ter um papel educacional;
Contextualizar a abordagem às necessidades e a realidade das pessoas em vez da imposição de repertório – humanizar as suas práticas;
Promover a melhoria moral, contribuindo para desenvolver homens de bem, em vez de esperar que os frequentadores se tornem “espíritas de carteirinha” – fomentar a mudança por valores;
Dialogar com a diferença, construindo pontes de ação conjunta, em vez de ficar isolado em ilhas de conhecimento – praticar a ética da alteridade;
Focar no desenvolvimento da espiritualidade em vez de desejar espiritizar as pessoas – mudar a abordagem relacional.
Que o conhecimento espírita leva o ser humano naturalmente ao desenvolvimento da sua religiosidade isto não se tem a menor dúvida, até porque a filosofia espírita baseia-se numa concepção deísta, mas institucionalizar-se como tal definitivamente foi um equívoco.
Continuemos a ser núcleos de discernimento para as consciências e de libertação das ilusões do paradigma material.
Ajudemos a criar um mundo de paz e justiça centrado na fraternidade e na prática do amor.
Contribuamos a emancipar a humanidade para a felicidade de todos.
Talvez assim estejamos sendo verdadeiramente religiosos porque nos tornaremos parceiros do Criador.
Carlos Pereira - Blog de Carlos Pereira.