10.6.22

Hora de Agir

É hora de agir!
Não há mais tempo para tratar tudo como um faz em conta.
Tudo precisa ser radicalmente modificado.
Quando vejo intempéries como essas que assolam o mundo e, particularmente, o meu Pernambuco, fico me perguntando até quando temos que ver mortes e mais mortes para superar este estado de abandono que vive a nossa gente.
As autoridades locais devem sair das suas casas imediatamente e irem ao encontro do povo, não apenas como assistência aos desabrigados – que é uma necessidade imperiosa e cristã; mas irem ao encontro de soluções definitivas quanto à vida sub-humana que muitos deles vivem.
Vejo palafitas dentro do rio Capibaribe e Beberibe desde o dia que coloquei os pés pela primeira vez no Recife como Arcebispo de Olinda e Recife.
Vejo pessoas morando nos morros, onde a insegurança é permanente, porque não tem outro lugar para ir, e o que se faz, quando muito, é colocar plásticos para evitar o deslizamento, como se isso fosse possível.
Vejo meu povo morando à beira dos rios, à margem do medo, e nada se faz a respeito.
As soluções definitivas passam em dar moradia digna a quem não tem condições de viver numa casa decente.
Os recursos financeiros continuam sendo desviados ou alocados em despesas de menor importância quando o povo, de onde vem a riqueza e a sustentação dessa gente, morre literalmente diante da mínima movimentação de chuvas – o que não é o caso de agora cujas precipitações pluviométricas foram anormais.
Mas será que é impossível de ver e perceber que aquilo não é jeito de viver dignamente?
É necessário que ocorra uma catástrofe para se gerar indignação?
Basta de eufemismos!
Basta de falsas argumentações!
Basta de cinismo!
Vamos colocar o dinheiro público para as pessoas que mais precisam, os menos afortunados, os menos aquinhoados pelas benesses financeiras, os pobres de meu Deus.
Esta indignação tem que ser generalizada e não apenas quando se tem um episódio fatal.
Vida digna é direito de toda gente – toda gente.
Meu Pai, aconselhai estes governantes e poderosos do momento para servirem realmente ao povo como devem. Sem subterfúgios, sem mentira, sem falsos sentimento de solidariedade.
Diz a letra magna que “o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”.
Digo mais: e com ele e para ele deve ser exercido.
É vergonha – e das grandes – conclamar-se cristão e continuar absorto diante da miséria da nossa gente.
É gesto de hipocrisia, de fariseus novos, dizer-se cristão e ficar de braços cruzados diante das calamidades que assolam a nossa gente.
Moradia digna.
Trabalho digno.
Transporte digno.
Educação e saúde dignas.
Vida digna, enfim!
É pedir muito?
É obrigação de todos criar vida nova para nosso povo.
Acorda, gente!
O mundo está reclamando mudança e ação.
Agir – eis a palavra de ordem - e já!
Com Deus!
Helder Camara - Blog Novas Utopias

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