30.6.22

A Grande Paz

A paz é algo desejada por toda a humanidade. E é justo que assim seja.
Um mundo em paz, uma pessoa em paz, uma comunidade em paz leva-nos à verdadeira felicidade prometida por Jesus.
Acontece que chegar à paz exige certo esforço humano.
A paz individual, fomentadora das demais, é trabalho árduo e cansativo porque, invariavelmente, mesmo sem desejarmos, nos afastamos continuamente dela.
Este gesto inconsequente de afastamento da paz se dá porque temos ainda muita ação do ego nos nossos pensamentos e nas nossas decisões.
Ele é inquieto por natureza.
Ele é audaz em não nos deixar parados e serenos.
Ele é febril em atiçar tendências e ilusões.
Mas podemos vencê-lo ou, ao menos, domá-lo.
Jesus, o insigne terapeuta da humanidade, nos ensinou a calar o coração da seguinte forma: “Tendes a paz que vou dou, mas ela não é uma paz qualquer.”
A paz que Ele se referenciou é uma paz proveniente da alma e, desta forma, despojada de sentimentos de bem-querença individual que não esteja associada automaticamente ao benefício do outro.
Portanto, a paz de Jesus, imorredoura e profunda, diz respeito a algo que não está concentrado no poder das coisas terrenas, mas nos auspícios do coração humano expressados na sua espiritualidade latente.
É uma busca interior, de dentro para fora, sem escutar os apelos da vaidade, do egoísmo, da satisfação material pelo acúmulo de coisas e por aí vai.
Sem as interferências externas, centrado no seu próprio eu, é possível, pouco a pouco, se conseguir a paz interior.
Agora, após isso, num movimento contínuo e progressista, vá imediatamente ao encontro daquele que sofre ou que precisa da sua ajuda.
Este bem ao outro, creia firmemente, te dará outro tipo de paz. A paz do bem-servir é intraduzível, pois, além de aquietar o coração, despeja sobre si mesmo uma satisfação incomensurável. É como se, de alguma forma, estivéssemos nos reencontrando com o Criador.
Esta paz somente ocorrerá se nos desligarmos dos apetites externos e nos concentrarmos no pão da alma. O que realmente alimenta e sacia.
Quando assim procedemos, nossa inquietação pode ser traduzida de inconformismo com a ausência de condições de paz para os outros. Isto porque, na sociedade que vivemos, ainda irresoluta com os apelos da alma, ainda prevalece o bem de poucos em detrimento da maioria.
É com inquietação na alma que cito com contumaz frequência aquilo que presencio daqui e que vi com os olhos físicos quando estava aí.
A brutal injustiça social é gritante e aviltante aos olhos do Criador.
Parece que muitos estão anestesiados a ela como se este quadro desolador fosse assim mesmo, que é natural que exista e se estabeleça. É como se disséssemos a nós mesmos que deve existir no plano humano os pobres e miseráveis, os famintos e despossuídos.
Não é!
Este inconformismo reinante na mente e coração de alguns atrapalha a grande paz.
Sim, porque é impossível ter paz interior e ficar absorto, ausente, estagnado, insensível, ao que nos rodeia.
Devemos lutar pela paz social e busca-la, igualmente, como procuramos em exercícios de meditação, de escuta de músicas que elevam o espírito, de livros que exortam o bem-estar íntimo.
Evangelho sem ação social é ficção de pseudocrístãos.
Portanto, minha paz depende da paz de meus irmãos de caminho. Foi isto que aprendi com o Cristo e será isso que levarei a bom termo até o fim dos meus dias no plano que estou, porque a vida somente faz sentido quando entregamos nosso coração para o bem da humanidade e do cosmos.
Felicidade e paz não podem ser obtidas apenas em nível individual.
Esta é a paz proclamada pelo Cristo Jesus!
Esta é a paz que persigo e luto.
Hélder Câmara - Blog Novas Utopias

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