6.4.21

Depois que Morri

Muito se tem dito acerca da imortalidade, ou melhor, da sobrevivência após a morte. Eu não morri, por isso estou aqui, mas compreender esta verdade exige algum esforço para os menos preparados das coisas do espírito. 
Quando “morri”, fui submetido a um descanso. Como em um hospital, vieram ver-me muitos ex-colegas da Igreja e minha mãe querida. Um a um dizia que eu deveria descansar para recobrar logo os sentidos e as forças. 
É incrível o que acontece no lado de cá da vida. Se não nos apercebermos de determinadas coisas, passaremos como vivos na carne, tão a semelhança com as coisas que cá tive. 
As vestes são as mesmas. Os móveis são os mesmos. As paisagens são as mesmas. Tudo funciona como na Terra, a princípio. 
Pouco a pouco fui recobrando as forças. Um dia me senti mais disposto e pus-me a andar e a passear. Forças renovadas, desejava saber mais daquele novo lugar onde morava desde então. 
Tudo renovado. Céu ensolarado, nuvens esparsas, uma maravilha de se ver aquilo tudo. Sorri. Abri os braços e bradei: 
- Quero trabalho! Já fiquei parado demais. É hora de trabalhar, o que eu faço? 
Um homem mais velho se aproximou e disse-me assim: 
- Senhor Wojtyla, fique calmo, tudo a sua hora. O momento é de conhecer mais a fundo o novo lugar onde está. 
Tive que aceitar aquela ordem. Nada a fazer e também a curiosidade imperava em mim. 
Passeei por uma cidade de ruas largas, de muitas rosas e flores, de diferentes formas e odores, e aí comecei a perceber espécies diferentes. As cores mais fortes. O perfume mais intenso e apurado. Uma beleza extraordinária. 
Tudo muito limpo e pessoas ziguezagueavam o tempo inteiro. Bati numa porta, lembro bem, que dizia sobre notícias que viam da Terra. 
Era como se o lugar fosse uma central de notícias. Adentrei-me e logo o senhor que me atendeu me reconheceu:
- Seja bem-vindo, Senhor Papa! Aqui, todos sabemos da sua estada entre nós e estamos muito contentes com a sua presença. O que deseja saber? 
- Gostaria de obter notícias de como as coisas andam na terra. 
- Pois não, aqui temos este aparelho. As notícias são catalogadas em letras garrafais, clique na letra e as notícias vão aparecendo de acordo com a sua vontade. 
- Como assim? 
- Há uma leitura ótica e ela vai sendo direcionada para sua atenção até chegar no que o senhor deseja. 
- Vamos lá! 
É um aparelho diferente, mas logo compreendi como funcionava. De fato, à medida que meus olhos se dirigiam a atenção para alguns temas, eles se multiplicavam em outros, algo como uma inteligência artificial. 
Vi tudo que me interessava. Atualizei-me bastante. Passei horas por lá e mantive tudo na ordem do dia. Quanta coisa se passou em tão pouco tempo – pensei. 
Voltei a caminhar na cidade de volta para meu lar temporário. 
Maria, a Mãe de Jesus, era muito reverenciada nesta localidade. Às 6 horas da noite, como de costume na Terra, todos paravam para uma oração à Mãe de Jesus. Uma luz intensa, neste instante, invadia a tudo e a todos traduzindo a sua presença santa entre nós pela suavidade do ar e pelo bem-estar que provocava. 
Dormi naquele dia mais feliz. Embora muitos me conhecessem e me cumprimentavam, não havia a reverência acentuada, apenas respeito e consideração. Senti-me bem por causa disso. 
Viajei, pouco tempo depois, para outros lugares. Cada um com a sua beleza ímpar e que agradavam, sobremaneira, meus olhos. Impossível destacar o que encontrei em todos eles. 
Minhas tarefas hoje são outras. Já tenho mais envergadura das minhas responsabilidades e missões. Estou ambientado, posso dizer. 
O mundo espiritual é uma benção, mas é proporcional ao grau do bem que fazemos na Terra, ao próximo e a nós mesmos. 
Há outros lugares difíceis de se viver e, nestes locais, junto-me, vez em quando, em caravanas de apoio e recuperação. A humanidade está doente e é nosso dever ampará-los. 
Esta é uma breve história de meu reencontro no mundo espiritual. Novidades virão por aí, aguardem!
Paz, 
Karol Wojtyla - Blog de Carols Pereira

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