10.9.25

CONFIDÊNCIA DE MÃE

Andradina América de Andrada E Oliveira*
 
Dei-te um berço de rendas e de flores,
Adorei-te por nume excelso e amigo
E inclinei-te, meu filho, a ser comigo
Soberano de sonhos tentadores.
 
Ordenava, no orgulho que maldigo :
– “Não te curves nem sirvas, onde fores...”
Entreguei-te mentiras por louvores
E enganosa fortuna por abrigo.
 
Hoje, de alma surpresa, torno a casa ;
Tremo ao ver-te no luxo que te arrasa,
Como quem dorme em trágico veneno!
     
E choro, filho meu, choro vencida,
Por guardar-te entre os grandes toda a vida,
Sem jamais ensinar-te a ser pequeno.
(*) Poetisa, contista, romancista, iniciou sua vida literária, quase menina, conforme afirma sua filha Lola de Oliveira em Minha Mãe!, escrevendo em inúmeros periódicos sul-riograndenses. Foi também teatróloga e aplaudida conferencista. Professora pela Escola Normal de Porto Alegre, com distinção em todas as matérias, a poetisa de Folhas Mortas lecionou em cursos particulares, em várias cidades gaúchas, depois de nove anos dedicados ao magistério público. Fundou um jornal literário feminino, O Escrínio, mais tarde transformado em revista ilustrada, e formou, segundo Antônio Carlos Machado, entre as maiores feministas brasileiras de sua época. De 1920 até à sua desencarnação, residiu na capital paulista. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 12 de Junho de 1878 – S. Paulo, 19 de Junho de 1935.)
BIBLIOGRAFIA: Folhas Mortas; Preludiando, contos; Cruz de Pérolas, contos ; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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