27.8.24

Adeus à Solidão

O que dizer da solidão?
Já falei outras vezes sobre este tema neste blog. Quero, porém, adentrar para mais uma nuança sobre o assunto.
O que é estar só senão ver-se isolado de tudo e de todos. Ninguém a escutar ou a ver, nada a apelar. Unicamente ocê e seus pensamentos.
É possível viver assim?
Creem alguns que possivelmente é neste momento em que se pode se encontrar consigo mesmo, porque estando em contato com os outros, os ruídos serão inevitáveis, as distrações bem que prováveis, o que seria difícil focar em si mesmo.
Esta verdade tem se comprovado ao longo do tempo e muita gente prefere o recolhimento, sair para um retiro, por exemplo, para poder realizar esta grande viagem para dentro da própria alma.
Estar só necessariamente não significa dizer ficar só. Ao contrário, quantos vivem na multidão e sentem-se isolados? 
Quantos, também, estão sem ninguém por perto e a cabeça não deixa de contatar com os outros?
Estar consigo próprio exige que se tenha uma boa relação com a sua própria alma. E isto talvez seja o mais difícil.
Nossos pensamentos efervescentes, nossas emoções pulsantes, nossa inquietude geral, não nos permitem, maioria das vezes, ficar a sós conosco.
Esta dificuldade se reflete, em boa parte, por causa das nossas pendências interiores, por nossas deficiências mal resolvidas, por tudo que nos impacienta a alma.
Há pessoas que correm desesperadamente para os braços de outrem, mesmo sem avaliar as consequências, simplesmente porque não suportam verem-se sozinhas. É como se fosse a própria morte ter que ficar isolada do mundo.
Pois bem, precisamos aprender rapidamente a cultivar o bom ânimo conosco mesmo, sob pena de arrumarmos grande confusão com os outros e dos que não desejam a nossa presença.
O perigo da solidão indesejada ou não bem trabalhada é a sensação de abandono, de pouca querença, de indiferença.
Por causa deste perigo que rodeia muitas almas, a aflição se torna tamanha, a ponto da angústia ditar comportamentos indesejados e, que mais tarde, devem ser demovidos.
Quando, porém, há um encontro sincero e bondoso com a sua alma.
Quando este relacionamento não se transveste de hipocrisia e medo.
Encontrar-se consigo é motivo de imensa alegria.
Importa dizer, igualmente, que o prazer de estar consigo não deve afastá-lo do convívio social, apenas significa dizer que você estará bem seja qual for a situação, sozinho ou na multidão.
Quem deseja ser feliz, de verdade, trate primeiro de gostar de si próprio e não haverá motivo algum para desespero, lágrimas ou banimentos do mundo.
Helder Camara - Blog Novas Utopias

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