16.7.24

A VITÓRIA

Pedes mapas e instruções
Para o caminho a trilhar.
Entretanto, onde estiveres,
O roteiro é trabalhar.
 
Escalas monte espinhoso
No desejo de avançar...
Há pedras cerrando a frente?
A mudança é trabalhar.
 
Alegas tédio invencível
Da cabeça ao calcanhar;
Mas todo enfado se extingue:
A fórmula é trabalhar.
 
Lamentas incompreensões,
No seio do próprio lar.
Toda mágoa foge e cessa.
O recurso e trabalhar.
Dizes notar tentações
Na idéia, no chão, no ar...
Mas, hoje, podes ser livre.
A defesa é trabalhar.
Transportas na alma intranqüila
A dor de antigo pesar...
Qualquer aflição tem cura
O remédio é trabalhar.
 
Acusas-te perseguido,
Afirma-te sem lugar...
Renova-te e sê feliz.
A melhora é trabalhar.
 
Problemas são sempre muitos...
Não te ponhas a indagar.
A vida responde certo.
O preceito é trabalhar.
 
O próprio Cristo na cruz,
A sofrer e desculpar,
Ensina que, em toda luta,
A vida é trabalhar.
 
Casimiro Cunha 
Órfão de pai aos sete anos, tendo cursado apenas as primeiras letras em escolas primárias, Casimiro Cunha, depois de haver uma vista aos 14 anos por acidente, cegou da outra aos 16. Adolescente, ainda, colaborou na impressa vassourense. Desde que se tornou espírita confesso, estendeu aos periódicos espiritistas, principalmente ao Reformador, a sua produção poética. Foi um dos fundadores do Centro Espírita “Bezerra Menezes”, de Vassouras. Mário Cis era o pseudônimo que ele comumente usava. Prefaciando o primeiro livro do poeta – Singelos -, M. Quintão chegou a afirmar que ele “fechara os olhos às misérias da Terra, para melhor entrever as belezas do Céu”. Jamais se lhe ouviu dos lábios um queixume, uma palavra de revolta. Era a resignação em pessoa. “Alma feita de luz,” – afirmou-o Armando Gonçalves (Colar de Pérolas, pág. CXXVI) – “é um dos mais vigorosos literatos que enchem de orgulho o torrão fluminense.” (Vassouras, Estado do Rio, 14 de Abril de 1880 – Vassouras, 7 de novembro de 1914.)
BIBLIOGRAFIA: a) do homem terreno: Singelos; Efêmeros; aves Implumes; Pétalas; Perispíritos; Álbum de Delba, póstumas.
     b) do poeta desencarnado: Cartas do Evangelho; cartilha da Natureza; História de Maricota; Gotas de Luz – todas pelo médium Francisco Cândido Xavier; Juca Lambisca e Timbolão – pelos medianeiros desta Antologia.
Livro: Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

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