15.2.24

Atrás do Trio Elétrico vai também quem já morreu

O compositor Caetano Veloso cantou os versos de apologia ao carnaval de maneira tão vibrante chegando a afirmar que “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”. Enganou-se! 
A força do carnaval é tamanha que até os “mortos” não se contentam com o que já brincaram em vida física e voltam para dar alguns passos. Se viessem apenas para pular e curtir as músicas até que não seria nada demais, no entanto, fazem mais do que simplesmente entrar na folia de Momo. 
Contam os mais saudosistas que o carnaval era, tão-somente, uma festa de alegria e confraternização. As pessoas iam às ruas cantar e dançar com a família, desfilando em blocos e corsos ornamentados. O talco e até a lança-perfume eram um pretexto para um flerte. O romantismo era uma marca dos desfiles dos pierrôs e arlequins apaixonados. Bem, este era o carnaval do passado, revivido nos atuais blocos líricos. Hoje, no entanto, a história é bem diferente. 
O carnaval tornou-se, na maioria das vezes, uma oportunidade de se extravasar sentimentos menores e atitudes radicais. Por ser carnaval, passa no imaginário coletivo de muita gente que se pode fazer tudo. Não há limites. Se a festa é da carne, então que se dê prazer a carne, ora.  
Os sentidos devem ser estimulados à exaustão, seja pela ingestão de álcool e drogas ou pelo desvario do sexo. Como convivemos com uma realidade paralela invisível, não percebida pela maioria das pessoas, os foliões incansáveis do passado - e presos ainda em suas consciências com tais prazeres – voltam à busca da continuidade das suas sensações.  
Os foliões espirituais, como não possuem mais o corpo físico, utilizam os sentidos e as mentes dos seus afins. Consomem a droga e o álcool por tabela, em função da dependência psíquica que estimulam nos seus agentes encarnados, até porque, a droga e o álcool permitem o descontrole da consciência, dando mais facilidade para sua ação. São as chamadas obsessões. 
Não é raro alguém dizer, por exemplo, depois de uma discussão, de uma luta corporal ou de outra atitude de violência, que não se reconhecia fulano, até parecia que não era ele. E não era mesmo, em muitos casos.  
É importante pontuar que o fenômeno da obsessão somente ocorre porque seu agente físico permite, ele se deixa levar pelas influências mediante sintonia mental.  
O interessante é que muitos destes foliões espirituais acreditam firmemente que ainda estão vivos na carne e promovem uma série de ocorrências danosas através dessa indução mental. 
Desse modo, sim, atrás do trio elétrico vai também quem já morreu!  
Os médiuns com vidência conseguem enxergar cenas de terrível envolvimento entre encarnados e desencarnados. Outros percebem um ambiente pesado nos aglomerados da brincadeira. Tais observações sobre o carnaval não podem ser interpretadas como puritanismo exagerado ou uma condenação à festa popular. Não, absolutamente não! Como qualquer outra festa, ela em si mesma não é boa ou má, pois tudo depende da forma como se brinca.  
Em todo o caso, cuidado para não cair no bloco das ilusões das drogas delirantes, do sexo irresponsável ou do álcool destruidor. Afinal, a vida não se resume a três dias de folia. A vida, como já dizia aquele outro folião que possivelmente continua brincando saudavelmente além das estrelas, a vida é bela, sim, senhor! 
E também, certamente, porque existe o carnaval. 
Evoé!
Carlos Pereira - Blog de Carlos Pereira
Publicado originalmente no livro REALIDADE PARALELA – UMA LEITURA ESPIRITUAL DOS FATOS, deste autor, em 2002.

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