23.7.23

Brincar de Deus

O que o homem faz hoje - ou supõe fazer - é brincar de ser Deus. 

Não há nada mal nisso - antecipo logo. 

Mas devo dizer que para imaginar-se como um deus necessita antes, no mínimo, tentar entender como Deus pensa e sente. 

Isso não é fácil, porém, não é coisa de outro mundo. 

Se tomarmos em conta que Deus é a suprema inteligência e bondade, então começaremos a caminhar mais proximamente do seu pensamento e sentimento. 

Se não fizermos este esforço de divinização, então seremos simulacros de Deus. Uma ideia pálida e delirante. Vazia mesmo! Eivada do mais profundo egocentrismo. 

E Deus é, acima de tudo, holocentrismo, isto é, Ele está aberto para o bem do outro e não de si mesmo. 

Por que afirmo isso? 

Porque Deus, sendo a suprema bondade, respira somente amor. Amor abundante ao outro, aos seus filhos, as suas criaturas de origem naturalmente divinas. 

O que perdemos, ao longo da estrada das nossas existências, é este contato com Deus, melhor dizendo, esta familiaridade, esta intimidade com o Deus que reside em nós. 

Somos deuses - esta é a grande verdade! Não devemos jamais nos esquecer disto. 

Deus, em sua suprema bondade, repito, pede-nos unicamente que possamos dar vazão a esta qualidade inerente a todos nós. 

Portanto, se desejamos querer brincar de ser deus, necessitamos primeiramente aprendermos a amar. 

Por que afirmo isso? 

Porque ao buscar copiar Deus no sentido de criar vidas inteligentes utilizando os avanços da tecnologia da inteligência artificial e da biologia, ou mesmo de outras tecnologias possíveis, o homem não deve esquecer jamais de conjugá-los com a essência do pensamento e sentimento de Deus. 

Se fizer isso, se estiver em sintonia com a essência divina que reina dentro dele, então que sejam bem-vindos todos os progressos tecnológicos. 

Como isso ainda não acontece, a tecnologia avançada em mãos erradas pode se tornar trágica para a raça humana. 

Jesus nos advertiu que onde estivesse o nosso tesouro estaria lá o nosso coração. 

A pergunta é simples e direta: onde está o tesouro, o valor supremo, dos analistas tecnológicos e dos investidores? 

Será que está no bem do ser humano ou a serviço de seus interesses particulares? 

Esta é a grande pergunta! 

Se tivermos bons propósitos, a tecnologia beneficiará toda a comunidade humana. 

Se tivermos más intenções, a tecnologia provocará a derrocada humana. 

Pense nisso! 

Reflita muito bem sobre isso! 

Porque a sua vida, como a minha do lado de cá, vai depender muito dessas decisões, infelizmente, de meia dúzia de pessoas. 

O mundo nunca esteve tão delicado porque poucos podem muito, muito mesmo, e a maioria esmagadora da humanidade pode bem pouco. 

Se, porém, prevalecerem os valores ético-morais do Cristo e das grandes filosofias e religiões da Civilização, então teremos absoluta esperança de que dias melhores virão e que todos, indistintamente, haverão de compartilhar as grandes benesses da tecnologia. 

Se o ser humano se comportar como um ser humano, renderemos graças ao Senhor. 

Se, no entanto, inventar-se como um deus de terceira categoria poderá estar criando um buraco profundo para ele mesmo se sucumbir. 

Deus, que é todo amor, certamente não deixará que seus filhos pereçam para a eternidade. 

As sementes de sabedoria estão sendo espalhadas em toda parte e quando elas começarem a crescer e gerar frutos, ninguém haverá de deter a força esmagadora da paz, da fraternidade e do amor. 

 

Hélder Câmara – Blog Novas Utopias

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