O que o homem faz hoje - ou supõe fazer - é brincar de ser Deus.
Não há nada mal nisso - antecipo logo.
Mas devo dizer que para imaginar-se como um deus necessita antes, no
mínimo, tentar entender como Deus pensa e sente.
Isso não é fácil, porém, não é coisa de outro mundo.
Se tomarmos em conta que Deus é a suprema inteligência e bondade, então
começaremos a caminhar mais proximamente do seu pensamento e sentimento.
Se não fizermos este esforço de divinização, então seremos simulacros de
Deus. Uma ideia pálida e delirante. Vazia mesmo! Eivada do mais profundo
egocentrismo.
E Deus é, acima de tudo, holocentrismo, isto é, Ele está aberto para o
bem do outro e não de si mesmo.
Por que afirmo isso?
Porque Deus, sendo a suprema bondade, respira somente amor. Amor
abundante ao outro, aos seus filhos, as suas criaturas de origem naturalmente
divinas.
O que perdemos, ao longo da estrada das nossas existências, é este
contato com Deus, melhor dizendo, esta familiaridade, esta intimidade com o
Deus que reside em nós.
Somos deuses - esta é a grande verdade! Não devemos jamais nos esquecer
disto.
Deus, em sua suprema bondade, repito, pede-nos unicamente que possamos
dar vazão a esta qualidade inerente a todos nós.
Portanto, se desejamos querer brincar de ser deus, necessitamos
primeiramente aprendermos a amar.
Por que afirmo isso?
Porque ao buscar copiar Deus no sentido de criar vidas inteligentes
utilizando os avanços da tecnologia da inteligência artificial e da biologia,
ou mesmo de outras tecnologias possíveis, o homem não deve esquecer jamais de
conjugá-los com a essência do pensamento e sentimento de Deus.
Se fizer isso, se estiver em sintonia com a essência divina que reina
dentro dele, então que sejam bem-vindos todos os progressos tecnológicos.
Como isso ainda não acontece, a tecnologia avançada em mãos erradas pode
se tornar trágica para a raça humana.
Jesus nos advertiu que onde estivesse o nosso tesouro estaria lá o nosso
coração.
A pergunta é simples e direta: onde está o tesouro, o valor supremo, dos
analistas tecnológicos e dos investidores?
Será que está no bem do ser humano ou a serviço de seus interesses
particulares?
Esta é a grande pergunta!
Se tivermos bons propósitos, a tecnologia beneficiará toda a comunidade
humana.
Se tivermos más intenções, a tecnologia provocará a derrocada
humana.
Pense nisso!
Reflita muito bem sobre isso!
Porque a sua vida, como a minha do lado de cá, vai depender muito dessas
decisões, infelizmente, de meia dúzia de pessoas.
O mundo nunca esteve tão delicado porque poucos podem muito, muito
mesmo, e a maioria esmagadora da humanidade pode bem pouco.
Se, porém, prevalecerem os valores ético-morais do Cristo e das grandes
filosofias e religiões da Civilização, então teremos absoluta esperança de que
dias melhores virão e que todos, indistintamente, haverão de compartilhar as
grandes benesses da tecnologia.
Se o ser humano se comportar como um ser humano, renderemos graças ao
Senhor.
Se, no entanto, inventar-se como um deus de terceira categoria poderá
estar criando um buraco profundo para ele mesmo se sucumbir.
Deus, que é todo amor, certamente não deixará que seus filhos pereçam
para a eternidade.
As sementes de sabedoria estão sendo espalhadas em toda parte e quando
elas começarem a crescer e gerar frutos, ninguém haverá de deter a força
esmagadora da paz, da fraternidade e do amor.
Hélder Câmara – Blog Novas Utopias
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