16.10.22

Confesso que não morri

Confesso que não morri quando pulei daquele prédio. Se a angústia dominava meu coração, se o desalento era a palavra do dia, se desesperança é o que existia, meu esforço foi em vão em querer livrar-me disso naquele ato de solidão.
Pensei que tudo iria desaparecer. Minha angústia iria morrer. Meu destino iria desaparecer. Não, que decepção, continuei viva, mais viva que antes.
Meu corpo ensanguentado, minhas pernas quebradas, minha estrutura corpórea destruída e eu lá vivendo na solidão. Corri para pedir ajuda, falei para quem passava por lá, o que se acontecia comigo? Ninguém me ouvia, ninguém falava comigo.
Hoje sei que minha angústia era provocada pelos meus desatinos. Eu mesma criava as coisas da minha cabeça doentia e dava a tudo forma e vez. Era um mundo paralelo e nele eu sofria tremendamente.
Abandonei os remédios que poderiam minorar meu sofrimento. Não acreditava em nada daquilo. Minha sorte é outra, dizia para mim mesma. Não acreditei na química. Não acreditei nos poucos amigos que possuía. Não acreditava em mim mesma. Não acreditava na vida.
Morri e não morri.
Esta foi a maior frustração. Acordar viva no mundo dos “mortos”. Sofri demais com este meu ato cruel.
Penei por aí até encontrar a luz.
Fui acolhida por mãos carinhosas que me deram guarida e fui levada para um hospital espiritual.
Lá me acalmaram, cuidaram de mim até que eu me restabelecesse. A dor agora era mais forte. O arrependimento nem se fala. Estava sendo acolhida e isto era o que mais me importava.
Hoje eu tenho atividades reeducativas. Ajudo na tarefa de passes de uma casa espírita e dou lições de escrever para candidatos a médium antes de renascer. Não que eu saiba alguma coisa de mediunidade, mas como sempre gostei de ler e escrever, então me deram esta tarefa e estou gostando dela. É como se fosse um trabalho de “alfabetização mediúnica”, sabe?
Agradeço a Carlos o apoio que me foi dado. Foram as suas preces e de tantos outros que proporcionaram este acolhimento.
No fundo, a raiz das minhas angústias e desesperos era a minha teimosia em querer as coisas do jeito que eu queria. Aprendi aqui que o nome disso era arrogância.
Quanto me arrependo por não ter lido direito sequer um evangelho. Quanta coisa teria mudado na minha vida.
Sei que muitos têm estímulos semelhantes ao meu. Por favor, esqueçam isso! Não vale a pena. Não leva a nada. Aliás, leva sim, leva a mais sofrimento e arrependimento.
Coloquem, de fato, Jesus nas suas vidas. Fiz isto aqui e estou muito feliz. Se vissem como estou hoje, muitos nem me reconheceriam.
Sei que um dia vou renascer e terei que reparar a loucura que fiz. A única prejudicada fui eu mesma e tenho consciência que terei, mais cedo ou mais tarde, que dar meu testemunho existencial.
Pensem na vida com outros olhos. Não se desesperem por não encontrar nexo nas coisas. Uma recomendação que me alenta o coração hoje é que ao servir o outro esquecemos das nossas manias, das doenças da nossa alma.
Hoje, sou fã de Jesus. Não é conversa de uma beata ou de uma evangélica convicta – e se fosse isso nenhum mal teria. É depoimento de alguém que povoou apenas seu mundo mental e esqueceu de enxergar e compreender o mundo real.
Hoje sou outra pessoa. Mais otimista pela vida. Mais alegre. Mais feliz. Quando bate uma saudade ou quando me sinto um tanto fraca, procuro refúgio em Jesus e, a partir daí, nada me falta.
Obrigado pela oportunidade de mais uma vez escrever por você. Se me permitir, virei outras vezes para deixar meu recado de paz e soerguimento de almas.
Estou bem e é isto que importa.
Um abraço a todos que me conheceram.

Lourdes - Blog de Carlos Pereira

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