23.3.21

Momento de Dor

A humanidade chora. 
Os seus filhos, mães, pais, irmãos estão indo embora. 
É uma partida solitária e cheia de dor. 
Partir já faz chorar naturalmente e quando se parte sem se ver ninguém que se conhece a dor aumenta em proporções gigantescas. 
A dor da partida representa seu sinal que passou pela Terra e se pergunta o que fez para merecer esta desdita. 
Todos, minimamente, nos hospitais que recebem os nossos irmãos em morbidade pela doença do vírus que reina, sentem este vazio do partir sem os seus e pergunta-se: por que? O que eu fiz para ter este destino? Por que tanto sofrimento? 
A vida, meus caros, e feita do ir e vir, mas a dor da partida é sempre uma dor sofrida. É o momento de estar só consigo mesmo e todas as perguntas chegam juntas e intensas. 
Quando se entuba alguém, então, parece que se está dando a notícia da partida definitiva. 
Meu Pai, eu sei que temos que passar por experiências mil para um dia, finalmente, encontrarmo-nos em Teus braços celestiais, mas ajuda-nos a amparar nossos irmãos de caminho na sua partida derradeira nestes tempos difíceis que passa a humanidade. 
A dor de quem parte se junta à dor de quem fica. É como se fosse uma só. Sem começo nem fim. 
Por que partir ou por que ficar? 
Cada um possui o seu desiderato, sua história própria, sua necessidade de melhoria. 
Contar o caso de um não revela o que se sucede no caso de outro. 
Tudo, porém, tem a mão de Deus, então, confiemos, está tudo certo. 
Compartilhar a dor da partida faz com que ela diminua um pouquinho que seja, embora vá se viver com o outro para sempre nas retinas da alma.
Queda-se de medo, neste momento, todos os seres da Terra. Brancos e negros, altos e baixos, ricos e pobres. É a mesmíssima destinação para todos – sem distinção. 
O Pai iguala a todos na morte e, nesta, se faz de maneira mais aguda. 
Um sentido existe em tudo isso e precisamos aprender como humanidade para que esta história não se repita mais. 
É um convite de Deus para a temperança no afastar da dor. 
É um advertência do Pai diante do desamor. 
É uma súplica do Altíssimo em função do rancor. 
É preciso aprender pela dor porque não tivemos a consciência de aprender pelo amor. 
Um preço alto? Talvez. Como, porém, fazer avançar a humanidade – ou parte dela – que não consegue enxergar o seu lugar no altar divino? 
A materialidade ainda junta mais gente do que exercícios de espiritualidade. 
O egoísmo ainda predomina na maioria das criaturas que apenas vê o que lhe interessa. 
Basta! Este é o recado dos céus para que um dia não exista mais dor. 
Enquanto não soubermos, de fato, esta lição, a divindade terá que recorrer a estes expedientes. E não pense numa espécie de sadismo divino. Coisa alguma isso. É um choque para aqueles que não acordaram naturalmente da sua cegueira material. 
Isto vai passar, claro que vai passar.
Escutai, porém, o aviso dos Céus e trate de colocar em prática imediatamente o mandamento maior daquele que nos ensinou que é somente o amor que poderá redimir a multidão dos seus pecados. 
Amemos! 
Este é o único remédio que poderá salvar a humanidade. 
Hélder Câmara - Blog Novas Utopias

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