25.10.20

Fraternidade

Num ambiente onde se respire a paz e a solidariedade fatalmente um dos atributos mais marcantes dele seria o espírito fraterno.
Os homens, compreendendo-se como irmãos que são, tratariam uns aos outros de maneira mais compassiva e elevaria a sua condição para verdadeiros amigos.
Uma pessoa que tenha essa consciência fraterna já deu grandes passos para a perfeição porque verá, no relacionamento diário, qualquer um que encontre em seu caminho, como um alguém que lhe deve o sentimento de bondade e de amor.
A fraternidade é, pois, o ancoradouro seguro das relações humanas. O ponto central dos relacionamentos saudáveis e consequentes. Quando o ser humano avançar em progresso espiritual certamente a fraternidade será a tônica das relações.
Enquanto isso não ocorre, porém, temos que nos defrontar com uma série de comportamentos doentios, motivados principalmente pelo sentimento de egoísmo que ainda nutre parcelas significativas da população mundial.
Egoísmo representa, antes de tudo, a apropriação da atenção de tudo e de todos para essa pessoa. Tudo lhe pertence e tudo deve estar centrada unicamente nela. Ela é a pessoa mais importante do universo.
Este sentimento de exclusividade é marcante na sociedade atual porque, em grande parte, damos excessiva preocupação às coisas exteriores e somos demasiadamente contaminados pela sensação de saciedade dos sentidos como forma de nos sentirmos felizes.
A apropriação do Eu Superior ou Divino é um dever de todo aquele que pretende verdadeiramente evoluir na direção de Deus. Tomar a consciência do que se é, em outras palavras, legítimo filho do Altíssimo, promoverá outro tipo de comportamento social: o de fraternidade irrestrita.
O homem que já atingiu esse patamar de consciência vive em paz porque não almeja nada que lhe dê prazer aos sentidos físicos ou projetivos, mas apenas o que lhe abastece a alma.
A inversão da preocupação de interesse é um demonstrativo de evolução. A matéria, pura ilusão dos sentidos, e tudo aquilo que ela absorve e traz, passa a ter um caráter absolutamente secundário na vida dessa pessoa.
Dinheiro, projeção social, bens materiais, e outros demonstrativos de ganho, serão desprezíveis para aquele que já atingiu a consciência divina plena.
A maior parte das pessoas vive na ilusão do sentidos. O próprio interesse em ter o acúmulo de coisas reflete este grau de ilusão. Tudo que seja perecível, que se destrua, que possa ser eliminado facilmente, faz parte desse universo da ilusão.
Quando Jesus de Nazaré ensinou que o verdadeiro tesouro será aquele cujas traças não podem corroer, dava uma demonstração palpável de que somente devemos nos interessar por aquilo que nos encha o coração e alma de satisfação.
“O Reino de Deus não vem das aparências”, lembrava o mestre das nossas vidas.
A humanidade desperta dá os seus primeiros passos em direção da sua autonomia espiritual e despreza – ou dá apenas o valor que lhe cabe – às coisas materiais.
Entenda que Deus é algo a ser percebido pelos sentidos da alma imortal e não dos sentidos físicos. Esta compreensão básica eliminará, de uma vez por todas, o desperdício em se concentrar em algo que não lhe levará a lugar algum, a não ser da insatisfação e da frustração.
Acumule tesouros nos céus. Invista nas posses para a alma e abandone de vez o mundo das ilusões.
Menos ego e mais consciência divina.
Menos coisas e mais patrimônio espiritual.
Menos ansiedade e mais paz de espírito.
Eis o motivo para se agigantar diante da mesmice que o mundo hoje nos apresenta e sermos mais conscientes de nossa responsabilidade na edificação de uma sociedade mais fraterna e espiritualizada.

Helder Camara - Blog Novas Utopias

Nenhum comentário:

Postar um comentário