30.10.20

ESPIRITISMO E CIÊNCIA

    De quando em quando, temos tido oportunidade de acompanhar opiniões que, no campo da Ciência, se dividem entre os companheiros espíritas. Alguns se posicionado contra, outros a favor, desta ou daquela conquista viabilizada ou prestes a se viabilizar.
    Evidentemente, tendo sido codificado há mais de século e meio, o Espiritismo, através da palavra dos Espíritos Superiores a Kardec, não puderam tudo prever.
    Temos repetido, à saciedade, aqui e alhures, que o Espiritismo possui como característica o seu dinamismo no que tange à revelação gradativa da Verdade, que estamos longe de conhecer integralmente.
    Sempre que possível, a não ser quando se trata de nos posicionarmos frontalmente contra o que se oponha à clara manifestação do Bem, as opiniões extremas devem ser evitadas.
    Infelizmente, porém, o Espiritismo, em alguns pontos doutrinários de livre discussão entre os seus adeptos, se expõe ao perigo de dogmatizar-se.
    Esclarecemos, no entanto, que nenhum título acadêmico confere autoridade intelecto-moral para que a nossa palavra, neste ou naquele aspecto e sobre este ou aquele assunto, soe com força de lei, em menosprezo às demais.
    Gostaríamos de recordar a palavra lúcida de Chico Xavier, quando de sua histórica participação no primeiro Programa "Pinga-Fogo", em 1971. Questionado a respeito da vida criada em tubo de ensaio, o médium respondeu:"... com a assistência do espírito de Emmanuel, declaramos que o poder da Ciência é infinito, porque a Ciência está credenciada pela misericórdia, pela sabedoria de Deus para entrar em relação com todos os setores do progresso humano".
    Convenhamos em que a Sabedoria Divina não dotaria a Ciência de recursos, caso não fosse para que tais recursos pudessem vir a ser empregados no sentido de minorar os padecimentos humanos!
    Embora a Terra ainda seja um orbe de provas e expiações, é inegável que o homem, mormente no campo da Ciência, tem efetuado muitas conquistas, conquistas essas que concorrem, não digo para anulação das provas que ainda lhe são necessárias ao aperfeiçoamento, mas para a transformação delas, de modo que algumas não continuem com características tão primitivas.
    Antigamente, por exemplo, a mulher grávida cujo feto tivesse morrido em seu ventre corria grave perigo de uma infecção se generalizar, caso, pelas vias naturais, o corpo em formação não viesse a ser expelido. Porém, com o advento do exame da ultrassonografia - tal constatação sendo confirmada pelo médico obstetra - providências passaram a ser tomadas, no sentido de não expor a mulher a desnecessário risco de vida.
    A pretexto de obediência a suposto carma da mulher com o feto morto em seu ventre, alegando que, talvez, ela também tenha de desencarnar vítima de uma complicação decorrente da gravidez, não podemos, pois, dispensar o exame da ultrassonografia que pode salvá-la. Isso, no mínimo, seria irracional. E, de minha parte, pela minha condição de médico e, mais, de espírita, não consigo pensar de outra maneira. Ou seja, como dizia antigo sábio indiano: O carma é com Deus, mas o dharma é com o homem!
    Não façamos, assim, do Espiritismo mais um sistema de dogmas a juntar-se aos muitos já existentes na Terra, obstruindo o progresso, partindo-se, é claro, do pressuposto de que o Espiritismo - por equivocado capricho de seus adeptos - logre deter o avanço da Ciência.
INÁCIO FERREIRA - Blog Mediunidade na Internet

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