20.9.20

Jesus está com Fome

Um dado importante deve ser levado em consideração nestes dias que vivemos.
Diz respeito ao número de pessoas que mundo afora e no nosso País teve que ser submetido à restrição alimentar.
A fome é um fenômeno que ainda perdura no nosso planeta devido a ausência de prioridade de erradica-la definitivamente de nossas estatísticas oficiais.
A preocupação para o que comer deveria ser uma agenda permanente de todos os governos mundiais, pois, sem ter com o que se alimentar, fatalmente se morre e em pouco tempo.
A fome no Brasil grassa de muito tempo, sobretudo nos rincões mais distantes da nossa geografia sociopolítica como e o caso das regiões norte e nordeste e nunca esquecer das periferias dos grandes centros urbanos.
Em dado instante recente da política pública brasileira, a fome se tornou uma prioridade a ser combatida. Movimentos sociais se juntaram neste lema de erradicação da ausência alimentar e isto obteve grande êxito. Mas jamais pode se deixar de lado o que está dando certo.
Recentemente, as estatísticas oficiais deram conta que 10,3 milhões de brasileiros, entre os anos 2017-2018, voltaram a ter restrições alimentares, em palavras claras, passaram fome.
O ato de passar fome é sub-humano, ultrajante, é sinal claro da miséria. Uma afronta ao bem-estar social é uma demonstração da falência da gestão pública em cuidar dos seus menos possuídos.
Neste pedaço recente da história brasileira houve avanços irretocáveis, mas sem a vigilância necessária tudo, em pouco tempo, pode voltar ao que era antes.
Os números não foram piores este ano por causa do auxílio emergencial que, diante da pandemia virótica, deu ao menos um relento de um prato de comida na mesa dos mais pobres.
É fato, porém, que se a economia não volta a reanimar-se, como ficarão estes menores da sociedade quando este minguado valor for retirado de sua posse?
É claro que não se deseja aqui alimentar de esmolas os menos possuídos. Dia virá que não se necessitará fazer a caridade social e governamental porque não teremos mais miseráveis no País, no entanto, enquanto este dia não chega, todos devem se mobilizar diante de um quadro assustador que se avizinha.
Um País que ostenta no Cristianismo a sua principal bandeira religiosa, distribuída em diversos credos de fé, não pode jamais conviver com estes traços de miséria e ficar de braços cruzados sem nada fazer.
Não foi o próprio Cristo que afirmou que ao fazer a um dos pequeninos seria a Ele que estaria fazendo?
Pois bem, Jesus está com fome.
Fome de justiça social para acabar com esta situação de mendicância coletiva.
Fome de erradicação da corrupção que subtrai recursos que poderiam ser enviados para os mais necessitados.
Fome de redistribuição da riqueza que se concentra nas mãos de poucos deixando a maioria sem nada ter.
Fome de amor, por fim, ao passo de que quem verdadeiramente ama não permite que ninguém possa sofrer por razão alguma, sobretudo porque não temo que comer.
Os recursos devem vir de todos os lados.
Quem tem mais é chamado para dar a quem tem menos.
Os justos procurarão fazer algo pelos menores sociais.
A nossa rica agricultura pode – e deve – dar a sua cota de contribuição. Quanto de desperdício poderia ser evitado e fazer chegar a mesa dos mais pobres sem nada custar a mais por isso?
Tudo tem a sua vez quando há, efetivamente a preocupação de ajudar os menos favorecidos e que isso não signifique, de modo algum, um golpe de oportunismo político, como aliás tem sido o objeto da prática até os dias de hoje, a troca do voto por um pedaço de pão.
Agigantemos as nossas consciências.
Juntemos os nossos esforços.
Aliviemos a fome definitivamente do nosso povo que deseja justamente ganhar o pão de cada dia de modo digno e respeitável.
Ao mestre Jesus devemos fazer isso como uma demonstração inequívoca de que somos irmãos e não devemos tolerar o sofrimento, mínimo que seja, de nenhum deles.
Helder Camara - Blog Novas Utopias

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