6.9.20

Erros e Acertos

A minha vida sempre foi pautada de muita correção. Não que fosse perfeito, longe disso, mas a tentativa de não errar caminhou comigo por todos os meus dias.
É claro que errei – e muito – no desejo de acertar e errarei outras vezes mais, no entanto, ter em mente o melhor a ser feito foi uma perseguição constante na minha existência.
Isto estava localizado na vontade de servir ao Senhor. Eu não poderia errar, afinal, eu estou servindo ao Cristo e não posso jamais decepcioná-lo.
A minha frustração era grande quando percebia que, apesar das minhas boas intenções, me equivocava tremendamente.
Este senso de perfeição, às vezes beirava o perfeccionismo, que é danoso, e tinha o cuidado de separá-lo do senso de responsabilidade ao qual me imbuía.
A história, depois dos fatos rolados, é que iria me dizer do meu acerto ou erro. O desejo era acertar, mas o erro viria a me corrigir o pensamento distorcido, então encarava com naturalidade e até mesmo agradecia a lição aprendida.
Pois bem, neste momento histórico que vivemos, por tudo que percebo do lado de cá da vida, apesar de não concordar com muito do que vejo e ouço, tenho que admitir que há uma grandeza maior que nos protege e impulsiona.
Tomemos como exemplo o nosso Brasil.
Vivemos dias difíceis por causa da pandemia do novo Coronavírus e com ele vieram o fechamento de empresas, o desemprego, o medo, a incerteza, a dúvida do amanhã.
Tínhamos um futuro promissor pela frente, mas as bases de tudo isso estavam incertas. O vento da corrupção havia se transformado num tornado. As incertezas políticas fizeram acordar nas urnas uma solução improvável, esta que vivemos hoje e que dita os destinos do País.
Não vou considerar os detalhes dessa administração, não ficarei no varejo, mas, grosso modo, ela trouxe a esperança para milhões de brasileiros que acreditaram numa palavra firme de arrebatar a desonestidade pública, acabar com a insegurança das ruas e resgatar os valores cristãos – no seu modo de entendê-los.
Ora, cansado de tanta roubalheira e maus tratos, o povo resolveu se unir e por uma alternativa nova para governar o País.
Há nele acertos e erros como em qualquer outro governo.
Ele está legitimado pelas urnas.
É pacífico observar as limitações intelectuais do governante, um homem do povo, mas ele quer acertar, do modo dele, do jeito que ele sabe, mas deseja transformar o País.
Como todo governo que se preze, este também é eivado de muitas contradições entre discurso e prática. O que demonstra que se as pessoas mudam, a essência e as práticas, em muitos pontos, não se alteram facilmente.
É neste embate que a democracia cresce, as pessoas amadurecem e o progresso se estabelece.
Não quero aqui tecer considerações específicas porque incorreria em erro de avaliação em relação ao todo.
Um governo liberal, porém, deixa de lado alguns valores que são substanciais para uma gente cuja renda é baixa e onde predomina, na maior parte da população, pobres e miseráveis.
Não sei se este governo dará certo, mas ele vai cumprir o que se espera dele, até, naturalmente, o desgaste chegar – como ocorre com todo governante – e termos outro que tome-lhe o lugar. É este o ciclo da política aqui e no mundo.
Especialmente nos dias de hoje, em que a pandemia subtrai riquezas e impõe nova agenda de ações, o dinheiro que se repassa aos pobres é de grande utilidade e deve ser dado mesmo, porque se não for para assistir o indefeso, por que então existiria o Estado?
Tudo passará e espero que logo. O que deve ficar são as lições de cada fato e que possam impulsionar essa gente a se enxergar como protagonista de seu destino e enveredar suas ações na criação da sua própria autonomia, erradicando de vez a incrível dependência externa como agora.
Vamos lá, há tudo por fazer. Nada de se lamentar ou olhar para trás. O Cristo pede passagem para um novo tempo. Não percamos esta oportunidade bendita de estar com Ele nesta nova era que se instala no coração dos homens.
Estejamos em paz!
Helder Camara - Blog Novas Utopias

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