Por que guardamos rancor contra os outros?
Que ganhamos com isso senão dissabor? É assim que se passa quando nos
resguardamos em mágoas contra aquele que nos fere a alma. Somente traz prejuízo
a nossa vida guardar no coração o mal que o outro fez. O perdão, antes de ser
um elemento de elevação moral, representa um antídoto eficaz contra os males da
alma que repercutem no coração e na saúde das pessoas. Amar é sem dúvida o
grande caminho e remédio contra as angústias que a ausência de perdão faz
provocar naquele que teima em não esquecer o desequilíbrio moral do outro.
Por que se prender a queda do ignorante do
bem? Por que querer se atracar contra aquele que te feriu a alma? Que ganhará
com isso?
Isso se chama vingança e sentimento de
vingança é o inverso do amor. "O amor cobre a multidão de pecados",
lembrava bem o apóstolo Pedro. Somente o amor consegue abrasar a maior das
revoltas anteriores. Sem o perdão sincero do pecado do outro faz-nos atrasar,
cada vez mais, no caminho evolutivo de nossas almas perante a saga das nossas
vidas.
Se Deus, o justo por excelência, esquece a
falta daquele que erra, por nós, seus
filhos haveríamos de querer adotar um procedimento inverso? Sem querer, fazemos
exatamente ao contrário do que estamos destinados. Em vez de seguirmos para a
frente, andamos determinadamente para trás. Isto não pode acontecer.
O caminho de perdão não é tão difícil se
entendermos, ou procurarmos entender, as razões pela quais alguém nos cometeu
um crime moral.
O perdão eleva as criaturas para mais
próximo do Pai, que nos encoraja para conseguirmos superar no coração a falta
cometida contra nós. Sem o perdão, nos igualamos ao nosso desertor. E qual a
vantagem de aceitar o Evangelho se permanecemos iguais ao que éramos antes? Se aceitamos
o Cristo, necessitamos mudar o nosso comportamento para melhor. Você é o senhor
do seu destino e por que não toma logo uma atitude de mudança?
Todos querem chegar aos céus, imaginam
para si o melhor, no entanto, quer que isso ocorra milagrosamente porque não
faz qualquer esforço determinado nesta direção. Até o Cristo enfrentou a cruz,
e por nós, ainda tão falhos, queremos atingir a angelitude como num passe de
mágica?
Mudar causa um certo desconforto, é bem
verdade, causa dor interior, dor na alma. Dor que transforma quando a
aproveitamos para refletir com ela. Quando deixamos para lá um cometido contra
nós estamos exercitando a mudança de verdade porque estamos enfrentando a nós
mesmos, afugentando os sentimentos de vingança e agressividade. O tempo do olho
por olho e dente por dente já acabou há bastante tempo. Foi o Nosso Senhor
Jesus Cristo que nos trouxe a mensagem do amor, sobretudo o amor aos nossos
inimigos. Que mudança nos propõe o Cristo? É uma mudança radical, mudança pra
valer. É por isso que não é fácil aceitar o Cristo sem que peguemos a nossa
própria cruz. A cruz dos destemperos, dos impulsos agressivos, dos revides
automáticos.
Perdoem, irmãos, mas perdoem de verdade. É
um fardo a menos que levaremos quando "morrermos".
Olhe, eu tenho visto tanta
gente perturbada do lado de cá, porque não consegue, ou não quer, esquecer o
mal que os outros lhe impuseram. E aí se torna um fardo enorme.
Amemos, como Jesus nos amou.
Verdadeiramente, sem subterfúgios. Assim, teremos a graça de nos sentirmos mais
aliviados por estarmos mais próximos do Pai Amantísisimo.
Livro: Novas Utopias - Carlos
Pereira - Helder Camara
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