Apesar dos avanços inegáveis
no campo político, tenho a dizer que ainda falta muito para que tenhamos, de
fato, uma democracia limpa, sem manchas de espécie alguma. Digo isso, meus
filhos, porque vejo, do lado de cá da vida, tanta sujeira, tanto descalabro,
tanta coisa sem propósito.
Os homens agem como se tudo
fosse acabar amanhã, como se tudo tivesse um fim próximo. Meu Deus, que tamanha
asneira em assim pensar. Correm de um lado para outro para buscar atender aos
seus interesses particulares. Querem ver logo e agora tudo aquilo que os façam
vangloriar pela sua verve, pelo seu espírito de empreendedorismo, pela sua
capacidade de realização.
Tenho cá algumas dúvidas
comigo. Será que eles realmente acreditam que estes feitos, estas supostas
realizações pessoais, serão eternizadas? Que todos haverão de reconhecer que
fora dele, um dia, tais iniciativas?
Tudo, penso eu, é obra de
Deus Pai, isto sim é que eles, estes supostos realizadores, deveriam pensar,
mas não, para proveito pessoal, para se vangloriarem exibem tantas coisas para
que os outros lembrem sempre que foi ele que deixou aquilo plantado. Quando
morrem, porém, veem o quanto são pequenos na grandiosidade da obra de Deus Pai.
Quando deixam o corpo físico, percebem, finalmente, o quanto deixaram de fazer
por si mesmos. Alcançaram a altura no poder terreno e ficaram a mercê naquilo
que seria o autopoder espiritual. Tanta obra externa para nada porque a obra
maior, aquela que deveria ser erguida a partir de seu coração, sequer foi
iniciada, muitas vezes, um só tijolo.
Digo isso porque vejo as
grandes obras serem edificadas. Não que elas não sejam importantes, claro que
são, ninguém duvida disso, mas querer crer que isto basta para a realização de
um povo é pensar bem pequeno. A obra maior que um governante possa fazer para
sua gente é tirar-lhe da miséria maior que se chama ignorância.
Quando um governante prioriza
a luz do saber para seu povo ele estará erguendo a maior obra de todas, aquela
que fala bem alto para outras gerações: a da prosperidade sem fim.
Quando se ergue uma obra de
pedra e cal, quando se constrói um complexo viário, por exemplo, uma obra
arquitetônica considerável, tudo aquilo, mesmo que não se queira, um dia pode
ruir, virar pó novamente, mas duvido, duvido, que o esclarecimento, que a verdade,
que a sabedoria, impregnada na inteligência de alguém de despedaçará com o
tempo. É obra imorredoura, é obra para a eternidade.
Quando vejo estes políticos
por aí contando vantagens pelos números grandiosos de suas realizações e dou
uma olhada no investimento sincero em educação, digo para mim, era melhor nem
falar coisa alguma, teria era vergonha de abrir a boca para "arrotar"
tanta vantagem que não tem consistência alguma.
Assim, meus filhos,
preocupem-se com a política antes e depois das eleições, para que seu voto seja
valorizado, para que as obras verdadeiras, as mais importantes, sejam
priorizadas e executadas, que não fiquem no papel ou na lembrança.
Educar para o futuro, eis a
grande obra para a prosperidade dos povos.
Um abraço,
Helder Camara – Blog Novas
Utopias
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