17.11.19

República do Cristo


Agora que se comemora mais um ano de República, necessitamos perguntar a nós mesmos se o ideário republicano efetivamente fez-se presente no solo brasileiro.
Corro para afirmar que, infelizmente, não.
O ideal de se construir uma república, dos primeiros positivistas brasileiros, no final do século 19 ainda está no campo das ideias.
O pensamento de fazer com que as nossas decisões sejam pautadas por uma conduta humanista e inclusiva não perdurou por muito tempo. As elites oligárquicas da época – as mesmas que vigoram no poder até hoje – não entendiam direito o que isso representava e o povo, desletrado, passou ao largo dessa nobre intenção.
A coisa pública, bem de todos, é um ideário humano e, ao mesmo tempo, profundamente cristão, representa, na sua essência, a ideia da partilha, da divisão dos bens para com todos, de modo que ninguém fique prejudicado porque outro deteve de todas as partes.
É ou não é a concepção do Cristo que desejava que todos tivessem acesso e gozo de tudo que fosse gerado na Terra?
É ou não a própria ideia magnânima da amar ao outro como a si mesmo?
O Cristo, nestes termos, também era um republicano à medida que conclamava a todos dividirem o que possuíam para o benefício de todos.
Neste mesmo raciocínio, representa que os bens devem ser divididos igualitariamente, ou ao menos o acesso a eles, sobretudo os bens básicos que se necessita para a sobrevivência e a vida social.
O Cristo previa que a natureza pertencia a todo ser humano e não apenas a uma parte diminuta deles. Por não entender essa máxima e aurida de muito egoísmo, o ser humano, e notadamente os brasileiros, não conseguiram materializar o ideal de república sonhado pelos seus primeiros mandatários.
Agora, passado algum tempo, vale a pena rever estes princípios e buscar coloca-los em prática para que possamos ter o Brasil como terra de todos e não de uns poucos.
Façamos a república do Cristo entre os homens.
Deixemos de lado qualquer sentimento de privilégio.
Sejamos partícipes de uma nova era em que a justiça prevaleça no seio da sociedade brasileira e que ela possa se espelhar no sentimento de uma convivência fraterna e igualitária.
A república não morreu, mas necessita ser ensinada para que todos a coloquem em prática, a começar pelos governantes e os donos do poder.
Helder Camara –Blog Novas Utopias

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