63 –Considerando a determinação positiva do “não
julgueis”, como poderemos discernir do mal, sem julgamento?
-Entre julgar e
discernir, há sempre grande distância. O ato de julgar para a especificação de
conseqüência definitiva pertence à autoridade divina, porém, o direito da
análise está instituído para todos os Espíritos, de modo que, discernindo o bem
e o mal, o erro e a verdade, possam as criaturas traçar as diretrizes do seu
melhor caminho para Deus.
64 –Em face da lei dos homens, quando em presença
do processo criminal, deve dar-se o voto condenativo, em concordância com o
processo-crime, ou absolver o réu em obediência ao “não julgueis”?
-Na esfera
de nossas experiências, consideramos que, à frente dos processos humanos, ainda
quando as suas peças sejam condenatórias, deve-se recordar a figura do Cristo
junto da pecadora apedrejada, pois que Jesus estava também perante um
júri.
“Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra” – é a sentença que
deveria lembrar, sempre, a nossa situação comum de Espíritos decaídos, para não
condenar esse ou aquele dos nossos semelhantes. “Vai e não peques mais” – deve
ser a nossa norma de conduta dentro do próprio coração, afastando-se a erva do
mal que nele viceje.
Nos processos públicos, a autoridade judiciária, como
peça integrante da máquina do Estado no desempenho de suas funções
especializadas, deve saber onde se encontra o recurso conveniente para o
corretivo ou para a reeducação do organismo social, mobilizando, nesse mister,
os valores de sua experiência e de suas responsabilidades.
Individualmente,
porém, busquemos aprender que se podemos “julgar” alguma coisa, julguemo-nos,
sempre, em primeiro lugar, como o irmão mais próximo daquele a quem se atribui
um crime ou uma falta, a fim de estarmos acordes com Aquele que é a luz dos
nossos corações.
Nas horas comuns da existência, procuremos a luz evangélica
para analisar o erro e a verdade, discernir o bem e o mal; todavia, no instante
dos julgamentos definitivos, entreguemos os processos A Deus, que, antes, de
nós, saberá sempre o melhor caminho da regeneração dos seus filhos
trabalhadores.
65 –O homem que guarda responsabilidade nos cargos públicos da
Terra responde, no plano espiritual, pelas ordens que cumpre e faz
cumprir?
-A responsabilidade de um cargo público, pelas suas características
morais, é sempre mais importante que a concedida por Deus sobre um patrimônio
material. Daí a verdade que, na vida espiritual, o depositário do bem público
responderá sempre pelas ordens expedidas pela sua autoridade, nas tarefas da
Terra.
66 –O preceito evangélico – “assim pois, aquele que dentre vós não
renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” – deve ser interpretado
no sentido absoluto?
-Ainda esse ensino do Mestre deve ser considerado no seu
divino simbolismo.
A fortuna e a autoridade humanas são também caminhos de
experiências e provas, e o homem que as atirasse fora de si, arbitrariamente,
procederia com a noção da irresponsabilidade, desprezando o ensejo do progresso
que a Providência Divina lhe colocou nas mãos.
Todos os homens são
usufrutuários dos bens divinos e os convocados ao trabalho de administração
desses bens devem encarar a sua responsabilidade como problema dos mais sérios
da vida.
Renunciando ao egoísmo, ao orgulho, à fraqueza, às expressões de
vaidade, o homem cumprirá a ordenação evangélica, e, sentindo, a grandeza de
Deus, único dispensador no patrimônio real da vida, será discípulo do Senhor em
quaisquer circunstâncias, por usar as suas possibilidades materiais e
espirituais, sem os característicos envenenados do mundo, como intérprete
sincero dos desígnios divinos para felicidade de todos.
67 –Como interpretar
o movimento feminista na atualidade da civilização?
-O homem e a mulher, no
instituto conjugal, são como o cérebro e o coração do organismo
doméstico.
Ambos são portadores de uma responsabilidade igual no sagrado
colégio da família; e, se a alma feminina sempre apresentou um coeficiente mais
avançado de espiritualidade na vida, é que, desde cedo, o espírito masculino
intoxicou as fontes da sua liberdade, através de todos os abusos, prejudicando a
sua posição moral no decurso das existências numerosas, em múltiplas
experiências seculares.
A ideologia feminista dos tempos modernos, porém, com
as diversas bandeiras políticas e sociais, pode ser um veneno para a mulher
desavisada dos seus grandes deveres espirituais na face da Terra. Se existe um
feminismo legítimo, esse deve ser o da reeducação da mulher para o lar, nunca
para uma ação contraproducente fora dele. É que os problemas femininos não
poderão ser solucionados pelos códigos do homem, mas somente à luz generosa e
divina do Evangelho.
68 –Como conceituar o estado de espírito do homem
moderno, que tanto se preocupa com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e
“trabalhar para enriquecer”?
-Esse propósito do homem viciado, dos tempos
atuais. Constitui forte expressão de ignorância dos valores espirituais na
Terra, onde se verifica a inversão de quase todas as conquistas morais.
Foi
esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a crise
moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que o homem
físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade que
dinheiro, de mais luz que de pão.
Da obra “O Consolador” – Espírito:
Emmanuel – Médium: Francisco Cândido Xavier
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