No livro “O Céu e o Inferno”, em seu capítulo III – “O Céu”
–, Allan Kardec, inspirados pelos Espíritos Superiores, escreveu com lógica
insofismável: “Embora os espíritos estejam por toda parte, os mundos são as
sedes onde eles se reúnem, de preferência, em razão da analogia que existe entre
eles e aqueles que os habitam. Ao redor dos mundos avançados afluem os espíritos
superiores; ao redor dos mundos atrasados, pululam os espíritos inferiores. A
Terra é ainda um destes últimos. Cada globo tem, pois, de alguma forma, sua
população própria em espíritos encarnados e desencarnados, que se alimenta, em
maior parte, pela encarnação e a desencarnação dos mesmos espíritos.”
Mais
claro impossível. Cada globo, ou cada Esfera, ou, ainda cada Dimensão, com a
“sua população própria em espíritos encarnados e desencarnados”...
Vamos
exemplificar: a Terra, um dos globos do Universo, possui a sua população
encarnada e desencarnada, e, assim, deve ser com todos os globos habitados do
Universo físico.
Imaginando a Terra, com as suas Esferas, que, com ela,
perfazem o número de Sete Esferas, é natural se pensar que cada uma dessas
Esferas possui a sua população “encarnada” e “desencarnada”...
Notemos que
Kardec, com a sua sabedoria e precisão, não se esqueceu de grafar no texto:
“Cada globo tem, pois, de alguma forma...” Sim, porquanto, assim como não
podemos tomar a vida do homem na Terra como padrão uniforme para a vida dos
espíritos nos mais diferentes mundos, não podemos concluir que as condições de
vida dos espíritos que pululam ao redor das diversas Esferas sejam as
mesmas.
Evidentemente, por exemplo, que a população invisível da Dimensão das
Trevas difere da população invisível da Dimensão da Terra! E assim, em
consequência, para as consideradas Sete Esferas da Terra, sejam elas mais, ou
menos, materiais.
A população invisível da Esfera em que me encontro,
denominada, genericamente, de Umbral, existe e é algo diferente da população
invisível que rodeia a Humanidade encarnada.
Difícil de entender?! Nem tanto.
Façamos um esforço.
A rigor, a verdadeira população invisível da Terra é a
que se localiza no Umbral Grosso, porquanto a que se situa no Umbral Fino, onde
fica localizada a cidade de “Nosso Lar”, embora igualmente invisível para os
encarnados, é uma população fixa – os seus integrantes, como se pode ler na obra
de André Luiz, aí constituem família, estudam, trabalham e até mesmo
procriam.
Os maiores candidatos à reencarnação imediata na Terra são, em
geral, os que desencarnam e permanecem nas suas proximidades, em suas
sub-Dimensões – muitos deles, inclusive, inconscientes do fenômeno da própria
desencarnação.
O assunto, reconhecemos, é complexo, e exige maior esforço no
campo da reflexão e da análise.
Se assim não fosse, como os espíritos, que se
dizem situados nas Trevas, conseguiriam subir e se comunicar nas reuniões de
desobsessão, que são levadas a efeito nos Centros Espíritos da Terra?!
Muitos
desses espíritos comunicantes, em verdade, são aqueles que estão vivendo no
Umbral Grosso, e que, para se comunicarem, não têm que subir, mas, sim,
descer!
De qualquer maneira, o assunto fica lançado para saudável discussão
entre os estudiosos sérios da Doutrina.
Gregório, personagem do livro
“Libertação”, encontrava-se “encarnado” nas Trevas... Vocês se recordam que
Gúbio, André Luiz e Elói, a fim de serem percebidos por ele, tiveram que se
materializar?!
Seria possível que Gregório, estando “encarnado” nas Trevas,
se comunicasse numa sessão de desobsessão na Terra?! Seria possível que um
médium de psicofonia o “recebesse”?! A nosso ver, somente se, em seus instantes
de desprendimento natural, ele deixasse o corpo! Quantos encarnados, em seus
momentos de desdobramento, com o seu corpo espiritual, descem à Dimensão das
Trevas?! Ou mesmo quantos outros, logram subiràs Esferas Superiores, deixando na
Terra o seu pesado veículo físico, e, às vezes, até mesmo o seu perispírito mais
grosseiro?!
André Luiz, em “Nosso Lar”, foi levado a se encontrar com a sua
mãe, habitante da Esfera seguinte, através de seu corpo mental – ele deixou o
seu perispírito ressonando na cidade espiritual em que passara a viver além da
morte.
No capítulo 33, intitulado “O Sonho”, André Luiz, de maneira sucinta,
descreve o fenômeno de seu desprendimento, indo visitar a mãe na outra Dimensão:
“Eu sabia perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das
Câmaras de Retificação, em ‘Nosso Lar’, e tinha absoluta consciência daquela
movimentação em plano diverso.”
Enquanto o estado de inconsciência é
característico de quem “sonha” nas Dimensões Inferiores – como na Terra, por
exemplo –, a consciência desses estados de desdobramento, nas viagens astrais, a
partir da Dimensão do Umbral Fino parece que vai se acentuando.
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba – MG, 17 de novembro de 2014.