21.6.25
Trovas de Alegria
Destilando o mal a esmo,
É cauda de escorpião
Envenenando a si mesmo.
*
A vida de muita gente
É semelhante à da aranha.
Que quanto mais tece a teia,
Mais na teia se emaranha.
*
Quase sempre, é preferível
Ao da lebre que se estuga,
Seguir no caminha a frente
A passo de tartaruga.
*
Fofoca que se alimente
Da voz de quem fala baixo,
É comparada ao cupim
Que a casa coloca abaixo.
*
Por mais lutes, não te esqueças
Que ter nas mãos muitos calos,
E bem melhor do que ter,
Na cabeça, muitos “galos”...
*
Se não pode ser o Sol
Que tudo aclara em seu lume,
Procure ao menos, na estrada,
Ser a luz de um vaga-lume.
*
Embora na paraíso,
Diz a Bíblia claramente
Que o drama de Adão e Eva
Começou com um serpente...
*
Com referência à Verdade,
Para não fitar-lhe a luz,
Há quem se esconda no mundo
Como se fosse avestruz.
*
Os homens formam, na Terra,
Um rebanho por inteiro,
Entretanto, a maioria
É mais lobo que cordeiro.
*
Se alguém te fere e abandona,
Deixa que siga o seu curso...
É melhor estar sozinho
Do que ao pé de “amigo urso”.
*
Mensagem que a vida encerra
E proclama em grande estilo:
Para quem cumpre o dever,
A morte nunca tem “grilo”.
*
Foi por receio da história
Da cigarra, a pobre amiga,
Que quis renascer poeta
Tendo o nome de Formiga.
Formiga/Baccelli - blog Espiritismo e Prosa e Verso.
Grupo Espírita da Prece
Uberaba – MG, 18-11-89
19.6.25
RELAXAMENTO DOS LAÇOS
RELAXAMENTO DOS LAÇOS
O relaxamento dos laços de família seria para a sociedade um desastre moral, capaz de reconduzi-la ao primitivismo. O que aconteceria ao corpo se desfizéssemos os órgãos que o compõem? Certamente que seria a morte.
Avançar é a meta de todos nós e, para tanto, necessário se faz que entremos em novos métodos de vida. Quem cresce, amplia suas necessidades, desperta seus dons e essas qualidades devem ser acionadas nos seus devidos sentidos.
Certamente que, pelos caminhos do desenvolvimento, não encontraremos apenas suavidade; observemos os grandes personagens da história; todos eles sofreram a incompreensão dos conservadores, 'daqueles que amam mais o comodismo, que se sentem bem na ociosidade, sem esforço próprio, que não desejam crescer e são contra o progresso. Quem deseja progredir, deve preparar-se para sofrer, pois os mesmos fariseus e escribas estão por toda parte, contra as idéias do progresso, tanto material como espiritual, ou mesmo moral, das criaturas.
Quem se apega somente em combater o erro alheio, nada apresenta em favor dos que padecem. Eles desejam defender aquilo que eles mesmos desconhecem. Eles, como diz a sabedoria popular, "coam um mosquito e engolem um camelo".
A família é o alicerce da sociedade. Nela se assenta a base da harmonia dos povos. Como preparar homens de valor para o amanhã, sem essa base? Criança sem orientação é marginalização à vista. Os governos de amanhã deverão, por necessidade do próprio povo, investir nas famílias para a educação e instrução das novas gerações.
No Evangelho podemos encontrar todas as respostas para a nossa paz, ainda que, muitas vezes, de maneira sutil para a nossa fraca percepção:
Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão. (Lucas, 24:35)
Jesus acompanhou os dois discípulos no caminho para Emaús, conversou com eles, mas somente deu conhecimento de quem era quando estava dentro do lar, partindo o pão. Devemos compreender que somente na família podemos saciar a fome de amor e reconhecermos, nesse estágio em que se encontra a humanidade, a Jesus. Ele se encontra dentro de todos os lares, para nos ensinar os princípios do amor.
Desfazer a família é desorientar a humanidade. O combate ao egoísmo começa no lar, porque ali passamos a nos interessar uns pelos outros, já com certo desprendimento. Esta é a verdade. Como criar filhos com bom comportamento, sem a presença dos pais, sem o aconchego dos companheiros em família? Deus fez o homem e a mulher para que os dois iniciassem um mundo dentro de casa, representando todo o universo dentro de um lar.
Embora já tenhamos falado muitas vezes, tornamos a dizer: ninguém consegue viver sozinho, em parte alguma. Todos precisam de todos para se completarem rumo à felicidade. Se queremos ser felizes, trabalhemos para a felicidade dos que viajam conosco no grande caminho da vida. Que Deus nos abençoe, para entendermos as Suas leis, que palpitam em toda parte, e têm o poder de nos libertar, com a liberdade em Jesus Cristo.
Livro Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez.
18.6.25
BAGATELA
O vento corre uivante e desempedra
Alvo seixo engastado na montanha
A pedra solta cai sobre outra pedra,
Brotam faíscas de uma luz castanha...
Novo golpe do vento e o fogo medra
Na alfombra ressequida, em doida sanha...
Há luta que se alteia e se desmedra
No incêndio arrasador em fúria estranha..
Mais forte zune o vento e a tudo encrispa,
10. Sobem chamas cruéis de chispa em chispa...
O homem chora a perdida sementeira...
Também no mundo é assim... Por bagatela
13. Surge a paixão que se desencastela,
14. Queimando a safra de uma vida inteira
...
(*) Para Manuel Bandeira, RC “certamente é o maior artista do verso que já tivemos”. “O maior dos parnasianos”, afirma Agripino Grieco – “e um dos poucos que tiveram íntima sensibilidade, foi Raimundo Correia”. Exerceu cargos de magistratura, administração e diplomacia, e foi professor da Faculdade de Direito de Ouro Preto. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Ronald de Carvalho (Pequena Hist. Lit. Bras., pág. 295) declara que o poeta, “por suas tendências à meditação e seu entranhado amor aos problemas íntimos da consciência, ficou mais perto da anima rerum que os seus companheiros. “Em sua arte poética existia algo de nobre e superior, dentro de uma emoção nunca transbordante, mas sempre vigiadas pelo senso crítico.” (A. Lins e A. B. Hollanda, Rot. Lit., II, pág. 611). (A bordo do vapor brasileiro San’Luiz, barra de Mangunça, Município de Cururupu, Maranhão, 13 de maio de 1859 – Paris, 13 de setembro de 1911).
BIBLIOGRAFIA: Primeiros Sonhos; Sinfonias; Versos e Versões; etc.
10. Observe-se a onomatopéia, acentuando a idéia de incêndio: “chamas cruéis de chispa em chispa.../ O homem chora...
13. “Surge a paixão que se desencastela”. Este decassílabo sáfico com acento secundário na 8ª sílaba, conquanto venha de um parnasiano, não constitui inovação na poética de Raimundo Correia. Pelo menos é o que depreendemos dos exemplos seguintes, colhidos em sua Poesia Completa e Prosa:
- “Por sobre as águas indolentemente” (Verso 14º do soneto “Ofélia”, páginas 145-146);
- “De escuma, e raios e fosforescências...” (Verso 18º do poema “O Dia acorda”! Deus por uma fresta”, de Versos e Versões, pág. 190)
- “Vi-te no céu; e enamoradamente,” (Verso 2º do soneto “Beijos do Céu”, pág. 301)
14.O tema deste soneto – “Bagatela” – corresponde às características apontadas por Péricles Eugênio da Silva Ramos, sobre a poesia de RC: “As características de sua poesia são, pelo fundo, um agudo sentimento da transitoriedade das coisas e insolúvel pessimismo; e, pela forma, perceptível senso das virtualidades vocabulares. Sempre foi considerado um dos grandes do parnasianismo; e não há por que rever essa posição” (Pan. III, págs. 77-78)
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
17.6.25
Mensagem publicada na página 04 da Gazeta de Limeira em 17/06/2025
ATIVIDADE DE DEUS
Deus
jamais ficou, fica ou ficará inativo. Não podemos conceber um Deus sem ação
dentro da sua criação; Ele é o sol espiritual mantenedor de todas as vidas e a
Ele estamos ligados. Quando falamos que Deus criou o universo, é por faltar em
nossa linguagem o verdadeiro significado de criação. Se Ele criou, onde buscou
o princípio da formação das coisas? Essa é uma fórmula que Ele não achou
conveniente que os homens soubessem. Nesse campo profundo, somente os Espíritos
puros, altamente evoluídos, têm notícias dessa ciência espiritual. A matéria
existe, desde a eternidade, como Deus? Somente Ele o sabe, nos informa o
"Livro dos Espíritos". Só podermos dizer que a idade da matéria se
perde para nós, na noite dos milênios incontáveis. Há segredos que ficarão sem
serem desvendados, por nos faltarem sentidos e capacidade para suportar as
revelações e saber fazer uso das belezas imortais, dos valores do Espírito. O
éter divino é sensível ao nosso caráter, como também grava as nossas
deficiências. O santo o usa pela força do amor e da caridade para ajudar,
servindo todas as criaturas que carecem de amparo e de socorro. É bom e justo
que pensemos que não existe nada separado de Deus, pormenorizar as atividades
de Deus é salientar a nossa ignorância acerca d'Ele, pois, somente Ele se
conhece. Nós ainda temos de adentrar as primeiras sendas do conhecimento de nós
mesmos, para depois começarmos a pensar, estudar e compreender o livro da
natureza, onde os atributos da Divindade estão em evidência. As portas pelas
quais deveremos entrar para nos conhecer são ensinadas por Jesus Cristo, no seu
Evangelho. A vivência dos preceitos que Ele nos ofereceu nos faz compreender o
que se deve pensar acerca de Deus e da Sua Criação.
Filosofia Espírita L.E.21 – João N. Maia
– Miramez – Toninho Barana
16.6.25
Espiritismo em Queda? – I
A confiar-se na pesquisa apresentada, podemos, sim, emitir o nosso parecer a respeito do assunto, começando por dizer que, infelizmente, desde 2002, portanto há 23 anos, quando Chico Xavier desencarnou, observamos uma mudança nos rumos do Movimento Espírita.
O Espiritismo nunca esteve, não está e jamais estará em queda como Doutrina de Tríplice Aspecto, de vez que, com o avanço da Ciência, muitos de seus postulados vêm sendo confirmados e haverão de sê-lo cada vez mais.
Na revivescência do Cristianismo, o Espiritismo, conforme no-lo dizem os Espíritos Superiores, está em a Natureza, e sempre existiu, posto que seja um conjunto de Leis Naturais reveladas aos homens.
Agora, realmente, o Movimento Espírita tem sido atualmente negativo para a divulgação do Espiritismo, porquanto, em advertência feita pelo próprio Chico Xavier, ele vem enveredando pelo caminho do Elitismo, esquecido de suas funções de Consolador Prometido.
Em sentença atribuída a León Denis, um dos continuadores de Kardec, foi dito com clareza: “O Espiritismo será o que dele fizerem os homens”. De minha parte, substituiria a palavra homens pelo termo espíritas.
E, infelizmente, é o que temos visto acontecer, porque o Movimento centralizou-se, fez com que o Espiritismo, praticamente, saísse da periferia das cidades, que foi onde ele cresceu – Jesus pregou o Evangelho no meio do povo, e foi o povo que, durante trezentos anos, pereceu em seu testemunho.
Temos, igualmente, observado muitos Centros Espíritas, para angariar adeptos, cedendo a práticas estranhas à Doutrina, misturando, por exemplo, o passe com o reike, sem mencionarmos o personalismo que vem levando dirigentes espíritas a fazerem um Espiritismo à sua maneira ou à moda de seus “guias”.
O que falarmos de oradores e médiuns que se valem de suas faculdades procurando apenas e tão somente holofotes, transformando as suas apresentações em verdadeiras apresentações circenses?!
Os grupos espíritas, com exceções, são quase rivais uns dos outros, não apoiando as iniciativas doutrinárias que são promovidas para a comunidade, chegando uns a proibirem, ou, então, a pedirem contas porque o frequentador de “seu” Centro foi prestigiar o evento organizado pelo outro Centro.
Ora, sabemos que a Doutrina Espírita, no dizer de Emmanuel, “é processo libertador de consciências”, e estamos, nos dias que correm, atravessando uma hora de transição, uma época de consumismo na qual prevalece o imediatismo das pessoas também no campo espiritual da Vida – as pessoas, em geral, querem ter os seus problemas equacionados, querem obter a cura de suas mazelas, querem que os seus negócios materiais prosperem, e por aí afora. Poucos são os que, realmente, se interessam pelo processo de renovação íntima, que também, em face do materialismo que impera na sociedade, é um grande obstáculo, mormente quando os expositores da Doutrina não sabem tratar dos assuntos cotidianos à luz do Espiritismo.
E o que dizermos do esquecimento, a partir de nossos chamados órgãos unificadores, da criança e do jovem, que quase não têm espaço nas Casas Espíritas?! – e dos pais espíritas que sequer cogitam de realizarem o Culto do Evangelho no Lar?!...
Repetimos o que já dissemos algumas vezes aqui mesmo no espaço deste Blog: está passando da hora de voltarmos as nossas vistas e a nossa atenção para a Evangelização Infantil e para a Mocidade Espírita, e dando menos espaço à mediunidade incipiente de tantos confrades e confreiras, que, mal tendo começado a exercitar-se, por exemplo, no campo da psicografia, já querem editar os “seus” trabalhos.
Para não nos estendermos em nosso parecer, voltaremos, quando oportuno, a dele tratar, esperando que, sem defender o chamado proselitismo de arrastamento, os espíritas que somos comecemos, com urgência, nos submetermos a uma autocrítica no que tange ao Movimento, em vez de gente querendo atualizar a linguagem de Allan Kardec e outros quejandos, no mínimo, estranhíssimos.
Que falta faz Chico Xavier!...
INÁCIO FERREIRA - Blog mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 15 de junho de 2025.
15.6.25
O ESPÍRITO DE SISTEMA E AS NOVAS VERDADES
Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis um homem glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! E contudo a sabedoria é justificada pelas suas obras". (Mateus, XI, 18-19.)
"Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mundo falava e via. E toda a multidão, admirada, dizia: este porventura, o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expele os demônios senão por Belzebu, chefe dos demônios". (Mateus, XII, 22-24.)
O mundo não tem progredido senão à custa de lutas e sofrimentos. Todas as novas descobertas, todas as grandes verdades, todos os grandes homens não tem conseguido exercer a sua missão no nosso planeta senão com grandes sacrifícios e depois de uma luta terrível contra o espírito de ignorância, que ensombra todas as camadas sociais!
Percorrendo atentamente as páginas dos Evangelhos, vemos a luta incessante que Jesus sustentou contra o espírito de sistema que compunha, não só a classe sacerdotal, mas também a classe doutoral do seu tempo.
Nos Atos dos Apóstolos acham-se narradas as perseguições que sofreram os discípulos do Mestre nazareno, que também enfrentaram não menores lutas com os "sábios" daquela época.
Mas não foram só eles que se sacrificaram neste mundo em que os grandes são os depositários das crenças avoengas.
Cada jato de luz que vibra na mansão das trevas agita os ignorantes sistemáticos, assim como os lampejos do Sol alvoroça os morcegos e as corujas que só se comprazem com a noite.
A árvore secular das ideias sistemáticas e preconcebidas dos nossos avós não pode cair com um ligeiro sopro, assim como a árvore dos bosques não cai ao primeiro golpe do machado; é preciso muitas "machadadas" e grande trabalho para arrasar a floresta inculta das concepções humanas. E o progresso não se faz de uma vez; vem paulatina, gradativamente, presenteando-nos com suas generosas dádivas, para que, ofertando aos poucos seus inestimáveis dons, nos tornemos afeitos ao trabalho e ao estudo, fonte principal de todo o entendimento humano.
Que tem sido a vida de todos os grandes homens que nos tem legado o bem-estar que agora possuímos? Aí está a História, de cujas páginas não se poderá excluir uma só letra, e que demonstra o quanto pode o espírito de classe, os conservadores de rotina unidos aos poderes conjugados do papado.
Disse um sábio contemporâneo, falando de Allan Kardec: "Aquele que se adiantou cem anos a seus contemporâneos, precisa de mais cem anos para ser compreendido".
Esta verdade se reflete em todas as épocas históricas.
Antes do Cristo, Sócrates havia sido consumado pela cicuta, por causa da sua doutrina, precursora do Cristianismo. E depois do Cristo, quantos suplícios infligiram aos apóstolos, quer no ramo da Ciência, quer no ramo da Religião! É quase incalculável o número de mártires que passaram pelo batismo da perseguição.
Galileu teve de reparar a "insólita pretensão" que teve de ver a Terra girar em torno de seu eixo, fato este ensinado atualmente no mundo todo e abraçado pela Congregação Papalina, que, afinal, abjurou a crença antiga de "parada do Sol por ordem de Josué".
Giordano Bruno foi queimado vivo por afirmar a existência de outros mundos.
Bailly, o célebre astrônomo francês, e Lavoisier, o grande químico, foram guilhotinados durante a revolução Francesa; Priestley, pai da Química Moderna, viu incendiada a sua casa e destruída a sua biblioteca, entre exclamações da população inconsciente: "Não queremos mais filósofos!"
Com grande dificuldade lutou Cristóvão Colombo para nos deixar este grande legado, a América, onde nascemos, donde tiramos o pão cotidiano, e onde atualmente vivemos!
Quando Arago apresentou à Academia o seu trabalho sobre a navegação a vapor, levantou-se uma tempestade tão grande que quase a sua descoberta naufragou entre apupos e maldições da gente sábia!
A Lei da Gravitação foi considerada uma heresia, uma blasfêmia contra os ensinos ortodoxos, e Newton não pode escapar ao desprezo de grande número dos seus contemporâneos.
Os estudos da eletricidade dinâmica, feitos por Galvani, foram repelidos pelo mundo; entretanto, todos nós hoje gozamos, não só desta descoberta, como também de todas as que nos proporcionam comodidade e bem-estar.
É que a verdade termina sempre pelo triunfo, e quando ela começa a iluminar, os obstáculos não conseguem senão retardar-lhes a marcha, mas chegando o termo, vem a vitória!
Quanto tempo levou em lutas o magnetismo, antes que os sábios lhe abrissem as portas das academias?
Mas os fatos se impunham e a verdade conseguiu triunfar na luta que lhe moviam seus perseguidores.
Pois bem; todas essas lutas, essas perseguições, esses trabalhos que sofreram as grandes verdades e seus defensores, se têm repetido em relação ao Espiritismo e aos seus seguidores.
Uns acoimam-no de diabólico; outros dizem que ele produz loucura; outros que é contrário à religião. São as mil bocas da ignorância falando do que não estudaram!
São as investidas do espírito de sistema contra as novas ideias, que vêm desenraizar erros, decepar a árvore secular da ignorância, causa de todos os sofrimentos na Terra.
Enfim, o mundo não se transforma sem lutas; é da luta que vem a vitória e, então, a verdade aparece.
Nos tempos antigos, como hoje, a luz não pode ser suportada pelas trevas. O argumento demoníaco está ainda muito valorizado pelos sectários. Mas estão próximos os tempos em que a verdade dominará, guiando os homens para os seus destinos imortais!
Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel
14.6.25
AO TAREFEIRO
Da Fé, arrima-te ao bordão e segue,
.Passo a passo, na estrada que prossegue,
No labor encontrando o teu alento...
Não importa se segues bem mais lento,
Com as pernas já cansadas, quase entregue
Ao tempo, que, passando, te renegue
O esforço a natural esquecimento...
Continua fiel ao compromisso
Que outrora abraçaste, em pleno viço,
De tua mocidade alvissareira...
Ninguém pode dizer que leva a cruz,
Se é a cruz que nos leva até Jesus,
Quando, enfim, terminamos a carreira!...
Formiga/Baccelli
Uberaba, 7-6-25
L. E. Pedro e Paulo
13.6.25
O ENSINO DA RELIGIÃO
Depois da exposição das sete parábolas comparativas ao Reino dos Céus e a sua aquisição, Jesus, para melhor gravar no ânimo de seus discípulos a necessidade do estudo de toda a Religião e de toda a Filosofia em suas fases evolutivas do saber humano, comparou todos os fatos e teorias que deles ressaltam e a História registra, com um tesouro, que o um pai de família possui e onde existem moedas velhas e moedas novas, bens antigos, mas de valor, e bens de aquisição recente, constituindo todos o mesmo tesouro.
Há muita coisa velha que não se pode desprezar, assim como há muita coisa nova que não podemos pôr à margem, sem prejudicar nosso tesouro.
É assim a religião.
Ela não consiste só nas aquisições do passado, mas na recepção dos fatos e idéias presentes e futuras, que a enriquecem.
A religião de Jesus é uma religião de progresso, de evolução, e, não, de paralisação.
O próprio Cristo disse: "Muitas coisas tenho para vos dizer, mas não as podeis suportar agora; porém, quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade; vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito e vos anunciará as coisas que estão para vir". (João, XVI, 12-13).
Aqueles que limitam a religião a um artigo de fé ou a um dogma, desvirtuam os seus princípios, paralisam a sua marcha, extinguem finalmente, a chama sagrada que deve sempre arder ao impulso de renovados combustíveis.
Nas ciências, nas artes, nas industrias, o homem progride não só mantendo os velhos conhecimentos que não são senão os elementos primordiais para novas formas que a eles se adaptam, como também pelas novas aquisições com que engrandecem o seu saber.
O mesmo se dá na religião. A religião primitiva, revelada a Abraão, não prescrevia ordenação, mas se limitava a ensinar ao homem a existência do Deus único, ilimitado em atributos, Criador de tudo quanto existe.
A esta, seguiu-se a doutrina do Sinai, que, confirmando a primeira revelação, ampliou seus ditames com as prescrições morais observadas no Decálogo. Entretanto, a religião não estancou aí o seu manancial, que se avolumava constantemente, pois a fonte viva da revelação jorra sem cessar. E assim como à Revelação Abraâmica seguiu-se a Revelação Moisaica, a esta sucedeu a Revelação Cristã.
Quase dois mil anos depois de Moisés, veio o revelador vivo da doutrina do amor, que, longe de revogar esta lei, afirmou que lhe vinha dar cumprimento.
Tudo o que precede do amor prevalece desde o começo e prevalecerá eternamente: é "palavra que não passa". Tudo o que não é do amor, não pode fazer parte da lei e passará, assim como passa a erva e como passa tudo o que não é permanente.
O "escriba instruído no Reino dos Céus" sabe muito bem que no grande tesouro da religião há moedas velhas e moedas novas de amor, que constituem a sua riqueza; por isso, para beneficiar seus filhos, tira desse tesouro as moedas de que necessita e com as quais enriquece os que lhe estão sujeitos.
Não há religião cristalizada: a verdadeira religião é progressiva. Aos velhos conhecimentos ajunta outros novos, à medida que, pelo nosso esforço, nos preparamos para recebê-los. Essa medida, a seu turno, dilata-se com a nossa boa vontade, pelo estudo, pela pesquisa, pela investigação e por meio da prece, que nos põe em relação com os Espíritos superiores encarregados de auxiliarem nossa evolução espiritual.
Não pode ser de outra forma, porque a religião não se limita à Terra; ela se estende a todos os mundos planetários e interplanetários, a todos os sóis, a todas as constelações e dilata-se pelo Universo inteiro, onde seres inteligentes vivem, estudam, amam e progridem!
Cada um tem o seu grau de evolução, que é tanto maior quanto mais intensa é a vontade, o desejo do estudo e do progresso, e ninguém pode assimilar conhecimentos superiores à sua inteligência e ao seu grau de cultura moral e espiritual.
Foi por isso que Jesus disse a seus discípulos, como se depara no capítulo XVI, 12, 13, de João: "Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que estão para vir".
Este trecho é característico e plenamente demonstrativo do que afirmamos: a religião não é um punctum stans, uma divindade imóvel, mas sim um punctum fluens, fonte viva, que jorra incessantemente água pura e cristalina! E assim como as revelações não cessam: à Abraâmica sucedeu a Moisaica e a esta a Cristã, a Revelação Espírita, que é a revelação das revelações, como complemento da Revelação Messiânica, vem trazer aos homens, novos conhecimentos filosóficos, novos conhecimentos científicos, novos conhecimentos religiosos, todos oriundos dessa fonte, cujo manancial se tem mostrado inesgotável através dos séculos!
E o "escriba instruído do Reino dos Céus" sabe muito bem disso; por esse motivo, e também porque, cauteloso, não deixa de adquirir conhecimentos com os quais enriquece o seu tesouro, dele tira coisas novas e velhas, como faz o bom pai de família, para instruir aos que lhe estão afetos.
Livro Evangélico Espírita: Parábolas e Ensinos de Jesus de Cairbar Schutel
12.6.25
O DESTINO DO HOMEM
O DESTINO DO HOMEM
O destino do homem é bem diferente do destino dos animais, por ter o homem alcançado um degrau a mais na sua dianteira, por maturidade espiritual. Algum dia, os animais irão a esse estágio.
Os animais abandonam suas crias logo que essas se tornam adultas, porque no meio deles a sua missão é somente até aquele ponto; daí para frente, é processo de aprendizado de cada um. A própria natureza os fez assim. Entre os homens é diferente; eles têm necessidade de permanecer mais tempo juntos, em família, porque os seus deveres, a sua preparação, é mais engenhosa, dada a sua capacidade de assimilação ante a vida.
Observemos o reino anterior ao do animal, para que tenhamos uma idéia sobre esse assunto: a árvore frutífera, quando não encontra quem a separe de seus frutos, seus filhos, eles amadurecem e a natureza faz a separação natural, para depois a árvore entrar em preparo, no caso de muitas delas, para gerarem novos filhos. Esse fato é uma lei natural. Na verdade, até os minerais geram minerais. Tudo na vida se multiplica, pelas bênçãos de Deus e necessidade da vida.
Anotemos na escala da alma, ou, se quisermos, na escada evolutiva que se processa pela vontade de Deus: cada degrau que se sobe, é nova expressão que se vê, trazendo cada um o traço do progresso da mônada divina, envolvida em roupagens materiais.
No homem há alguma coisa a mais, além das necessidades físicas, pois começa nele a se incorporar os direitos e os deveres da vida espiritual, pelo fato da sua elevação, em se comparando com a dos animais, comportando dons desenvolvidos que escapam aos da sua retaguarda. Como poderemos entender, os anjos, na sua estrutura, diferem, e muito, dos homens encarnados. Cada posição tem o que merece e precisa, para a sua vida manter-se em equilíbrio.
O ser humano é dotado de razão por maturidade, e não por bênção especial, e essa razão, apresentando-se como inteligência, requer outras necessidades que não as dos animais, que ainda se encontram movidos pelos instintos. O homem tem deveres, que não ficam somente em alimentar-se, como os seus irmãos da retaguarda. Surgem em seus caminhos a higiene, a necessidade do vestuário, a escola, a sociedade e demais outros aspectos que a vida lhes impõe para o seu desenvolvimento espiritual. Ainda mais, ele enfrenta as controvérsias a que chamamos de erros, para fazê-los compreender o alcance dos Espíritos puros, e cada geração vai mostrando mais necessidade de ampliar seus conhecimentos pela força do progresso.
Jesus veio à Terra para inovar conceitos e fazer entender qualidades espirituais até então ignoradas pelos povos. Era por isso que a multidão O buscava, para ouvir Sua palavra iluminada e santa.
Vejamos a anotação de Lucas, no capítulo quinze, versículo um:
Aproximaram-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
Os publicanos tinham necessidade de ouvir o que não conheciam. Jesus Cristo era uma escola volante para todas as criaturas que pudessem escutá-Lo. A necessidade de progredir está vinculada à lei de Deus. Mesmo que queiramos ficar estacionados, não o poderemos, porque o progresso é uma lei divina que atinge todas as latitudes humanas.
Os animais não têm vida religiosa, política e social; as necessidades que emanam deste posicionamento evolutivo são somente para os homens. O dever natural dos animais é criar seus filhos até o ponto que eles bem sabem qual, sem organizar famílias como acontece com os seres humanos.
As famílias na Terra são temporárias, algumas das quais, continuam no mundo dos Espíritos como grupos familiares, até se libertarem definitivamente, por alcançarem o amor universal e sentirem na humanidade a sua família permanente, porque o amor verdadeiro não tem fronteiras.
Livro Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez.
11.6.25
AVANTE
João DAMASCENO VIEIRA FERNANDES *
Peregrino da vida e da morte oriundo
2. Avança do nascer ao pôr do Sol, durante
A evolução sem fim nos carreiros do mundo,
Pela ronda do tempo, a ressurgir constante.
Das sombras da maldade à luz do bem fecundo,
Das ruínas morais ao triunfo pujante,
Aprende pouco a pouco e, segundo a segundo,
8. Ergue em tudo, a ti mesmo, o teu grito de – avante!
Segue esgarçando os véus dos caminhos secretos,
Desfazendo aflições e remontando afetos,
Com risos e ilusões, suspiros e agonias.
12. E ao morrer-te o rancor e ao nascer-te a humildade,
Em êxtases de amor e em lances de bondade,
14. Encontrarás, ditoso, a paz de novos dias!
(*) Poeta, jornalista, crítico literário, dramaturgo, historiador, Patrono da cadeira nº 17 da extinta Academia Riograndense de Letras, colaborou ativamente na revista do Pártenon Literário, do qual fazia parte, e em várias publicações periódicas, dentre elas, Álbum do Domingo, O Mosquito, Lusitano. Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do congênere da Bahia. Gozou de grande prestígio como poeta, e “a sua poesia da última fase é no geral simples, sem distorções, direta, a par de calorosamente humana e fraterna”. (Guilhermino César, in História da Lit. R.G.S., pág. 284). (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 6 de maio de 1853 – Salvador, Bahia, 7 de março de 1910 **).
BIBLIOGRAFIA: Ensaios Tímidos; Auroras do Sul; Esboços Literários, poesia e crítica; Escrínios; Albatrozes; etc.
_________________________
** Essas datas, tirámo-las do Diário da Bahia e do Diário de Notícias, jornais de Salvador, que noticiaram o sepultamento de Damasceno Vieira.
2. Note-se o “enjambement” que nos suscita a idéia de alguém que avança do nascer ao pôr do Sol, durante a evolução sem fim...
8. Aliteração em t.
12. Observem-se, não apenas neste verso, mas nos anteriores, as antíteses primorosas.
14. Cf. o soneto A Lendo do Judeu Errante”, de autoria do poeta quando encarnado (apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág. 94), cuja disposição rimática é perfeitamente idêntica à de “Avante!.
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.
10.6.25
Mensagem publicada na página 04 da Gazeta de Limeira em 10/06/2025
REVELAÇÕES ESPIRITUAIS
Os
sentidos físicos são recursos que a natureza divina dotou o Espírito encarnado,
para registrar as lições que poderá receber por todos os meios que a ciência
alcança. Os homens carregam consigo outros meios espirituais que lhes servem de
canais, por onde podem vir notícias mais sutis do mundo espiritual, que escapam
aos processos científicos. Devemos usar os dois meios para aprender. Se estás
no mundo da carne, é justo que tenhas recursos materiais para o enriquecimento
e compreensão das leis que vibram e sustentam as formas e, se estás sujeito a
ela, que a respeites. O universo se congrega em camadas sobrepostas, como sendo
um todo, apresentando divisões sem conta, até encontrar Deus. Um mundo pode se
justapor a outro, mas em faixas diferentes e, por vezes, ocupando o mesmo
lugar. A Terra é, um mundo de provações; se assim não fora, já teriam cessado
as guerras fratricidas e os ódios milenares de nação contra nação, de homens
contra homens. Quando a humanidade começar a apresentar traços de fraternidade
de uns para com os outros, quando as criaturas se amarem mutuamente, quando a
gratidão a Deus tornar-se um hábito de todos os dias, quando a caridade for um
dever, as religiões irão se fundir pela força da unidade dos sentimentos e haverá
um só rebanho e um só pastor. As revelações espirituais e científicas não
escolhem lugar. Deveremos despertar para a unidade de valores de todas nações e
de todas as criaturas, sem as barreiras que dividem os Espíritos pelo orgulho,
pelo egoísmo, pela vaidade e pelo ciúme. É bom que usemos de todos os meios
lícitos e possíveis das revelações, e que o bom senso nos acompanhe em todas as
investigações, para que no amanhã nasça em nossos corações a verdadeira paz,
aquela que deve morar na consciência.
Filosofia
Espírita L.E.20 – João N. Maia – Miramez – Toninho
Barana.
9.6.25
O Povo Quer Saber
Deixando tudo o que você já leu de lado, como você imaginaria que pudesse ser a vida além da morte?!
Para você, qual é o modo de sobrevivência dos espíritos, partindo-se, claro, do pressuposto que você admita a realidade da sobrevivência...
De mim, tenho auscultado na cabeça de muitos irmãos encarnados as mais diversificadas ideias – algumas, com todo respeito, um tanto ilógicas.
Mesmo os espíritas têm grandes divergências sobre o assunto, alguns destoando de Allan Kardec, outros de Chico Xavier, que, queiram ou não, são as maiores autoridades no assunto, principalmente para os que se dizem adeptos do Espiritismo.
Há quem generalize a excelente obra “Nosso Lar”, da lavra mediúnica de Chico Xavier...
Há quem, apegando-se à Codificação, afirma que os desencarnados vivem em espécies de acampamentos...
Há quem creia que, com o desenlace, o espírito esquece o que foi e, à semelhança de “glóbulos”, ficam na expectativa de um novo corpo, que nem sabem como haverão de ocupar...
Há quem diga que, deste Outro Lado, tudo o que possa existir é criação da mente...
Há quem espere que, ao deixar o corpo carnal, seja elevado a uma espécie de paraíso e que passará séculos sem reencarnar, na Terra ou em outros mundos...
E você?! Como você pensa que há de sobreviver à morte, repetindo, que não seja adepto de nenhuma crença de caráter niilista?!...
Você considera que, por exemplo, André Luiz, através de Chico Xavier, fez literatura de ficção, ou de transição entre a crença católica e a espírita?!...
Admite a existência de várias Dimensões, de uma Terra dentro de outra, para onde os desencarnados gravitam através do peso de seu corpo espiritual?!...
Interessar-me-ia muito saber como você pensa sobre o tema que podemos considerar de maior transcendência da Vida.
Interpreta ao pé da letra os depoimentos dos espíritos constantes do livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, ou daqueles que, habitualmente, se comunicam através de centenas de médiuns?!
Você é adepto da existência – desculpe-me, pois chega a ser ingênua! – de inúmeras “colônias” que ocupam os céus no Brasil, parecendo não existirem nos céus de outros países?!...
Sejamos, eu e você, um pouco mais adultos em matéria de crença em torno da imortalidade.
Não concorda que há muita fantasia dos espíritos que se lançam a escrever através da invigilância de certos medianeiros, com pouco ou nenhum estudo da Doutrina, que se deixam levar pelas instruções de seus “guias”?! – guias cegos condutores de cegos?!...
Enfim, o povo quer saber: como, de fato, você, espírita, entende que será a sua própria imortalidade?!... E, uma vez, comprovando a sua imortalidade, o que imagina que haverá de fazer com ela pela Eternidade?!...
Blog Mediunidade na Internet - INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 8 de junho de 2025.
8.6.25
Menos Espíritas, Mais Espiritualidade
Queda crescente da população católica: de 88,7% (1980) para 56,7% (2022);
Crescimento constante dos adeptos do protestantismo e do evangelismo: de 6,5% (1980) para 26,9% (2022);
Avanço daqueles que se declaram sem religião: de 8% (2010) para 9,3% (2022);
Crescimento dos seguidores da umbanda e do candomblé: de 0,3% (2010) para 1% (2022);
Recuo dos espíritas declarados: de 2,2% (2010) para 1,8% (2022).
Como militante espírita, cabe-me abordar o comportamento estatístico do número de espíritas, pois não tenho competência, nem lugar de fala, para interpretar o resultado pelas religiões acima citadas.
Sobre a quantidade de espíritas no Brasil, há alguns pontos a destacar:
Considerando a projeção da população brasileira em 2022, ano de publicação da pesquisa do IBGE, de 210 milhões de pessoas, o contingente de espíritas seria em torno de 3,8 milhões de seguidores;
A região com a maior concentração de espíritas é a Sudeste (2,7%);
O espiritismo no Brasil é composto mais de mulheres que homens: 6 a cada 10 espíritas são do sexo feminino. Dentre as religiões pesquisadas é aquela que mais possui a participação das mulheres.
Via-de-regra, o declínio da quantidade de espíritas pode ser relativizado por alguns aspectos:
Há muitos espíritas sazonais. São simpatizantes da doutrina espírita e transitam eventualmente nos centros espíritas, sobretudo quando possuem alguma demanda que acreditam verem atendidas nestes núcleos públicos, mas, na prática, se sentem pertencentes a outro credo religioso;
Há muitos espíritas sem saber. São os que aceitam os princípios fundamentais do espiritismo, já demonstrado em outras pesquisas nacionais, porém, estão na contabilidade das outras religiões;
Há muitos espíritas tímidos. São aqueles que, por alguma razão, não querem se denominar claramente espíritas.
O fato é que, no mínimo, houve uma estagnação da quantidade de espíritas declarados na estatística oficial. Esta constatação não é negativa ou positiva, representa apenas o status atual de um movimento que se pretendia científico e filosófico, no seu nascedouro francês, mas que ao ser transportado para o Brasil, por diversas razões, ganhou tintas religiosas e, como tal, se estabeleceu, até oficialmente, a ponto de figurar nas pesquisas populacionais de definição religiosa.
A proposta originária do espiritismo, segundo o sistematizador do pensamento espírita, Allan Kardec, era que ele fosse
“Ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.”
Ou
“Uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”
O Que é o Espiritismo, Preâmbulo, Allan Kardec.
Quando o espiritismo chegou ao Brasil, na segunda metade do século 19, foi assimilado primeiramente por profissionais liberais e pessoas com certo nível de instrução educacional. A partir do século 20 começou um processo de massificação das ideias espíritas, em boa parte pela presença de médiuns de sensibilidades destacadas que chamaram a atenção geral pelos seus feitos extraordinários (Carmine Mirabelli, Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo, Arigó, entre muitos). A farta produção literária e os atendimentos médico-espirituais, cirurgias e receituários, foram outros fatores que ajudaram na popularização da doutrina espírita.
Toda essa disseminação de conteúdo aconteceu sob a égide de certo sincretismo com a religião católica, onde as crenças iam se ajustando de acordo com as conveniências do adepto. Surge neste bojo, em grande número, a figura do espiritólico, como alguns gostam de denominar. É como se o espiritismo fosse uma reforma do catolicismo, onde se aceita a reencarnação e se pratica a mediunidade.
Neste contexto, o movimento oficial espírita brasileiro resolve proclamar o espiritismo como uma proposta de tríplice aspecto (ciência, filosofia e religião), no entanto, os centros espíritas, na sua maioria, se comportam como igrejas, demonstrado pelas suas práticas ritualísticas e dogmáticas – tudo aquilo que foi renegado pelo fundador do espiritismo.
Bem, algo relevante a se concluir com este caminho histórico de se tornar mais uma religião no palco das crenças é que se não fosse este desvio de rota dificilmente o espiritismo seria um movimento significativo no Brasil como é hoje, pois, possivelmente, poucos seriam os seus adeptos.
O senhor Allan Kardec imaginava outro destino para o espiritismo.
Como reconhecia que a doutrina espírita não trazia nada de novo, uma vez que seus postulados eram de domínio geral, acreditava que as religiões absorveriam com o tempo seus referenciais teóricos e práticos pela força das coisas, de modo que um dia se encontraria espíritas-católicos, espíritas-evangélicos, espíritas-budistas, espíritas-muçulmanos...
Bernard de Chartres, no século 12, desenvolveu um pensamento interessante: “Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”. Era, creio, a posição que possivelmente Allan Kardec estava quando concebeu a filosofia dos imortais.
O movimento espírita brasileiro trouxe o espiritismo para a visibilidade do chão classificando-o como mais uma religião.
A direção do espiritismo, porém, pode e deve ser outra.
Deve ser outra porque vivemos num mundo com uma realidade bastante diferente dos séculos 19 e 20 movido pelos avanços da tecnologia e da ciência.
Deve ser outra porque as pessoas vivem num outro nível de consciência e de liberdade de pensamento sem as amarras institucionais sectárias e de manutenção do poder como no passado.
Deve ser outra porque se avizinha, provavelmente, uma era de transformações extremamente impactantes para a humanidade e, progressista como se pretende ser, não pode ficar a reboque das mudanças.
O espírito Emmanuel na introdução do livro Nosso Lar, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier (1943), chama a atenção para o foco das ações dos espíritas e do movimento espírita:
“(...) em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do espiritismo e do espiritualismo, mas, muito mais, espiritualidade.”
Talvez seja esta a missão atual do espiritismo, isto é, ser um canal para levar espiritualidade à humanidade, de modo que este propósito torne as pessoas melhores e conscientes de seu papel no contexto terreno e cósmico.
Ser mais um instrumento de sensibilização para o despertamento espiritual sem a pretensão de somar seguidores. Aliás, foi isto que também previu o senhor Allan Kardec quando afirmou que o espiritismo não seria o protagonista das mudanças sociais, mas um coadjuvante delas.
Frase atribuída ao filósofo espírita Léon Denis defende que o espiritismo não seria a religião do futuro, mas o futuro das religiões. Se é por aí que devemos andar então nosso jeito de caminhar está torto. Esta concepção entende que o espiritismo não se propõe a substituir outras religiões, mas oferecer elementos que possam contribuir para o desenvolvimento espiritual de todos, independentemente da sua fé.
Para alcançar este objetivo, urge mudar a direção das velas de nosso movimento espírita. Entre outras diretrizes poderia
Transformar os núcleos espíritas em escolas do espírito em vez de escolas de espiritismo – ter um papel educacional;
Contextualizar a abordagem às necessidades e a realidade das pessoas em vez da imposição de repertório – humanizar as suas práticas;
Promover a melhoria moral, contribuindo para desenvolver homens de bem, em vez de esperar que os frequentadores se tornem “espíritas de carteirinha” – fomentar a mudança por valores;
Dialogar com a diferença, construindo pontes de ação conjunta, em vez de ficar isolado em ilhas de conhecimento – praticar a ética da alteridade;
Focar no desenvolvimento da espiritualidade em vez de desejar espiritizar as pessoas – mudar a abordagem relacional.
Que o conhecimento espírita leva o ser humano naturalmente ao desenvolvimento da sua religiosidade isto não se tem a menor dúvida, até porque a filosofia espírita baseia-se numa concepção deísta, mas institucionalizar-se como tal definitivamente foi um equívoco.
Continuemos a ser núcleos de discernimento para as consciências e de libertação das ilusões do paradigma material.
Ajudemos a criar um mundo de paz e justiça centrado na fraternidade e na prática do amor.
Contribuamos a emancipar a humanidade para a felicidade de todos.
Talvez assim estejamos sendo verdadeiramente religiosos porque nos tornaremos parceiros do Criador.
Carlos Pereira - Blog de Carlos Pereira.
7.6.25
Canto da Melancolia
Não te rendas à apatia,
Olha o Sol que vem surgindo
Anunciando a luz do dia...
Desfazendo sobre a Terra
A escuridão mais sombria,
O céu se enche de luzes,
Em beleza que extasia...
Ouça o pássaro cantando
Maviosa melodia,
A rosa que desabrocha
Com perfume que inebria...
Corre a fonte cristalina
Sempre com a mesma alegria,
Por entre seixos e pedras
Sem se deter, todavia...
A criançada brincando
Promovendo algaravia,
Por mensagem de esperança
Ao mundo que se alivia...
O poeta que transforma
Tanta dor em poesia,
Rimando amor com saudade
Em divina cantoria...
Se queres vencer na alma
Descrença e melancolia,
Ora a Deus e segue adiante,
Feliz, trabalha e confia!...
Formiga/Baccelli - Blog Espiritismo em Prosa e Verso
Lar Espírita “Pedro e Paulo”
Uberaba – MG, 31 de maio de 2025
6.6.25
As Portas da Vida
Se você está insatisfeito com o que faz, acho que já está na hora de parar de reclamar da vida e fazer alguma coisa por você.
Que tal deixar de falar e agir?
Cabe a você imaginar outra situação e deixar fluir este novo estado do ser. Como você gostaria que fosse, então assim que seja.
Se está desorientado, sem um objetivo, pare e reflita o que seria melhor para você, não necessariamente o que deseja, mas o que o momento te permite fazer. Pode ser que seus planos originais não sejam os melhores ou este não seja o momento adequado de realizá-los, então pegue o que tenha a mão e faça o melhor dele.
Há pessoas que reclamam que a vida não lhes dá oportunidade, dá sim, ocorre que a vida quer levá-lo para outra direção e ela teima em ficar naquela vida imaginária.
Pense em alternativas, fique à disposição do que Deus te envia e aproveite da melhor maneira possível. O que vai acontecer depois se vê depois, o que importa é o que você faz com seu presente.
Há outras pessoas que pensam demais, que conjecturam demais a vida, são os idealizadores. O pior é que enquanto pensam no ideal a vida passa.
Se eu fosse esperar tempo bom para meus projetos, talvez eu estivesse ainda na minha querida Fortaleza e minha história de vida teria sido outra bem diferente.
A vida abre portas e cabe a você entrar nelas e deixar para trás as portas que não te servem mais ou que não te levarão a lugar algum.
O tempo presente é o tempo da realização, pense nisso. O que virá depois somente o tempo dirá e não há outro remédio senão aguardar.
A vida nos pede que tomemos decisões, decisões corajosas, importantes, o tempo todo, e quem se furta de assim fazer estará deixando para trás o carro da própria história na estrada da vida.
Quem se pergunta demais o que fazer fica para trás e para continuar novamente o trajeto perdido vai ter que trabalhar mais.
Não perca tempo. Tome decisões e siga. Se não der certo, procure outros caminhos. A vida é impressionante em nos mostrar, depois de passado tudo, que não há improvisações no viver, o que ocorre é que nós somos devagar em entendê-la na sua plenitude.
Pense, mas aja.
Conceba, mas execute.
Imagine, mas torne concreto.
A vida somente passa a ser vazia para quem não preenche os espaços que ela nos dá, para quem deixa passar as oportunidades do bem-viver.
Muita paz!
Helder Camara - Blog Novas Utopias
5.6.25
CARTA À MÃE DE UM JOVEM SUICIDA
- “Estamos sofrendo muito. A dor é irresistível. Foi de forma trágica. Ele era estudante de Psicologia. Caiu de um prédio... Estamos desesperados. Ajude-nos, pelo amor de Deus!”
E, em sua grande dor, acrescenta:
- “Quando for da permissão do Pai, se possível, desejo uma psicografia de meu filho. Só vou me sentir melhor quando eu souber como ele está? Como foi que aconteceu? Por quê?...”
Ainda não pude – o tempo foi curto para mim, pois a sua carta me chegou ontem às mãos – localizar o nosso D. – mas, assim que possível, claro que tudo farei para auxiliar ao seu filho como se meu filho fosse.
Não se entregue ao desespero, minha irmã, pois, os nossos filhos, antes de serem nossos, pertencem a Deus, e Deus é Pai de Infinita Misericórdia e Bondade.
Eu não sou da teoria do chamado “Vale dos Suicidas”, que, imagino, talvez, possa existir para os espíritos extremamente revoltados, que, não necessariamente, tenham, num momento de insanidade, cortado o fio da existência no corpo carnal – espíritos que praticam crimes muito mais graves, porque, direta ou indiretamente, ocasionam o mal a centenas e milhares de pessoas.
Se existisse um “Vale” específico para os suicidas, por que não haveria outro, muito mais profundo e tenebroso, para os traficantes, para os estupradores, para os ditadores sanguinários, para os políticos corruptos que desviam recursos da Saúde e da Educação, atravancando o progresso moral e intelectual dos espíritos que voltam a Terra pela bênção da reencarnação?! E, nesta linha de raciocínio, a Vida além da morte seria apenas e tão somente constituída de “Vales”, você não acha?! Um Mundo Espiritual repleto de “buracos” infindos, nos quais pudéssemos nos ocultar envergonhados da própria consciência!...
Para mim, os suicidas não são criminosos – são doentes! Que crime o seu D., de apenas 25 de idade, poderia ter cometido?! – um rapaz que já estava cursando o último ano de Psicologia?! Talvez, ele não tenha suportado o confronto consigo mesmo, não é?! A nossa realidade íntima, quando não nos preparamos para enfrentá-la, é sempre dura em demasia, e, sem a companhia de Jesus Cristo, ninguém deveria se arriscar a melhor conhecê-la.
Evidente que não podemos aprovar atitudes assim, porque, caso contrário, no mundo todo, seriam muitos que, sem motivação para continuar lutando, praticariam o autoextermínio, e ninguém morre! Quer estejamos no corpo ou não, a Vida continua sendo sempre a mesma Vida!...
O seu menino, por certo, já percebeu que agiu com extrema imaturidade, impondo a vocês dois, os seus pais, o peso de um sofrimento que, realmente, somente Deus poderá aliviar, e, ao longo do tempo, fornecer-lhes a devida compreensão de tamanha dor.
Mas não se preocupe, imaginando que, transformado em gênio demoníaco, ele possa estar vagando por aí, ou, então, passados três meses do gesto impensado, preso ainda ao organismo em estado de putrefação, assistindo aos vermes lhe devorarem as entranhas do corpo do qual ele próprio deliberou sair...
Os bons samaritanos também existem deste Outro Lado da Vida! Além do egoísmo humano, a Caridade é sempre mais Caridade!
Não poderíamos encorajá-los às tarefas de amor ao próximo na Terra, mantendo aqui, no Mundo Espiritual, os nossos braços cruzados.
O seu filho receberá tratamento adequado – de acordo com o que a situação requer, ele será hospitalizado e convenientemente tratado, de possíveis sequelas da queda em seu corpo espiritual, mas, sobretudo, dos conflitos que dentro dele se instalaram de maneira patológica.
Não vamos aqui falar da ação de espíritos obsessores, que possam ter agido, induzindo o nosso menino a se lançar de tão grande altura – creio que do 9º andar, não é?!
Receba com o seu esposo o meu carinho de irmão, e procurem vocês dois fortalecerem-se na fé, não consentindo que a prova que estão atravessando os induza à descrença e à amargura, ocasionando-lhes maior estrago ao espírito.
Não se sintam órfãos de filho, pois a orfandade, de filhos e de pais, somente existe para os pais e os filhos que ainda não aprenderam a amar ao próximo como a si mesmos.
INÁCIO FERREIRA - blog Mediunidade na Internet
4.6.25
3.6.25
Mensagem publicada na página 06 da Gazeta de Limeira em 03/06/2025
CIÊNCIA HUMANA
A ciência
tem condições de ajudar a revelar os segredos da natureza, dentro dos limites
que a evolução humana comporta. Observando a história universal encontraremos
os grandes feitos de cientistas. Negar o valor da ciência é negar os esforços
dos homens por melhores dias, entretanto, Deus não está preso às limitadas
condições dos seres humanos. Ele revela o que achar conveniente, pelos canais
que desejar falar, e esses fatos são reconhecidos no mundo todo. Grandes
descobertas surgem como se fossem por acaso, mostram a força e a inteligência
do Espírito na mediunidade com a comunicação dos Espíritos entre os dois
mundos! A razão move a ciência os seres encarnados, e os desencarnados, que
vivem na mesma faixa evolutiva, não precisam se preocupar com a seleção das
coisas verdadeiras, pois elas aparecem à luz das boas intenções e no esforço em
busca do melhor. A verdade é relativa ao tamanho espiritual de cada criatura.
Deus, se quiser, procura os meios científicos, e adota a linguagem sofisticada
para falar aos doutos, e levá-los a auxiliar os sofredores na retaguarda. Abençoemos
a ciência humana, sem nos esquecermos do poder intuitivo das almas. Quando se
aliam essas duas forças a serviço da coletividade, aparece a luz beneficiando
todos. O orgulho, a ignorância e o fanatismo é que fizeram os homens separarem
a ciência da religião. Mas em futuro próximo iremos assistir à união destas
duas forças da vida, para a melhoria das vidas que circulam na Terra. As vias
mediúnicas têm ofertado uma filosofia altamente espiritualizada, renovando
todos os conceitos errôneos que fogem das linhas do amor verdadeiro e da
caridade promissora. Usa da ciência, usa da religião, e pratica a caridade. Usa
do amor. Nada existe que Deus não queira, mas, é justo e elegante que te
revistas de bom senso, para usares com equilíbrio aquilo que foi colocado em
tuas mãos.
Filosofia
Espírita L.E.19 – João N. Maia – Miramez – Toninho
Barana
ASCESE
Lá vai...
- Que é?
32 - Um oceano de suor.
Lá vai...
- De onde vem?
- Da nascente do nada.
36 Lá vai...
-Aonde vai?
-Ao estuário do infinito.
Afinal, a libertação.
Momento de apoteose
na Eternidade.
Fieiras de milênios e de vidas...
Labirintos de ideias e paixões...
Andanças, quedas, levantares,
novas quedas, novos recomeços...
Agora, outras formas, outras dimensões,
outros grãos da poeira cósmica.
Novos céus, novas terras, novos Cristos...
Múltiplas emoções fluem da Inteligência.
Novos ares do Universo,
novos panoramas,
novas perspectivas
53 no calidoscópio do existente...
Rompimento do indevassável,
vitória sobre o impossível,
disciplina do caos...
Além dentro do ser...
58 Além sem limitações...
Convivência mais íntima nas causas...
Aonde pensa
o viandante das nebulosas?
O que faz ele?
Qual a sua fisionomia?
Voltará por aqui?
Ninguém sabe...
67 Ninguém sabe...
____________________
(*) Tendo concluído o curso médico, em 1914, no Rio de Janeiro, volta Jorge de Lima, em 1922, a Maceió, onde é recebido como o «Príncipe do Poetas Alagoanos». Poeta, romancista, jornalista, contista, ensaísta, professor de Literatura na Universidade do Brasil, era um talento multívio. Em sua última fase literária, após ter abandonado o modernismo regionalista que tanta fama lhe trouxera, JL «incursionou pela poesia religiosa e terminou cultuando uma poesia quase abstrata, ou tirante a escrita automática». ( Péricles E. da Silva Ramos, in A Lit. no Brasil, III, t. 1, pág.609.) Referindo-se ao Livro de Sonetos do poeta, J. Fernando Carneiro «informa, com sua autoridade de médico, amigo e exegeta de Jorge de Lima, que ele escreveu todo o livro, 77 sonetos e mais 25 que continuaram inéditos, em pleno estado hipnagógico e no espaço apenas de 10 dias».(apud A. Rangel Bandeira,Jorge de Lima..., pág. 115) «O poeta que escreveu a Invenção de Orfeu, e se chamou Jorge de Lima,»- disse Eduardo Portella - «foi dos mais complexos e fortes de toda a nossa poesia moderna.»«Muitas vezes» – observa Rangel Bandeira (ibidem, pág. 123) - «Invenção de Orfeu dá a impressão de ter sido um livro psicografado; era Jorge de Lima que registrava seu próprio delírio.»Segundo Fernando Carneiro, o poeta alagoano foi «a encarnação da bondade»: «Tudo em Jorge de Lima estava envolto num halo de bondade, até a sua tristeza, até as suas fraquezas.»( União dos Palmares, Est. De Alagoas, 23 de Abril de 1893** - Rio de Janeiro, Gb, 15 de Novembro de 1953.)
BIBLIOGRAFIA: XIV Alexandrinos; Poemas; Poemas Escolhidos; Tempo e Eternidade; Invenção de Orfeu; etc.
_____________________
(**) Ver Antônio Rangel Bandeira, Op. eit., pág. 16.
_____________________
53. Observem-se a enumeração e os diversos exemplos de poliptoto.
58. Anáfora
59. Epanalepse, mesarquia e mesotelêuton: “Além, além do além...”
67. Vamos em seguida transcrever pequeno trecho do “Poema do Cristão”, de A Túnica Inconsútil (apud Luiz Santa Cruz, N. Cl. nº. 26, pág.57), de autoria do distinto peta, quando ainda entre os homens:
“Os milênios passados e os futuros
não me aturdem porque nasço e nascerei,
porque sou uno com todas as criaturas,
com todos os seres, com todas as coisas,
que eu decomponho e absorvo com os sentidos,
e compreendo com a inteligência
transfigurada em Cristo.
Tenho os movimentos alargados.
Sou ubíquo: estou em Deus e na matéria;
sou velhíssimo e apenas nasci ontem,
estou molhado dos limos primitivos,
e ao mesmo tempo ressôo as trombetas finais,
compreendo todas as línguas, todos os gestos, todos os signos,
tenho glóbulos de sangue das raças mais opostas.”
Observa-se ainda a palilogia: “Ninguém sabe... - Ninguém sabe...” – palilogia: Nome dado a FIGURA que resulta quando se repete por inteiro uma frase ou um VERSO... (Geir Campos, Op. Cit.)
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
2.6.25
O Grande Desafio
Este conhecimento, porém, ainda não se traduziu em uma percepção clara do que isto representa.
Ser um espírito traduz bem mais do que simplesmente uma conceituação da nossa origem seminal.
Compreender o que isto significa e interpretar no nosso dia a dia chega a ser o maior desafio existencial do homem.
A compreensão do que ele realmente é faz com que o ser humano modifique completamente a sua maneira de ser e de pensar.
Como ainda está preso às condições que se limita, ou seja, a vida da matéria como predominante a sua natureza espiritual então sofre tenazmente.
A compreensão da natureza espiritual faz com o que o ser humano desfrute de uma vida em perfeito equilíbrio, pois dará a importância devida aos prazeres materiais e colocará mais relevância ao patrimônio que angariará para seu espírito imortal.
Esta mudança de concepção da vida fará o ser humano modificar, igualmente, o seu proceder na sociedade, haja vista que impactará fortemente nos seus valores pessoais estendendo-se para a vida social.
Tais valores representam a grande mudança que se avizinha ou se promete para o planeta, em outras palavras, o que se prepara para a humanidade, desde Jesus e muito mais, é a espiritualização da condição humana na Terra.
Os escritos evangélicos - e creio também das demais doutrinas imortalistas do ser - levam, em última instância, a este desiderato.
Fazer valer estes conhecimentos representa para todos os viventes no corpo físico o desafio particular e social, pois, à medida que cresce o seu grau de espiritualização, ele modifica as condições de convivência e as demais instâncias da sociedade.
A política, a economia, as instituições, tudo, enfim, será tremendamente modificado pelos valores espirituais que aguardam, tão-somente, a boa vontade dos homens e mulheres encarnados no planeta.
Indício dessa grande mudança já aparecem, no entanto, a fuga para os valores materiais ainda se faz presente no convívio geral e no estabelecimento das prioridades dos governos.
A felicidade ou bem-estar; a solidariedade entre os povos; a aniquilação da fome e da miséria; a paz entre as nações; e todas as demais demandas, serão finalmente resolvidas quando o ser humano avançar no seu patamar de compreensão de si mesmo.
Este é o desafio a ser encarado, irmãos e irmãs de todas as épocas e de todas as denominações religiosas.
É o que pregou Jesus e todos os grandes missionários e avatares que povoaram a Terra.
Aceitemos este desafio e façamos urgentemente a nossa parte.
Helder Camara _blog Novas Utopias
1.6.25
Por Que?!
Por ser judeu?!
Talvez.
Pela Igreja Católica dele se ter apropriado?!
Também.
Pela soberba Ocidental em relação ao Oriente?!
Igualmente.
Pela falta de comprovação – dizem – de sua existência histórica?!
Idem.
Pelos exemplos dos cristãos, em maioria, não corresponderem à fé que professam?!
Soma-se.
Por ser a imagem de um homem fracassado, morto na cruz como se fosse um ladrão?!
Argumenta-se.
Cremos, no entanto, que acima de todos esses óbices para que Jesus não seja aceito, por 2/3, um pouco mais da Humanidade, na condição de Messias e de Luz do Mundo, seja pela proposta que encerra a sua Mensagem.
Proposta de fraternidade.
De igualdade.
De amor ao próximo.
De perdão ao inimigo.
De renúncia.
De desapego.
De renovação íntima.
Propostas desafiadoras para as quais os homens, em geral, necessitam de coragem.
Coragem para superarem a si mesmos.
Para oporem o espírito à matéria.
Para abdicarem dos prazeres desmedidos.
Para doarem-se ao outro.
Para se tornarem pequenos como a uma criança.
Os inimigos do Cristo são inimigos do seu Pensamento
Inimigos de sua proposta de Vida.
1/3 dos que se dizem cristãos, nas estatísticas, percentagem diminuta, de fato, podem assim se dizerem.
A maioria efetua uma dupla aposta: aposta na Terra e aposta no Céu.
Como diria um amigo: acendem uma vela para Deus e outra para o Diabo.
“Vamos que, depois da morte, a gente descubra que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida!...”
“Nada me custa fazer uma oração e acender uma vela...”
“Pela minha salvação é uma ninharia...”
“Uma caridadezinha de vez em quando...”
INÁCIO FERREIRA - Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 1 de Junho de 2025.
31.5.25
Em Torno da Prece
Que acontece sem demora,
É trazer tranquilidade
Ao coração quem ora.
Formiga
Das orações que conheço,
A que mais poder detém
É aquela de quem procura
Viver só fazendo o bem.
Alceu Novais
Oro por meu inimigo,
Por ele pedindo assim?
- Dê-lhe, Senhor, mais trabalho
Para ele esquecer de mim.
Inácio Ferreira
Quando encontro um desafeto,
De mim, sempre descontente,
Conto a ele uma mentira,
Dizendo que estou doente.
Domingas
Eis a prece que não falha:
Esquece, arregaça as mangas,
Pega uma enxada e trabalha.
Manoel Roberto
Sobre Chico Xavier,
Quando vinha o obsessor,
Ele, humilde, lhe dizia:
- Eu preciso do senhor!...
Lulú Parola
A prece nunca precisa
De palavra exagerada,
De quem reza, mas não faz,
A prece não vale nada.
Cornélio Pires
Ao ver uma rosa, penso,
Ao Alto desabrochando,
Crivada de muitos espinhos.
Que a roseira está orando!...
Aurora
Uberaba – MG, 24-5-25 - Blog Espiritismo em Prosa e Verso
Baccelli/Espíritos Diversos
Lar Espírita “Pedro e Paulo”
30.5.25
Os Expoentes da Codificação: Platão.
É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qualificada pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha mal; de boa, quando dê origem ao bem."
Estas palavras bem podem soar, para quem já leu o Evangelho, como palavras textuais do Senhor Jesus.
Contudo, foram anotadas e dadas ao mundo séculos antes de Jesus, por Platão, filósofo grego, discípulo de Sócrates. Seu nascimento data do ano 428 ou 427 a C, na cidade de Atenas, na Grécia.
Pertencente à alta aristocracia, em torno dos seus 20 anos, conheceu e tornou-se amigo do filósofo Sócrates, a quem acompanhou até os seus últimos dias e de quem anotou os ensinos, graças ao que nos chegaram aos dias atuais.
Empreendeu viagem ao Egito e à Itália meridional. Na Sicília freqüentou a corte de um tirano de Siracusa de nome Dionísio. Desejando influir na política da cidade, terminou por se incompatibilizar com Dionísio, que o mandou vender como escravo, na ilha de Egina, que se achava em guerra com Atenas.
Resgatado, retornou para sua cidade natal onde, em torno dos seus quarenta anos, fundou a Academia, na qual ensinou até o final dos seus dias terrenos.
Fácil de se entender porque ele e Sócrates são considerados precursores da idéia cristã e do Espiritismo, bastando se leiam alguns dos seus escritos. A obra kardequiana O evangelho segundo o Espiritismo apresenta pequenos trechos que se referem ao conceito dos dois filósofos gregos a respeito da alma, seu progresso, a reencarnação, o mundo espiritual e seus habitantes, bem assim a respeito das mais excelsas virtudes, exatamente traçando um paralelo entre aquelas idéias, as do Cristo e, por conseqüência, os princípios fundamentais do Espiritismo.
Considerado um dos filósofos mais influentes de todos os tempos, pois que seu pensamento dominou a filosofia cristã antiga e medieval, seus escritos nos legaram o pensamento socrático, bem assim os relatos comoventes dos últimos dias de seu mestre. Criador pessoal ainda do diálogo filosófico, espécie de drama de idéias.
Sua obra O Banquete é considerada uma das maiores da literatura antiga. Como poeta, seu estilo é o ponto mais alto da prosa grega e o demonstra nos seus poemas em prosa do mito da Caverna, da Atlântida e de Eros.
Escreveu ele "O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono à dor."
As obras de Platão discorrem sobre a mentira, a natureza do homem, a piedade, o dever, o belo, a sabedoria, a justiça, a coragem, a amizade, a virtude. No livro VII da República, ele apresenta o célebre mito da caverna: acorrentados no interior de um cárcere subterrâneo e de costas voltadas para a entrada por onde penetra a luz, os que estão ali presos somente podem ver dos homens, dos animais e de tudo o mais que se encontre no exterior da caverna, as sombras que se projetam no fundo dela.
Um homem que consegue se libertar, ofusca-se com a luz do sol no exterior e descobre que tudo o que vira até então era a irrealidade. Ali estava o mundo real. No entanto, se retornar ao interior e desejar transmitir aos demais, ainda prisioneiros, o que viu, sente que corre o risco de ser maltratado e até morto. Esta, segundo Platão, é exatamente a missão do filósofo.
Tendo desencarnado, pleno de lucidez e força criadora, aos 80 anos de idade, da espiritualidade, unindo-se a tantos outros espíritos de envergadura intelecto-moral, Platão continua na sua missão, revelando as nuances do mundo espiritual, o mundo do sol ofuscante, o mundo real, verdadeiro.
Seu nome é citado em Prolegômenos de O livro dos espíritos, bem assim assina um dos trechos da resposta à questão 1009 da mesma obra, onde falando a respeito da inexistência das penas eternas bem recorda as exortações de Sócrates, quando ao seu tempo, apresentou a alma migrando através de múltiplas existências, em seguida a mais ou menos longos períodos de erraticidade.
E conclui: "Humanidade! não mergulhes mais os teus tristes olhares nas profundezas da Terra, procurando aí os castigos. Chora, espera, expia e refugia-te na idéia de um Deus intrinsecamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo."
Pesquisa:
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro, 1974. perg. 1009.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, Rio de Janeiro, 1987. introdução.
Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 16, verbete: Platão.
GRUPO MUNDO ESPÍRITA