17.9.24

ALÉM DA NOITE

José FÉLIX Alves Pacheco *

Dos corações clamando agonia e desterro,
Desce o orvalho do pranto em fel de desventura...
A saudade a chorar dita a rota do enterro,
Mas o túmulo em si  é breve noite escura...
 
A alma, divino sol no corpo – escrínio perro –
Jóia viva a brilhar além da sepultura,
Lucila a esmorecer, sob as tênebras do erro,
Ou cresce a refulgir, se ascende bela e pura.
 
Onde vá, todo ser caminha lado a lado
Da luz cantando sempre o amor profundo e ardente
Ou da sombra transfeita em pavoroso mito;
 
A deixar cada dia o crisol do passado,
Vai e vem, a sofrer, no esmeril do presente,
Para estampar-se, enfim, nos troféus do Infinito!
(*)  Jornalista emérito, exerceu a profissão, desde moço até a desencarnação, no Jornal do Commercio, do Rio, folha de que chegou a ser diretor-proprietário. Foi ainda historiador, ensaísta, deputado federal, senador e Ministro das Relações Exteriores do Brasil. Pertenceu a inúmeras associações e ocupou a cadeira n° 16 da Academia Brasileira de Letras. Poeta dos mais delicados, “figura, em primeiro plano, entre os maiores vultos que o Piauí legou ao Brasil”  (apud Félix Pacheco, publicação do Jornal do Commercio, pág. 5) .(Teresina, Piauí, 2 de Agosto de 1879 – Rio de Janeiro, GB, 6 de Dezembro de 1935 .)
     BIBLIOGRAFIA : Amores Alvos; Poesias; Lírios Brancos; Descendo a Montanha; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira

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