21.2.22

Por aqueles que partem

A expressão da vida é tão significativa e forte que não admitimos, no íntimo, a sua inexistência ou o seu desaparecimento.
Intuitivamente, clamamos pela vida, lutamos pela vida, desejamos a vida.
A vida é o que é e temos consciência de tudo porque vida possuímos.
Pois bem, a volta de um ente querido, de um amigo, de alguém próximo, não representa um adeus definitivo, mas a dor da ausência de seu convívio a partir de então. E isto dói profundamente!
A existência física, por mais ilusória que se possa defender, não é tão frágil assim porque é nela que o ser se apresenta para uma experiência espiritual, portanto, não pode e não deve ser menosprezada.
É claro que os olhos espirituais nos alargam a compreensão das coisas, faz-nos relativizar os desencontros, as ausências momentâneas, dar sentido a tudo, mas, pessoa alguma deixou de sentir no seu íntimo a descontinuidade de relacionamento de alguém que ama.
Este ato transbordante de amor que é sentir a falta de alguém no seu convívio convida a todos que possamos valorizar a presença de cada um nos nossos encontros existenciais.
Cada ser que se nos apresenta na vilegiatura carnal tem a sua razão de ser e importância. Aproveitar esse momento ímpar é dever de todo aquele que passa pela vida com um sentido maior e de realização.
A saudade inerente ao descontentamento íntimo da não presença física é revitalizante à medida que imaginamos que o outro possui a sua própria trajetória existencial e que deve ser respeitada.
Somos imortais, é verdade, mas, antes de tudo, somos seres sentimentais cujas emoções se manifestam naturalmente, o que legitima a tristeza e as lágrimas, por exemplo.
Calma!
No instante de qualquer partida, isto é fundamental.
O arrependimento por não ter dito aquela frase que deveria o outro saber.
A angústia de não mais compartilhar determinadas situações.
O desconforto de não ver mais a sua presença nos ambientes corriqueiros.
Todas as situações provenientes do desaparecimento do ser querido deve contemplar a alma da esperança de que um dia irão se reencontrar, mas também de agradecimento pela oportunidade divina de ter compartilhado a mesma experiência existencial.
“Em tudo dai graças ao Senhor!”, contempla um ensinamento evangélico.
E por que não fazê-lo neste momento derradeiro da partida?
Todos nós, um dia, seremos igualmente contemplados com o retorno ao convívio espiritual de onde viemos, não é verdade? Como afirma o dito popular: cada um na sua hora.
Confiemos na sabedoria do Senhor das nossas vidas. Ele – e somente Ele – sabe o que verdadeiramente é o melhor para cada um de nós. Deixemos, portanto, literalmente, as nossas vidas em suas mãos.
De nossa parte cabe não um adeus, mas um até logo.
Não a revolta, mas o consolo do reencontro futuro.
Não a desfalência, mas o reanimar de forças para prosseguir na caminhada carnal.
A todos que, eventualmente, tiverem que se despedir de seus entes queridos ou amigos, uma recomendação última: ore por eles.
O momento do reencontro espiritual é diverso a cada criatura e representa choque profundo para o menos avisado das coisas do espírito ou que se desviou da reta conduta.
Se os amamos de verdade, a oração é sempre bem-vinda nesta hora decisiva e certamente a maior demonstração de afeto que se pode demonstrar.
Fique em paz!
Emmanuel - Blog de Carlos Pereira

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