2.5.21

Homenagem ao Trabalhador

Coragem!
Coragem, meus irmãos!
É o que peço no dia de hoje.
Coragem para enfrentar a pasmaceira que se tornou a classe trabalhadora.
- Mas, Dom Hélder, o senhor está nos insultando.
Não, não estou. O que eu quero dizer é que é preciso mais coragem e união para todos os trabalhadores da Terra e, em especial, nesta data, aos meus queridos trabalhadores brasileiros.
Coragem para enfrentar a tudo que não representa os seus interesses.
O que eu percebo, neste governo que aí está, é uma completa apatia e desconsideração com o trabalhador brasileiro.
O que vejo, isto sim, é uma apologia ao capital e ao patrão.
Não vamos colocar aqui todos num mesmo saco, pois estaríamos incorrendo em grandíssimo erro, mas cá entre nós, há muitos patrões que só querem mesmo é tirar o sangue do trabalhador. Deseja que ele trabalhe muito e ganhe pouco para que seus lucros sejam cada vez maiores.
Há patrões e patrões.
Há patrões que sabem perfeitamente que a sua riqueza depende da prosperidade do trabalhador. Do trabalhador que ganha bem para seu sustento e que pode participar ativamente do mercado de consumo.
Há patrões que respeitam o trabalhador dando-lhe dignidade e voz. Faz ele participar das grandes decisões empresariais, promove a sua capacitação e cidadania. Sabe, perfeitamente, que todos crescem quando se partilha justamente o lucro, até porque sozinho ele não faria coisa alguma.
No Dia do Trabalho – e consequentemente de todos os trabalhadores – invoco a coragem para dispersar todo e qualquer sentimento de maldade para os trabalhadores e mesmo para este governo que está aí.
Devemos, no entanto, lutar por melhores salários e melhores condições de trabalho.
Devemos lutar, sobretudo, para que muitos tenham trabalho, haja vista que a quantidade de desempregados no nosso País chega a uma escala gigantesca.
Devemos lutar para que o subtrabalhador possa ser emancipado. Vejo uma enorme quantidade de trabalhadores sem direitos e sem futuro. Trabalham dia e noite e são subpagos pelo seu trabalho. Isto não pode continuar.
Quero lembrar, nesta data querida, que Jesus também foi trabalhador – e dos bons. Foi operário carpinteiro e fez seu ofício até aos 30 anos de idade quando saiu de casa para pregar a todos a Boa Nova.
Pois bem, se Jesus trabalhou e o nosso Pai Amantíssimo trabalha até hoje, é porque o trabalho é algo digno e divino e todos, sem exceção, devem ter acesso a ele.
Meus queridos irmãos, desculpem-me esta fala mais rígida no dia de hoje, mas não posso simplesmente me calar só porque morri.
Morri no corpo, mas não morri na coragem de falar o que deve ser falado. E não ponham o médium nesta história, por favor, – embora em muito ele concorde comigo.
Neste Dia do Trabalho e do Trabalhador, unamo-nos numa só voz para que exista trabalho para todos.
Sei que a pandemia que aí está prejudica a economia, é verdade, mas há países por aí afora que estão dando um jeito de compensar esse período de exceção para qualificar melhor os trabalhadores, para repensar as relações trabalhistas e sindicais, para verificar qual é o melhor meio de produção que seja benéfico para todos.
Em vez de ficar reclamando da má sorte estão pensando em novas alternativas de solução para a produção e o trabalho.
Temos que enfrentar as mudanças tecnológicas com muito destemor, porque elas vieram para ficar, mas também com muita humanidade.
O ser humano não pode ficar afastado do progresso, pelo contrário, deve ser inserido nele como protagonista e benfeitor.
Não vamos ficar a chorar o leite derramado, vamos, de outro modo, aproveitar e fazer outro tipo de leite, se for o caso. Usar a criatividade para criar novos serviços e trabalho.
Tudo vai mudar, eu sei, mas devemos nos preparar para a mudança que há de chegar, sem prejuízo para o capital e para os trabalhadores.
Não concordo com a visão de que existe incompatibilidade entre um e outro. O que existe é pouca atenção ao trabalhador. O que se vê, em muitos casos, é tratar o trabalhador como uma espécie de escravo moderno. Isto tem que acabar.
No Dia do Trabalho e do Trabalhador, repensemos a nossa forma de atuar no mercado de trabalho. Reciclemos as nossas mentes e práticas. Sejamos proativos e mudemos a nossa maneira de ver as coisas. Todos terão a ganhar.
Estejamos juntos, lado a lado, conversando de maneira desarmada para construirmos uma vereda nova de trabalho sem a qual todos literalmente perderão.
Um abraço a todos os trabalhadores,
Hélder Câmara - Blog Novas Utopias

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