1.11.20

Nova Terra

- Do que me acusam?
- De um impostor, de alguém que subtrai a verdade.
- E por que desejam a minha morte?
- Para que não mintas mais, para que não perturbes mais a fé das gentes.
- E somente eu é que faço isso, se estiveres certo?
- Não é o caso, estamos tratando apenas de ti.
- Então, solte-me ou prenda a todos, se desejas ser justo.
Sem saber como proceder, o bom homem, que apenas cumpria uma ordem, foi embora.
Ali, parado, ouvindo os gritos da multidão que clamava por justiça, ele levantou a cabeça e como se repetisse a cena do Mestre Nazareno afirmou aos pulmões:
- Quem me deseja ver morto, quem deseja que eu não fale mais sobre as palavras do Cristo, quem acha que minto, mas que esteja sem pecados a corrigir, que seja o primeiro a me atacar e desferir o golpe fatal.
A multidão calava-se.
Quem era aquele homem que falava com tanta autoridade?
Aquele que não temia morrer pela causa que defendia.
Aquele que enfrentava a turba e a autoridade sem pestanejar.
Aquele que era cheio de fé.
A multidão impaciente começava a se dissipar da praça improvisada. Um a um, em queixumes, ia-se. Alguns, no entanto, tocados pela cena se aproximavam do agitador das massas.
- Por que falas com tanta fé sobre este tal de Jesus, acaso o conhecesse?
- Sim, eu O conheci. Ele está aqui. Ele está em todo o lugar onde reina o amor e a justiça, a paz e a verdade.
- Falas como se ele estivesse entre nós, mas não o vemos.
- Ele está em todo aquele que ama, que perdoa, que defende o próximo, que se diminui perante Deus.
- Você blasfema e confunde a nossa mente. O que queres ganhar com tudo isso?
- Quero trazer as suas almas para Jesus, o nosso Salvador e Mestre.
- E como fazer isso, se é que estais certo?
- Simplesmente amando. Este é seu ensinamento maior e único. O amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
- Só isso?
- E o que desejas mais, meu caro?
- Amar é tão simples...
- Pode ser para alguns, mas amas?
O interlocutor silenciava diante da pergunta. Pensava que sim, mas algo dentro dele respondia que não, que não amava ainda e isso lhe intrigava a alma.
Paulo, o apóstolo derradeiro do Cristo, dissipou a multidão furiosa, mas deixou a pensar muitos outros. Conseguira mais uma vez o seu intento.
Barnabé, que a tudo observava e se intrigava num misto de medo e confiança, sorria diante do desfecho.
Algumas almas foram tocadas para o Cristo. Agora era deixar o tempo passar para que eles pudessem seguir também os amantes da Boa Nova.
Jesus, de fato, estava presente entre eles, em Espírito e Verdade. Sua palavra forte ecoava nos corações que estavam abertos para receber a notícia alvissareira.
A este fato longínquo no tempo, mas trazido para os tempos atuais, repetimos igualmente à semelhança de Paulo:
- Amas?
Este ponto crucial na mensagem imortal do Mestre Jesus deve ser o foco das nossas atenções atuais e futuras. Se não demos a devida atenção a este ensinamento fundamental da fé cristã, revisite seus pensamentos e sentimentos mais profundos e responda para si mesmo a pergunta que não quer se calar:
- Amas?
A este questionamento soberano de Paulo, devemos nos debruçar a vida e nele nos fixarmos até responder integral e sinceramente.
Há muito tempo pensei que amava e servia ao Cristo. Em seu nome tomei decisões cruéis e infames. Em seu nome fiz-me poderosa. Em seu nome desprezei irmãos de jornada a que unicamente se dirigia a Ele por outro caminho.
Não enxergava o amor senão pelos parâmetros do meu olhar. Minha ótica era diminuta, mas imaginava ser aquela que aglutinava todo o saber.
Depois de muito tempo, sobretudo ao acordar no mundo espiritual, é que percebi a minha incúria, o meu desprezo com o próximo. Era tarde demais. O mal já estava feito e cabia-me agora apenas reparar com resignação.
O Cristo, amoroso e fraternal, me deu inúmeras oportunidades neste sentido e ainda hoje, e por um bom tempo, terei que consertar o malfeito do passado.
Também hoje, apesar de tudo que já fiz, volto sempre a perguntar-me:
- Amas?
Meu querido irmão de caminhada espírita-cristã, deixemos de lado todas as nossas crenças e apegos; abandonemos de vez toda a qualquer pretensão de domínio da verdade; expurguemos definitivamente todo sentimento de suposta superioridade; e despertemos imediatamente para o chamado maior trazido por Jesus: amemos!
O que fazer senão isso?
Se tudo o mais que dedicamos não nos traga a este postulado maior, então deixemos sem demora e abracemos a síntese do crescimento espiritual trazido pelo governador planetário.
A Boa Nova é a mensagem inolvidável de que é somente o amor que deve pautar as nossas vidas na direção da criação do Reino de Deus em nós.
Estudantes do Evangelho glorioso, não percamos tempo com discussões infrutíferas e enfileiremos os nossos passos na direção do amor, o único caminho que nos levará efetivamente a Deus.
Nestes tempos difíceis e decisivos que passa a Terra, onde finalmente se cumprirão as promessas do Mestre da separação do joio e do trigo, identifiquemo-nos urgentemente como aqueles que serão conhecidos por muito amar.
Os fiéis seguidores do Nazareno é que farão a Nova Terra e somente aqueles que tiverem o distintivo da amorosidade é que possuirão o passaporte para aqui ficar e avançar na sua caminhada espiritual.
Da humildade servidora do Cristo,
Maria Modesto Cravo - Blog de Carlos Pereira

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