Triste realidade a nossa.
Um País rico e soberano, cheio de potencialidades, humanas e naturais, e vive
quase a bancarrota.
A
economia está fragilizada. A política endemonizada pelo espectro tenebroso da
corrupção. A gente trabalhadora colocada à própria sorte no acelerar do
desemprego. Tudo por fazer.
Não podemos, no entanto,
ficar a lamuriar. Somente os de má sorte ou os acomodados ficam a reclamar sem
agir. Nós, mesmo no lado de cá da vida, nos movimentamos para tentar tirar da
inércia esta grande nação que está em paralisia depressiva em função dos
desmandos cometidos em todas as esferas de poder.
Encontrar apenas os
culpados neste instante é perda de tempo. Detectar, no entanto, as causas deste
infortúnio e agir na direção do bem são propósitos a serem perseguidos por
todos, independentemente de onde atualmente
mourejem.
O
Estado brasileiro é forte por natureza. Nossa gigantesca estrutura proporciona
musculatura para assimilar diversos revezes – e de tal monta como este que
enfrenta -, mas não se pode abusar porque mesmo o maior dos metais possui o seu
limite de resistência.
O
que pensamos deste lado da vida é que há homens propensos a mudar este estado de
coisas, mas os remédios serão amargos para a maioria da população. O preço será
alto, mas tudo se revigorará. Há, porém, que saber: e depois, tudo vai continuar
do jeito que está?
Admite-se até tomar o
remédio amargo, mesmo não sendo o causador da dor, conquanto que depois tudo se
restabeleça ao normal e em bases sólidas e
saudáveis.
Não é o que me parece que
está por acontecer.
Este medicamento está
baseado na grande tolerância do organismo social. Todos estão dispostos a
“apertar os cintos”, mas estabelecem um prazo de vigência para
suportá-lo.
As manifestações do último
domingo (15/03/2015) representam este estado de insatisfação popular, mas deve
também significar a aglutinação de energia para a mudança
desejada.
Aqueles que usufruem o
poder descaradamente não têm vontade de modificar o status quo. Já vimos isto
em diversas
ocasiões. Basta lembrar a queda da Bastilha, que não foi outra
a razão senão a ilusão de que o levante jamais ocorreria. Tudo tem um limite e a
paciência popular começa a se esgotar.
Até o momento não foram
tocadas nas feridas fundamentais, então tudo continuará como está e o teatro
ganhará novo ato.
Os brasileiros precisam se
indignar, exigir mudanças, pautar o que querem e o que não desejam ver mais na
cena da política brasileira. É difícil, mas é possível
fazer.
Os levantes sairão de toda
parte quando o povo presentir que nada tem mais jeito a não ser uma reforma
radical. A atual situação beira este universo de insatisfação e raiva, o que é
preocupante.
Alheio a tudo isso, vivendo
como num mundo de ficção, o aparato governamental prossegue no seu reino à parte
enquanto ferve nas ruas o ódio, o que não é aconselhável qualquer que seja o
contexto.
Tememos pelo pior, mas
agimos no bem. Alteramos discursos inflamáveis, desvirtuamos mentes
empedernidas, resolvemos pendências criminosas, desarmamos, em última instância,
os espíritos.
Até quando o povo ira
suportar e nós possamos melhorar o que aí está, não sabemos, mas a ordem se
manterá.
Busquemos o entendimento à
luz da razão.
Deixemos de lado as
diferenças, pois que não é hora de estimulá-las.
Enveredemos para o caminho
da concórdia, apesar dos impedimentos.
Sejamos leais aos ditames
da bandeira flamulante: ordem e progresso.
Ordem para modificar o que
deve ser transformado sem o agitar das almas.
Progresso para remediar o
pessimismo e a loucura coletiva por emprego e
renda.
Que estes vetores
republicanos sirvam-nos de orientação neste momento de confusão das ideias e de
choque institucional.
O
Brasil haverá de vencer porque o seu povo se unirá para continuar a ser uma
nação livre e feliz.
Um
abraço,
Joaquim Nabuco por
intermédio de Carlos Pereira.
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