9.3.11

De Allan Kardec até o advento do Espiritismo - 5

     Aos 19 anos Hipolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde escreveria a codificação do Espiritismo com o pseudônimo Allan Kardec, estava estabelecido em Paris, onde o sistema pedagógico da França estava bastante abalado nas Estruturas, devido à primeira revolução francesa, que questionara o tradicionalismo e as inclinações teológicas da idade média e também pelas ingerências de Napoleão. Rivail passa então a viver o mundo dos livros e da educação, passando a escrever obras didáticas que beneficiavam aos estudantes e aos professores.

     Convidado a um sarau literário na casa de um de seus alunos, o professor Rivail conheceu uma jovem vivaz que estava a declamar belos e tocantes versos, envolvendo o sentido do Belo e do Eterno e ele sentiu-se muito atraído por Amélie Boudet (Gabi), o espírito simpático que aceitara reencarnar, para juntos receberem a obra dos Espíritos.

     Em 06/12/1832 acontece o casamento de Rivail e Gabi.
Rivail fundou em Paris um Instituto Técnico, orientado nos métodos do mestre Pestalozzi, que fez grande sucesso, pois a educação pública estava mal cuidada pelo governo da época. Envolvidos que estavam nas tarefas educacionais, o casal confia a Pierre, um parente, a tarefa de tesoureiro do Colégio e após 5 anos descobrem, que Pierre havia se endividado em jogatinas e os credores do colégio deixam o casal Rivail financeiramente arruinado e o estabelecimento de ensino entrou em liquidação.
     Mostrando ser um espírito valente e apaixonado por sua esposa, Rivail não se deixa abater e consegue de vários comerciantes serviços de contabilidade e trabalhando dia e noite voltou a escrever obras didáticas que tiveram grande aceitação, fez traduções de obras clássicas, enquanto Gabi preparava cursos gratuitos para jovens carentes, que eram ministrados em sua residência. Rivail teve obras adotadas pela Universidade da França e assim com as finanças mais folgadas, investiu no campo da educação, com novos cursos gratuitos.

     As grandes revoluções da humanidade nunca chegam bruscamente e o Espiritismo teve vários precursores, como Swedenborg, um vidente da Suécia; Lavater um amigo de Pestalozzi, que era familiarizado com as comunicações espíritas: Samuel Hahnemann fundador da homeopatia e o próprio Professor Rivail, que tinha experiência de pelo menos 30 anos nos estudos do Magnetismo Animal, iniciados por Franz A. Mesmer e nos trabalhos de cura magnética. O magnetismo Animal é um estado particular de vibração do Fluido Cósmico Universal, que corretamente direcionado, torna-se agente natural, não observado pelos sentidos humanos e que pode ser constatado pelos efeitos no organismo, sendo usado nas curas e no sonambulismo provocado (Hipnotismo).
     Convidado certa vez por seu amigo magnetizador Fortier a assistir uma reunião de Mesas Girantes, Rivail desdenhou, dizendo que as mesas jamais poderiam responder, a menos que tivessem um sistema nervoso e um cérebro. Na Universidade de Paris Rivail deparou-se com Carloti, um seu amigo de há uns vinte e cinco anos, que numa conversa amigável falou das mesas falantes e diante do ceptismo de Rivail, explicou que os Espíritos transmitiam por meio das mesas, apelos para que nos voltássemos aos princípios cristãos.
     Rivail sentia-se pressionado a ir examinar os fenômenos das “mesas girantes” e, por insistência de muitos amigos foi levado a conversar com o Sr. Pâtier, que argumentou não tratar-se apenas de brincadeiras de salão e convidou Rivail e Gabi a assistir experiências sérias, que se realizariam na residência da Sra. Plainemaison. Sentados junto a algumas outras pessoas presentes em torno de uma mesa de mogno, o casal vê a mesa agitar-se, mover-se e como se tivesse vida própria asserenou-se, moveu-se em direção ao casal e inclinou-se em reverência a eles.
     Impressionado com o teor das respostas apresentadas pelos Espíritos, Rivail disse a Gabi, que estiveram diante de um fenômeno que seria a descoberta do problema do passado e do futuro, uma solução que ele sempre procurara em sua vida, uma completa revolução das idéias e das crenças religiosas e, por isso era preciso agir com cautela, para que tudo fosse observado dentro das leis da Natureza. Falou da necessidade de conhecer o estado desse Mundo espiritual, uma vez que cada manifestante deve ter a sua posição definida em razão da sua própria individualidade.


(continua) Antonio D. Barana

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