9.3.11

De Allan Kardec até o advento do Espiritismo - 6

Passando a acompanhar as reuniões onde os Espíritos se manifestavam por efeitos físicos, Hipolyte Léon Denizard Rivail encontrou Numa dessas reuniões Didier, o editor de livros francês, que conhecia a capacidade de concisão dos textos em que Rivail apresentava seus trabalhos na área pedagógica, confiou-lhe então 50 cadernos, onde estavam contidas as comunicações obtidas em várias sessões mediúnicas, e pediu que ele as ordenasse, para serem publicadas em um livro. Sabendo que essa tarefa representava um enorme trabalho e prevendo a oportunidade de codificar uma nova doutrina, o professor Rivail aceitou. Apresentou-se então, Zéfiro, um amigo espiritual desde os tempos do Druida Allan Kardec, que tinha como propósito auxiliar nessa tarefa confiada pelo Cristo. Essa ajuda espiritual pode ser exemplificada, quando em março de 1856, estando trabalhando até tarde da noite, Rivail percebeu pancadas nas paredes. No dia seguinte seguindo conselho de sua esposa Gabi, fez uma consulta a uma médium e por intermédio dela recebeu a comunicação do Espírito “A Verdade”, que disse que o trabalho da noite anterior deveria ser refeito, pois apresentava um grave erro e deixou a Rivail a tarefa de encontrar e o corrigir. Esse Espírito, que se soube depois era o líder de uma equipe espiritual, comprometeu-se em se apresentar mensalmente e auxiliar na codificação do Espiritismo.
Suprimindo as repetições, pondo uma ordem racional e acrescentando novos princípios, O Livro dos Espíritos foi lançado em 18 de abril de 1857, numa primeira edição custeada pelo autor, que para distinguir a obra espírita, da obra pedagógica, passou a assinar Allan Kardec, seu nome na antiga encarnação como Druida na Gália. Essa edição esgotou-se rapidamente e novas edições foram feitas com acréscimo de conteúdo. O Texto definitivo do livro, como conhecemos hoje, é constituído de Introdução; Prefácio com uma vinheta desenhada pelos espíritos; 4 partes divididas em 1018 questões numeradas e Conclusão.
O Livro dos Espíritos contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o futuro da humanidade, segundo os ensinamentos dados pelos Espíritos Superiores por intermédio de diversos médiuns.
De janeiro de 1858 a janeiro de 1869, Kardec dirigiu a Revista Espírita, um jornal de estudos psicológicos mensal, que foi lançado numa encadernação anual contendo os doze números do ano, com índice. Na Revista o codificador trata de assuntos gerais abrangendo as áreas da ciência, filosofia e religião, traz as revelações que vieram a ser adicionadas na obra primeira e o desdobramento da Revelação Espírita. O lançamento da Revista foi motivo de muita preocupação para Kardec, que não conseguindo um sócio na empreitada, a bancou com recursos próprios e isso por outro lado, deu a ele uma valorosa liberdade em termos doutrinários.
Em 1858 foi lançado também o livro Instrução Prática Sobre as Manifestações Espíritas, que veio a fazer parte das novas edições ampliadas de O Livro dos Médiuns.
08/06/1859 foi lançado O Que É o Espiritismo, onde as objeções mais comuns sobre o Espiritismo, feitas por um crítico, um cético e um sacerdote, são esclarecidas por Kardec na forma de diálogos. Também são expostas didaticamente noções elementares do mundo invisível, pelo estudo das manifestações dos Espíritos, e é apresentado um resumo dos princípios da Doutrina Espírita. Recomendada aos leitores interessados em conhecer e estudar o Espiritismo.
15/01/1861 - O Livro dos Médiuns, obra em que os médiuns escritores procuram estabelecer ligações necessárias entre os princípios aqui expostos e as conquistas atuais da ciência espírita e contemporânea.
15/01/1862 - O Espiritismo Em Sua Mais Simples Expressão – Livrinho menor e sintético, ainda inédito em português, uma verdadeira iniciação espírita.
Dezembro de 1862 – Viagem Espírita de 1862, onde está retratada a viagem, em que Kardec e Gabi visitaram os vários Grupos Espíritas recém formados, viagem custeada pelas economias pessoais feitas pelo professor Rivail, com as edições dos livros didáticos
Abril de 1864 – O Evangelho Segundo o Espiritismolivro da Codificação Espírita, um conjunto de ensinamentos transmitidos por Espíritos superiores, organizados e comentados por Allan Kardec. Esta obra contém a essência do ensino moral de Jesus. Roteiro seguro para a nossa reforma íntima, objetivo apontado pelo Cristo como indispensável para alcançarmos a felicidade vindoura, a paz interior, conquista que somente a observância plena das leis divinas pode proporcionar ao Espírito na sua gradual caminhada evolutiva para Deus.
Agosto de 1865 – O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Como afirmou Kardec, o título desta obra indica claramente o seu objetivo. A primeira parte contém o exame comparado das diversas crenças sobre o céu e o inferno, os anjos e os demônios, as penas e recompensas futuras. O dogma das penas eternas é encarado de maneira especial e refutado por argumentos tirados das leis da natureza. A segunda parte apresenta numerosos exemplos, sendo que de cada ponto jorra uma luz sobre a situação da alma após a morte, e a passagem, até então tão obscura e tão temida, da vida corporal à vida espiritual. É o guia do viajor, antes de entrar em país novo!
Janeiro de 1868 – vem a lume A Gênese ou Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, que desenvolve o aspecto científico do Espiritismo, tendo em vista ressaltar que a Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza: esboço geológico da Terra e as teorias sobre sua formação, temática dos milagres, a natureza e a propriedades dos fluidos e as ocorrências registradas no Evangelho as predições do Evangelho e a teoria da presciência, os sinais dos tempos e a geração nova.
Antes de encerrarmos esse capitulo, devemos mencionar que durante essa tarefa hercúlea de lançamento da obra Espírita, Kardec sempre contou com o apoio de sua dedicada esposa, que sempre tinha uma palavra de conforto nos momentos de crise. Gabi também gostava de reunir em seu lar amigas que a ajudavam em seus bordados e nas obras de caridade, onde elas amparavam famílias carentes dos arredores de Paris.
(Continua) Antonio D. Barana

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