19.8.22

AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO

    I. O MAIOR MANDAMENTO
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    "E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna'?
    "E ele lhe disse: Que está escrito na lei'? Como a lês tu'?
    "E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
    "E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás."
    (Lucas, 10 vs. 25/28.)
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    Doutor da lei: homem muito conhecedor da lei de Moisés, dos ensinos dos profetas e demais escrituras sagradas para os israelitas.
    Vida eterna: vida do espírito (que não acaba como a do corpo), em plenitude e felicidade.
    Como alcançar esse estado? Foi o que o doutor da lei perguntou a Jesus, usando  uma expressão da época: "herdar a vida eterna".
    Mas não estava querendo orientação espiritual e, sim, "tentando" Jesus, ou seja, experimentando-o para ver se ele ensinava alguma coisa contrária à lei judaica.
    Jesus não lhe ensinou nada de novo. Tirou a resposta do próprio doutor da lei, perguntando: "O que está escrito na lei? Como a lês tu?". O doutor da lei citou as escrituras, que já mandavam: amar a Deus e ao próximo. Esse é o chamado maior mandamento, porque engloba e resume todos os outros. Quem ama a Deus, respeita seu nome e o procura santificar em si mesmo (em tudo o que fizer) e em tudo que Deus criou.
    E quem ama ao próximo, honra pai e mãe, não rouba, não mata, não adultera, não levanta falso testemunho e nem cobiça coisa alguma de quem quer que seja.
    Jesus aprovou a resposta: "Respondeste bem". E concluiu: "Faze isso, e viverás". Mostrou, assim, que o doutor da lei tinha conhecimento, sabia o que fazer para viver bem e plenamente a vida espiritual, bastando apenas que agisse de acordo com o que já sabia, que ao conhecimento fizesse seguir a ação.
    E nós, poderemos alegar que não sabemos esse mandamento maior? Acaso nunca ninguém nos esclareceu sobre as leis divinas e o Evangelho?
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    "Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo'?"
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    Em resposta, Jesus contou uma história, "A Parábola do Bom Samaritano":
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    "Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
    "E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
    "E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar e, vendo-o, passou de largo.
    "Mas, um samaritano que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
    "E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
    "E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse­-lhe: Cuida dele; e tudo o que demais gastares eu te pagarei quando voltar."
    (Lucas, 10 vs. 29/37.)
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    Sacerdote: era o encarregado do culto judeu no Templo de Jerusalém.
    Levita: um auxiliar de serviços no Templo (os levitas também eram da tribo de Levi, como os sacerdotes, mas não da família de Aarão, como eles).
    Eram, pois, o sacerdote e o levita pessoas que conheciam as leis divinas e estavam no serviço da religião. Entretanto, não procederam fraternalmente para com o homem assaltado. Não cumpriram o amar a Deus e ao próximo.
    Samaritano: da Samaria; os israelitas que habitavam essa região tinham deixado que seus costumes se mesclassem com os dos outros povos que moravam lá e eram gentios (= estrangeiros); por isso, passaram a ser considerados pelos judeus de Jerusalém como "gente de má vida", eram hostilizados por eles e não podiam participar dos cultos no Templo de Jerusalém.
    Ao colocar um samaritano agindo bem, de acordo com as leis divinas, apesar de serem os samaritanos considerados ignorantes da religião, Jesus combate o preconceito orgulhoso dos judeus contra os seus semelhantes menos esclarecidos.
    Um homem: do assaltado, Jesus não diz qual a sua raça, família, religião ou situação social, não lhe dá nenhuma característica em especial, só a de um ser humano em necessidade. É o que basta para merecer nossa atenção e ajuda.
    Depois de contar a parábola, Jesus indagou ao doutor da lei:
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    "Qual, pois destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
    "E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. "Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira."
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    II. CONCLUSÃO
    Interpretando esta parábola, aprendemos com Jesus:
    - amar a Deus e ao próximo é o que devemos fazer para alcançar o progresso e a vida espiritual plena; é o mandamento maior;
    - saber isso é importante mas não basta; não basta seguir uma doutrina religiosa, cumprir as obrigações de culto de sua igreja; é preciso concretizar seu  conhecimento em boas obras em favor do próximo;
    - ser nosso próximo não depende da outra pessoa; não decorre dele ser nosso parente, amigo, do mesmo grupo social etc.; depende de nós, de nossa capacidade de amar, de sermos capazes de vencer o egoísmo, a inércia, os preconceitos e nos interessarmos pelas pessoas; aproximemo-nos dos nossos semelhantes para  sermos fraternos com eles, fazendo-lhes o que quereríamos que nos fizessem. "E tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a ele". (Mt, 7 vs. 12.)
    Quem ama a Deus, ama a criatura de Deus, que é o seu semelhante, e torna-­se próximo dele, interessa-se pelo seu bem e o auxilia em tudo que lhe for possível.
    "Quem diz que ama a Deus e não ama a seu irmão é um mentiroso; pois quem não ama ao seu irmão, ao qual vê como pode amar a Deus, a quem não vê?". (I Jo. 4:20.)
 
LIVROS CONSULTADOS:
 De Allan Kardec: - "O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. XV.
 De Cairbar Schutel: - "Parábolas e Ensinos de Jesus".
 De Rodolfo Calligaris: - "Parábolas Evangélicas à Luz do Espiritismo".
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Livro: "Iniciação ao Espiritismo" - Therezinha Oliveira 

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