14.6.21

Cuidado Ambiental
 
Uma vez, não muito distante onde morava, vi um transeunte empurrando carrinho simples e colocando coisas que encontrava na rua dentro dele. Parei e pensei com os meus botões: “Ele é tão pobre que cata nas ruas os meios para a sua sobrevivência”. Pus-me a ajuda-lo de alguma forma.
Ao interpelá-lo, colocando-me à disposição para auxiliá-lo, eis que ele me diz:
- Não, Dom Hélder, eu não estou coletando coisas para mim, não é isso o que parece. Estou tirando das ruas aquilo que está enfeiando os lugares e que poderia ser aproveitado por alguém, não destruindo o ambiente. Evitar a sujeira é dever de todos nós e não apenas daqueles que cuidam da limpeza pública.
Fiquei estupefato com a consciência ambiental de nosso irmão. Ele limpava aquilo que ninguém limpava. Coisas que se amontoavam nas ruas e que poderia sair dali e enfeitar o lugar. Além do mais, ele dava serventia ao que angariava por onde passava.
Fiquei alegre com a atitude dele e o incentivei, ainda mais, a continuar a sua peregrinação de missionário ambiental.
Que bela surpresa a minha e vi que poderia, nós mesmos, imitar aquele discreto cuidador ambiental.
Já imaginou se todos nós, onde passássemos, tivéssemos a mesmíssima atitude daquele nosso irmão? Que lugar melhor e mais bonito de se viver nós teríamos, não?
Pois bem, e por que não copiemos essa atitude despretensiosa, mas profundamente séria e simples de se fazer?
Ora, se cada um de nós cuidássemos no nosso entorno, nós estaríamos construindo um mundo bem mais acolhedor e sustentável para nós e para os outros que nos sucederão.
O cuidado ambiental, meus caros, é dever de todos – eu disse todos! Do anonimato é que se faz as grandes obras.
Este nosso irmão, que nem me lembro mais do seu nome, me ensinou com a sua atitude de responsabilidade ambiental que todos podemos fazer algo pelo bem de nosso planeta.
Dizer que o planeta se renova por ele mesmo é conversa furada.
Afirmar que há abundância de recursos e que não devemos nos preocupar com isso é grande besteira.
Ignorar os crimes ambientais e achar que nada tem a ver com isso é omissão – e das graves.
Todos devemos nos tornar agentes ambientais ativos.
Debater o meio ambiente é cuidar da própria vida. É dar fôlego existencial a nós mesmos, agora e no futuro.
E isto requer um pensamento coletivo, global, integrador, sistêmico – diria.
Tudo que acontece no mundo que prejudica o meio ambiente deve ser de nossa atenção e responsabilidade.
A queimada de florestas na Amazônia, o desmatamento nas grandes cidades, o desperdício de água, o precário esgotamento sanitário, as plantações indevidas, e um sem- número de agressões ambientais é de nossa responsabilidade particular e coletiva, sim, senhor.
Achar que nada tem a ver com isso é sinal de subdesenvolvimento moral porque denota desamor com a terra e profundo egoísmo.
Cuidar do meio ambiente, portanto, é cuidar da nossa própria vida.
Sejamos corresponsáveis pelas demandas ambientais e, de nossa parte, onde estejamos, sejamos tal qual aquele nosso irmão desprendido e focado em simplesmente querer para si e para todos um mundo melhor.

Hélder Câmara - Blod Novas Utopias

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