19.2.21

MORRER

CONCEITO

A problemática da morte é decorrência do desequilíbrio biológico e físico-químico essenciais à manutenção da vida. Fenômeno de transformação, mediante o qual se modificam as estruturas constitutivas dos corpos que sofrem ação de natureza química, física e microbiana determinantes dos processos cadavéricos e abióticos, a morte é o veículo condutor encarregado de transferir a mecânica da vida de uma para outra vibração. No homem representa a libertação dos implementos orgânicos, facultando ao espírito, responsável pela aglutinação das moléculas constitutivas dos órgãos, a livre ação fora da constrição restritiva do seu campo magnético. 
Morrer, entretanto, não é consumir-se. Da mesma forma que a matéria se desorganiza sob um aspecto para reassociar-se em outras manifestações, o espírito se ausenta de uma condição - a de encarnado -, para retomar à situação primeira da sua existência, despido do corpo material. 
A vida carnal é decorrência da existência do princípio espiritual e a vida poderia existir no espírito sem que houvesse aquela. 
Morrer ou desencarnar, porém, nem sempre pode ser considerado como libertar-se. A perda do casulo celular somente liberta o espírito que estruturou o seu comportamento, quando no corpo, sem a dependência enlouquecedora deste. 
Os que se imantaram aos vigorosos condicionamentos materiais, utilizando a vestimenta física como veículo apenas para vaso de luxúria ou de egoísmo, qual instrumento de gozo incessante ou do orgulho, na expressão de castelo de força e de paixões, ante a desencarnação prosseguem vinculados aos vapores entorpecentes das emanações cadavéricas em lamentável e demorado estado de perturbação, sitiados pelas visões torpes da destruição dos tecidos, sofrendo a voragem dos vibriões famélicos, enlouquecidos entre as paredes estreitas da paisagem sepulcral. 
A vida começa a perecer desde o momento em que se agregam as células para a mecânica do viver. 
Vida e morte, pois, são termos da mesma equação do existir. 
Não morre aquele que aspira ao amor e sonha com o Ideal da Beleza, entregue ao cultivo da virtude, no exercício da retidão. Não se acaba aquele que se entrega à vida, pois que mediante cíclicas mudanças do tono vibratório o espírito se traslada de corpo a corpo, de estágio a estágio evolutivo até alcançar a plenitude da vida na vitória estuante da Imortalidade. 
Enquanto os processos abióticos são substituídos por novas atividades bioquímicas, o cadáver passando à fase da desintegração - autólise e putrefação -, o espírito que se educou para os labores de libertação encontra-se indene à participação do desconcertante fenômeno de transformação celular, não ocorrendo o mesmo com aqueles que transformaram o corpo em reduto de prazer ou catre de paixões de qualquer natureza. 
Livro: Estudos Espíritas - DIvaldo P. Franco - Joanna de Ângelis

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