6.8.25

CARMA

Antonio Félix de Bulhões Jardim *
 
...E estou preso à memória − horrendo pelourinho...
É o passado a bramir...Emoções e lugares...
Ódio, aflição, amor.,..Insano torvelinho...
Casam-se riso e pranto em sonhos e avatares.
 
O tempo − velho tempo − , o lúgubre adivinho,
Revolve-me no ser as ânsias e os pesares...
Acusa-me feroz e fere-me, escarninho,
Atando-me aos grilhões de angústias invulgares.
 
Se guardo além da morte a máscara serena,
Trago no coração a dor que me condena,
Ante a sombra que fui, tangendo a vida a esmo.
 
A consciência exuma as transgressões remotas
E o clarim do dever repete em largas notas:
− Ninguém foge do mal que plantou por si mesmo.
   
(*) Tendo concluído, com 20 anos, o curso de Direito na Faculdade do Estado de São Paulo, Félix de Bulhões ocupou diversos cargos na magistratura goiana, chegando a desembargador. Poeta, jornalista e político, fundou várias publicações, dentre outras, Goiaz, Província de Goiaz e Tribuna Livre , onde expunha as idéias de liberal e autêntico antiescravagista. “Muitas vezes” − di-lo o Dr. Jerônimo de Morais,
Discurso..., pág. 7 − “os seus períodos eram cortantes como o bisturi dos cirurgiões, quando esvurmava as chagas sociais, ou se convertiam em látegos cruéis com que fustigava os adversários desleais...” (Goiás, 28 de Agosto de 1845 ­− Goiás, est. Do Goiás, 29 de Março de 1887.)
BIBLIOGRAFIA: Poesias
Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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