21.5.25

ASAS

Antônio Cunha Mendes

Terra, nada reténs que o verme não carcoma!...
Tudo nasce e caminha ante o poente aziago...
Toda pompa a luzir, qual furacão num lago,
– Túrbida agitação sobre a undiflava coma...

Na urna de Moisés vês longínqua redoma ;
No fausto de Alexandre, um painel triste e vago...
A cinza sepulcral dos salões de Cartago
Soterrou no silêncio os mármores de Roma...
 
Duas asas, porém, na rota em que flutuas,
Sustentam-te, no Espaço, impassíveis e cruas,
Nenhuma alteração que, leve, as entrecorte.
 
Libram com Deus e a Vida, em suprema conquista...
Tribos, povos, nações... Nada que lhes resista...
Uma – a clava do Tempo ; outra – a sega da Morte!
 
(*) Depois de ter publicado seus primeiros versos em alguns jornais de seu Estado natal, e aí pertencido à «Padaria Espiritual», CM transferiu-se para S. Paulo, onde concluiu o curso de Direito e dirigiu a Revista do Brasil, que apresentava colaboradores do gabarito de Emílio Kemp, Carvalho Aranha, Amadeu Amaral e outros. Escreveu em revistas simbolistas e em jornais da época, como O Paiz, do Rio, principalmente em versos. Exerceu a advocacia no Rio e, depois, em S. Paulo. Foi também romancista. (Maranguape, Ceará, 15 de Março de 1874 – S. Paulo, 2 de Junho de 1984).
BIBLIOGRAFIA: Lyriss, poemeto; Poesias; etc.
Livro Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira

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