2.4.24

A Grande Noite Escura

Eu venci os dias de arbítrio que o nosso País passou por mais de duas décadas.
Sob o pretexto de coibir o avanço do comunismo no Brasil foram fechadas as portas da democracia plena.
O Brasil ficou sem respirar a verdadeira democracia por longo tempo.
Um inimigo pairava no ar. Que tristeza ouvir tantas mentiras. Trocava-se uma suposta ditadura do proletariado por uma ditadura militar. Como se as ditaduras fossem salutares para o povo.
As verdades eram escondidas.
Na prática, o que a ditadura guardava em segredo era dissimular um levante político para preservar o interesse de poderosos.
Nunca a nossa elite econômica quis se ver desafiada em um ceitil que fosse das suas riquezas. Ela é gulosa e predadora por natureza.
Está sempre se rearrumando, se reinventando, se armando para tirar do ar todo aquele que ameace a sua volúpia por mais e mais dinheiro.
Foi ela que bancou o levante militar de 1964 com o beneplácito dos estadunidenses.
Ficamos chocados com tanta mentira acumulada, com tanto descalabro, com tanta hipocrisia em nome de uma ficção.
Pensávamos, inicialmente, que tudo seria apenas uma noite mal dormida e que, em breve tempo, tudo retornaria a calmaria como eles mesmos, os militares de plantão, prometeram. Ledo engano!
Acostumaram-se com a boa vida no poder e ali quiseram se encastelar.
A noite, então, se tornou mais tenebrosa e cumprida.
Perdemos a liberdade de errar com as nossas próprias mãos. Sim, porque democracia não é regime das certezas, é produto da coletividade humana e, como os homens são imperfeitos e frágeis, vagueiam na tentativa de acertar o seu destino.
Somente após muita luta nas frentes da verdade e da combatividade democrática, vencemos a grande noite escura.
Quando aportamos em ver, finalmente, o progresso da nossa nação, nos deparamos com um presidente vil.
Embebecido pelo poder inconsequente, ele encabeça, sob a revelia constitucional, outro golpe de Estado.
Fantasmas de quase sessenta anos ainda pairavam na cabeça daqueles que viveram aquelas priscas eras e neófitos desavisados se sentiram encorajados em seguir um pária sem escrúpulo.
Graças a Deus e as forças do bem que prevalecem na governança da Terra do Cruzeiro, espantamos nova onda de escuridão que teimava em novamente querer se instalar em nossa pátria juvenil.
Somos cuidadores desses novos dias.
Somos zelosos de novas esperanças.
Desejamos que nosso povo decida livremente pelos seus caminhos. Acreditamos que não há acertos ou erros, mas, acima de tudo, aprendizagem.
Que não repitamos mais este apagar de luzes da democracia. Estejamos em alerta e atentos aos oportunistas do poder que sempre existirão. Tiranos contumazes.
Sejamos patriotas, mas jamais inconsequentes.
Sejamos partidários, mas jamais guerrilheiros.
Sejamos amorosos nas nossas diferenças e jamais odientos.
A democracia respira pelo respeito aos contrários e é pelo embate sadio na diversidade que avançamos na senda do progresso.
Cuidemos juntos de aparar as arestas para que nossa democracia se torne mais forte e desejada.
Afastando de vez as injustiças sociais.
Diminuindo, de uma vez por todas, a violência.
A democracia sobrevive de resultados, de obras vivas em benefício do povo.
Se assim não fizermos, reserva-nos um nefasto simulacro de democracia que, na prática, não passa de ditadura disfarçada.
Noites escuras, nunca mais!
Avante por um País melhor e alvissareiro de esperanças e de bem-estar para sua gente.
Ulysses Guimaraes - Blog de Carlos Pereira.

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