18.9.23

Cuidado Supremo

A paz que Jesus nos trouxe é imorredoura, por isso antecipou-se a dizer que a paz que trazia não era deste mundo. Era uma paz ainda transcendente da condição humana atual. 
Quando nos referimos a paz, não excluímos outras possibilidades de enxergá-la afora aquela que se denomina da ausência de conflitos entre povos e gentes. 
A paz é muito mais do que isso. 
A paz representa a ausência de conflitos de todas as ordens, a começar pelo conflito interior. 
Somente um homem em paz pode levar a outro a também conquistar a sua paz. 
Portanto, não se trata de um ganho individual tão-somente, apesar de ser o passo inicial, representa um ganho da humanidade que abraça a causa de ser feliz e viver harmoniosamente uns com os outros. 
Enquanto, porém, não deixarmos de lado a saga de tudo querer para nós e nada sobrar para o outro, não apenas não viveremos em paz, tal que nos concentraremos em coisas e posses e não em conquistas do espírito, como também nos arvoraremos de expandir a nossa paz em detrimento da paz alheia. 
Este tem sido o comportamento geral das nações e dos povos ao longo da história. 
Impõe-se a paz que se acredita ser o melhor para o outro a partir da visão particular. 
Há uma paz, no entanto, que se faz urgente citá-la e que normalmente é esquecida no âmbito das conversações acerca do tema. 
Lembro da paz ambiental. 
Ora, para vivermos bem conosco, para vivermos bem em sociedade, temos que inserir neste contexto, o viver bem com o meio ambiente, o lugar que vivemos. 
Essa prerrogativa é importante à medida que se desconhece que a humanidade caminha, dia após dia, para um precipício de grande proporção. 
E os danos desta queda serão demasiadamente graves. 
O lucro fácil e irresponsável, a soberba de não ouvir os clamores públicos e a prepotência de tudo saber, levam a todos – e principalmente os donos do capital – a ignorarem a verdade que lhe grita aos olhos. 
Os terremotos serão cada vez mais frequentes, dizimando cidades e populações em grande escala. 
Os furacões, cada vez mais comuns, acabarão com o sonho de muitos deixando lastros de destruição por onde passarem. 
As chuvas, em grande quantidade e intensidade, farão a destruição imediata de lares e o retorno de pessoas em volume expressivo para o plano do espírito. 
A natureza em parte apenas se acomoda, mas, em outra direção, responde à violência que os homens projetam sobre ela. 
Ignorar a poluição das indústrias é um atestado não apenas de egoísmo, mas igualmente de irresponsabilidade ambiental com a mãe-Terra. 
Ignorar outros fatores ambientais que destroem a camada de ozônio do planeta e repetir indefinidamente o mesmo crime é sinal de miopia em alta proporção, pois que todos haverão de perder com isso. 
Se tivessem a visão que temos do planeta daqui de cima, haveria de amplificar a preocupação de vocês com a paz ambiental, colocando-a no mesmo grau de urgência das demais manifestações das outras. 
Clamo, uma vez mais, para que abram os olhos. 
Clamo para que todos possam fazer a sua parte. 
Clamo pelo futuro do nosso querido planeta. 
Não é algo para os próximos anos. 
Não é algo distante. 
Ao contrário, é algo que já acontece e aumenta diariamente a sua intensidade e expressão. 
Cuidai do nosso planeta como quem cuida da sua própria casa. 
O Santo Padre, Francisco, na sua Carta Encíclica “Laudato Si” evoca o Santo de Assis que nos aconselhava tratar o nosso planeta qual uma irmã: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe-Terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”. 
Pois bem, faço o mesmo e humildemente peço que abram os olhos e que operem pelo bem da nossa irmã e mãe Terra, enquanto é possível revertermos os danos que já lhe causamos. 
Pelo nosso bem. 
Pelo bem dos nossos irmãos, filhos, netos e gerações seguintes. 
Pelo bem do nosso próprio futuro como espíritos imortais que somos. 
“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra!”.

Helder Camara - Blog Novas Utopias

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