De onde vim tem muito
mais.
O que dizer destas palavras coloquialmente usadas por muita gente como
a prometer que de onde veio há muito mais a se trazer?
Pois bem, de onde
estou, cá na vida espiritual, tenho muito a trazer, mas ainda faço pouco. Pelo
médium que me limita, pelo espaço que é restrito, pelo mundo que ainda não
deixa.
Tenho muito a falar, como tenho... São muitas coisas que aprendo do
lado de cá da vida. Todo dia tem novidade. Não há um só dia que não me
surpreendo. Como o Pai é maravilhoso em nos pregar peças. Todo dia, Ele nos
acorda com algo de surpreendente e faz toda a nossa crença ser revirada pelo
avesso para formular novas ideias e novas formas de ver as coisas.
O mundo
espiritual é repleto dessas novidades alvissareiras. Aqui, deste lado,
encontramos gente de todos os tipos. Magros, gordos e nauseabundos. Padres,
freiras, espíritas, pastores e gente de todas as crenças.
Encontramos comida
– e das boas, mas nada que lembre um bom prato de feijão com arroz quando a fome
do meio-dia só pede isso.
Encontramos pregações sobre a vida eterna, mas
queríamos um segundozinho entre vocês para compartilhar a alegria de novamente
estar no corpo físico. Não que a vida aqui não seja boa – é demais -, mas, às
vezes, tudo que se quer é estar no meio de nosso povo outra vez.
Tem tanta
coisa do lado de cá que ainda vou escrever. Coisas aparentemente inexplicáveis
para vocês. Tenho paciência em não dizer tudo porque se assim fizesse – e me
permitido fosse –, todos diriam que seria delírio do médium ou que Dom Hélder
enlouquecera de vez no mundo espiritual.
Penso, cá com meus botões, que tudo
passa. Um dia, eu me revelarei mais pleno, sem papas na língua, e aí o mundo vai
ser outro, porque o ser humano estará mais aberto para as coisas do
espírito.
Esta dicotomia aparente, matéria e espírito, mexe com a cabeça de
muita gente por aqui – e aí também. Vai ser assim mesmo até conseguirmos um
ponto de equilíbrio entre os dois lados da vida, enquanto não conseguirmos
traduzir dentro de nós que a vida é isso mesmo: dois lados separados pela ponte
da morte. O que ocorrerá, certamente, é que um dia esta ponte se tornará apenas
uma breve passarela.
Entender a vida nestes dois planos é tarefa permanente
de toda a gente. Nem ficar o tempo todo pensando no lado de cá, no que vai
encontrar, nem tampouco ficar alimentando, de onde estou, um dia para
retornar.
A sabedoria da vida é este eterno ir e vir para um dia se
locupletar nos braços do Pai.
Tudo a seu tempo, entendeu? Tudo a seu
tempo.
Um abraço,
Helder Camara
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