AINDA A CRISE NA EUROPA
Realmente, se ainda
estivesse encarnado, eu não saberia dizer sobre a verdadeira causa da chamada
crise econômica na Europa – não saberia por que, no Brasil, sempre convivemos
com a crise!Eu ainda sou do tempo em que comprávamos arroz e feijão às
gramas na venda da esquina... Raras eram as casas que, por exemplo, possuíam o
mais elementar eletrodoméstico! Ferro de passar e chuveiro elétrico eram artigos
de luxo, na residência dos coronéis!Macarronada a gente só comia aos
domingos, acompanhada, de quando a quando, por uma asinha de frango criado no
fundo do quintal!De minha parte, reconheço, não posso me queixar tanto – o
meu pai era homem de posses razoáveis! –, mas eu sabia de gente – e de muita
gente! – que levava um ano para comprar um par de botinas, daquelas de solado de
pneu de caminhão...As poucas crianças que podiam frequentar as escolas não
levavam merenda – exceção, claro, dos filhos de famílias abastadas... Quantas
vezes pude dividir o meu simples pão com manteiga (feita em casa por minha mãe)
com os colegas, eu não saberia dizer!Agora, no entanto, fala-se em crise
financeira, com parte do mundo mergulhado na abastança! Creio que a crise, em
verdade, seja apenas e tão somente um basta ao supérfluo! A crise europeia, com
certeza, é para lembrar aos países, até então, considerados ultra ricos que, na
Terra, ainda existe muita gente morrendo de fome...Fala-se em desemprego...
Todavia, com a máquina substituindo cada vez mais o homem, óbvio que isto
aconteceria! Num posto de gasolina de qualquer país europeu, não existem
frentistas trabalhando – quem deseja abastecer o seu veículo, praticamente tem
que fazer tudo sozinho: abrir o tanque de combustível, acionar a bomba, jogar
água no para-brisa e, depois, procurar alguém que possa providenciar o
recebimento através do cartão de crédito... Gente civilizada, e desempregada!
Tomara que isto não venha a acontecer no Brasil!Ora, com o salário que ganha
um desportista, um político, um empresário, enfim, um latifundiário –
desculpem-me os criadores de Zebu de Uberaba! –, quantas pessoas poderiam ser
pagas?! Porque a maior parte do dinheiro das pessoas ricas não está esparramada,
gerando empregos – está nos Bancos, em rentáveis aplicações!A questão da
crise financeira, então, é de muito dinheiro acumulado nas mãos de poucos! Isto
vale tanto para os indivíduos quanto para os países!Tinha razão Chico Xavier
– ele sempre tinha razão! – quando, nas reuniões à sombra do abacateiro, junto
aos pobres na periferia, dizia que o homem estava perdendo o hábito da vida
simples... Com a sua sabedoria e bom humor, ele perguntava: - Por que eu vou
querer 35 pares de sapatos, como muita gente, se eu não tenho 70
pés?!...Vocês se recordam de uma senhora, esposa de um ditador filipino, que
guardava em sua casa 3.000 pares de sapatos?!... Coitada, certamente estava
treinando para reencarnar como centopeia!...
INÁCIO FERREIRAUberaba –
MG, 21 de maio de 2012.
23.5.12
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário