23.5.12

AINDA A CRISE NA EUROPA

Realmente, se ainda estivesse encarnado, eu não saberia dizer sobre a verdadeira causa da chamada crise econômica na Europa – não saberia por que, no Brasil, sempre convivemos com a crise!Eu ainda sou do tempo em que comprávamos arroz e feijão às gramas na venda da esquina... Raras eram as casas que, por exemplo, possuíam o mais elementar eletrodoméstico! Ferro de passar e chuveiro elétrico eram artigos de luxo, na residência dos coronéis!Macarronada a gente só comia aos domingos, acompanhada, de quando a quando, por uma asinha de frango criado no fundo do quintal!De minha parte, reconheço, não posso me queixar tanto – o meu pai era homem de posses razoáveis! –, mas eu sabia de gente – e de muita gente! – que levava um ano para comprar um par de botinas, daquelas de solado de pneu de caminhão...As poucas crianças que podiam frequentar as escolas não levavam merenda – exceção, claro, dos filhos de famílias abastadas... Quantas vezes pude dividir o meu simples pão com manteiga (feita em casa por minha mãe) com os colegas, eu não saberia dizer!Agora, no entanto, fala-se em crise financeira, com parte do mundo mergulhado na abastança! Creio que a crise, em verdade, seja apenas e tão somente um basta ao supérfluo! A crise europeia, com certeza, é para lembrar aos países, até então, considerados ultra ricos que, na Terra, ainda existe muita gente morrendo de fome...Fala-se em desemprego... Todavia, com a máquina substituindo cada vez mais o homem, óbvio que isto aconteceria! Num posto de gasolina de qualquer país europeu, não existem frentistas trabalhando – quem deseja abastecer o seu veículo, praticamente tem que fazer tudo sozinho: abrir o tanque de combustível, acionar a bomba, jogar água no para-brisa e, depois, procurar alguém que possa providenciar o recebimento através do cartão de crédito... Gente civilizada, e desempregada! Tomara que isto não venha a acontecer no Brasil!Ora, com o salário que ganha um desportista, um político, um empresário, enfim, um latifundiário – desculpem-me os criadores de Zebu de Uberaba! –, quantas pessoas poderiam ser pagas?! Porque a maior parte do dinheiro das pessoas ricas não está esparramada, gerando empregos – está nos Bancos, em rentáveis aplicações!A questão da crise financeira, então, é de muito dinheiro acumulado nas mãos de poucos! Isto vale tanto para os indivíduos quanto para os países!Tinha razão Chico Xavier – ele sempre tinha razão! – quando, nas reuniões à sombra do abacateiro, junto aos pobres na periferia, dizia que o homem estava perdendo o hábito da vida simples... Com a sua sabedoria e bom humor, ele perguntava: - Por que eu vou querer 35 pares de sapatos, como muita gente, se eu não tenho 70 pés?!...Vocês se recordam de uma senhora, esposa de um ditador filipino, que guardava em sua casa 3.000 pares de sapatos?!... Coitada, certamente estava treinando para reencarnar como centopeia!...
INÁCIO FERREIRAUberaba – MG, 21 de maio de 2012.

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