A alma clamou cansada ao corpo, um dia:
− “Por que me prendes, barro vil e escuro?
Quem te sustenta por lodoso muro,
Acalentando a noite que me espia?
Quem te mandou, algema de agonia,
Escravizar-me o sonho vivo e puro?
Quem te criou, cadeia de monturo,
Excitando-me a dor e a rebeldia?”
E o corpo respondeu, calmo e sublime:
− “ Eu sou, na Terra, a cruz que te redime,
Não me interpretes por sinistra grade...
Deus modelou-me lâmpada de lodo
Na qual és chama do Divino Todo
Para fugir além, na Eternidade...”
ANTERO Tarquínio DE QUENTAL *
(*) Grande poeta português, A.Q. teve especial predileção pelo soneto. Segundo Eça de Queirós, era ele “ um Gênio e era um Santo”. “É um poeta que sente,” − di-lo Oliveira Martins − “mas é um reciocínio que pensa. Pensa o que sente; sente o que pensa.” Vítima de terrível hipocondria, suicidou-se. Sobre a vida de Antero, publicou-se em 1948 uma das mais completas obras: Antero de Quental, subsídios para a sua biografia, por José Bruno Carreiro, em dois grandes volumes, edição do Instituto Cultural de Ponta-Delgada, Lisboa. (Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, arquipélago dos Açores, 18 de Abril de 1842 − Aí desencarnou em 11 de Setembro de 1891.)
BIBLIOGRAFIA : Sonetos de Antero; Odes Modernas; Primaveras Românticas; Os Sonetos de Antero de Quental; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
− “Por que me prendes, barro vil e escuro?
Quem te sustenta por lodoso muro,
Acalentando a noite que me espia?
Quem te mandou, algema de agonia,
Escravizar-me o sonho vivo e puro?
Quem te criou, cadeia de monturo,
Excitando-me a dor e a rebeldia?”
E o corpo respondeu, calmo e sublime:
− “ Eu sou, na Terra, a cruz que te redime,
Não me interpretes por sinistra grade...
Deus modelou-me lâmpada de lodo
Na qual és chama do Divino Todo
Para fugir além, na Eternidade...”
ANTERO Tarquínio DE QUENTAL *
(*) Grande poeta português, A.Q. teve especial predileção pelo soneto. Segundo Eça de Queirós, era ele “ um Gênio e era um Santo”. “É um poeta que sente,” − di-lo Oliveira Martins − “mas é um reciocínio que pensa. Pensa o que sente; sente o que pensa.” Vítima de terrível hipocondria, suicidou-se. Sobre a vida de Antero, publicou-se em 1948 uma das mais completas obras: Antero de Quental, subsídios para a sua biografia, por José Bruno Carreiro, em dois grandes volumes, edição do Instituto Cultural de Ponta-Delgada, Lisboa. (Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, arquipélago dos Açores, 18 de Abril de 1842 − Aí desencarnou em 11 de Setembro de 1891.)
BIBLIOGRAFIA : Sonetos de Antero; Odes Modernas; Primaveras Românticas; Os Sonetos de Antero de Quental; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário