27.6.24

A SUBLIME SENTENÇA

Ao pé de templo enorme, a praça tumultua.
Ansiosa expectação na calçada poeirenta...
A massa encontra o Cristo e, trágica, apresenta
Consternada mulher a chorar seminua...
 
– “Adúltera, Senhor!” – velho escriba insinua.
– “Que dizes, Mestre?” – insiste a multidão violenta –
“Somos o tribunal que a tradição sustenta,
A lei é apedrejar nos libelos da rua!”
 
– Fita o Mestre a infeliz que à miséria alanceia;
Inclina-se, em seguida, e escreve sobre a areia,
Como quem grava o sonho onde a vida não medra.
 
Depois, contempla em torno a malícia, o veneno,
E exclama para a turba, entre nobre e sereno:
– “Quem for puro entre vós, lance a primeira pedra!”
Francisco Antônio de Carvalho Júnior
Depois de ingressar na Faculdade de Direito de S. Paulo, fazendo o terceiro e quarto anos no Recife, sòmente em 1877 concluía o curso em S. Paulo. Ainda estudante, colaborou na República, de Lúcio de Mendonça. Poeta, folhetinista, critico literário, dramaturgo. Nomeado promotor de Angra dos Reis, em 1878, transferiu-se depois para o Rio, onde viria à desencarnar no ano seguinte, como juiz municipal. Machado de Assis reconheceu o talento do jovem CJ, afirmando ser ele «poeta, e de raça» (Apud Péricles Eug. da S. Ramos, in Lit. no Brasil, II, pagina 292). (Rio de Janeiro, GB, 6 de Maio de 1855 – Rio de Janeiro, GB, '3 de Maio de :1879. )
BIBLIOGRAFIA : Escritos Póstumos.
Livro: Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

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