3.11.17

Lição das Trevas

    No vale das trevas, delirava a legião de Espíritos infelizes.
    Rixas, obscenidades, doestos, baldões.
    Planejavam-se assaltos, maquinavam-se crimes.
    O Espírito Benfeitor penetrou a caverna, apaziguando e abençoando .
    Aqui, abraçava um desventurado, apartando-o da malta, de modo a entregá-lo, mais tarde, a equipes socorristas; mais adiante, aliviava com suave magnetismo a cabeça atormentada de entidades em desvario.
    O serviço assistencial seguia difícil, quando enfurecido mandante da crueldade, ao descobri-lo, se aquietou em súbita acalmia e, impondo respeitosa serenidade à chusma de loucos, declinou-lhe a nobre condição. Que os companheiros rebelados se acomodassem, deixando livre passagem àquele que reconhecia por missionário do bem.
    - Conheces-me? - interrogou o recém-chegado, entre espantado e agradecido.
    - Sim - disse o rude empreiteiro da sombra -, eu era um doente na Terra e curaste meu corpo que a moléstia desfigurava.
    Lembro-me perfeitamente de teu cuidado ao lavar-me as feridas .
    Os circunstantes entraram na conversação de improviso e um deles, de dura carranca, apontou o visitador e clamou para o amigo:
    Que mais te fez este homem no mundo para que sejamos forçados à deferência?
    Deu-me teto e agasalho.
    Outro inquiriu:
    Que mais?
    Supriu minha casa de pão e roupa, libertando-nos , a mim e a família, da nudez e da fome .
    Outro ainda perguntou com ironia:
    Mais nada?
    Muitas vezes, dividia comigo o que trazia na bolsa, entregando-me abençoado dinheiro para que a penúria não me arrasasse .
    Estabelecido o silêncio, o Espírito Benfeitor, encorajado pelo que ouvia, indagou com humildade:
    Meu irmão, nada fiz senão cumprir o dever que a fraternidade me impunha; entretanto, se te mostras tão generoso para comigo, em tuas manifestações de reconhecimento e de amor que reconheço não merecer, porque te entregas, assim, à obsessão e à delinquência?! .
    O interpelado pareceu sensibilizar-se, meneou tristemente a cabeça e explicou:
    Em verdade, és bom e amparaste a minha vida, mas não me ensinaste a viver!
    Espíritas, irmãos!
    Cultivemos a divulgação da Doutrina Renovadora que nos esclarece e reúne!
    Com o pão do corpo, estendamos a luz da alma que nos habilite a aprender e compreender, raciocinar e servir.


Livro: "Cartas e Crônicas" - Francisco C Xavier - Irmão X

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