15.11.19

Resumo do ensinamento dos espíritos


1 - Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.
Deus é eterno, único, imaterial, imutável, todo poderoso, soberanamente justo e bom. Deve ser infinito em todas as suas perfeições; porque supondo-se um único de seus atributos imperfeito, não seria Deus.
2 - Deus criou a matéria que constitui os mundos; criou também seres inteligentes, que chamados Espíritos, encarregados de administrarem os mundos materiais, segundo as leis imutáveis da criação, e que são perfectíveis pela sua natureza. Em se aperfeiçoando, aproximam-se da divindade.
3 - O espírito, propriamente dito, é o princípio inteligente; sua natureza nos é desconhecida; para nós, ele é imaterial, porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.
4 - Os Espíritos são seres individuais; tem um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito, espécie de corpo fluídico, tipo da forma humana. Eles povoam os espaços, que percorrem com a rapidez do relâmpago, e constituem o mundo invisível.
5 - A origem e o modo de criação dos Espíritos nos são desconhecidos; apenas sabemos que foram criados simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, mas, com igual aptidão para tudo, porque Deus, em sua justiça, não poderia isentar uns do trabalho que houvesse imposto aos outros para chegarem à perfeição. No princípio, estão numa espécie de infância, sem vontade própria, e sem consciência perfeita de sua existência.
6 - O livre arbítrio se desenvolve nos Espíritos ao mesmo tempo que as ideias, e Deus lhes disse: "Podeis todos pretender a felicidade suprema, quando houverdes adquirido os conhecimentos que vos faltam e cumprida a tarefa eu vos imponho; eis o objetivo: vós o atingireis em seguindo as leis que gravei em vossa consciência."
Em consequência de seu livre arbítrio, uns tomam o caminho mais curto, que é o do bem, outros o mais longo, que é o do mau.
7 - Deus não criou o mal; estabeleceu leis, e essas leis são sempre boas, porque ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente seria perfeitamente feliz; mas os Espíritos, tendo seu livre arbítrio, nem sempre as observavam, e o mau resultou, para eles, de sua desobediência. Pode-se, pois, dizer que o bem é tudo o que está conforme com a lei de Deus e o mal tudo o que é contrário a essa mesma lei.
8 - Para concorrer, como agentes do poder divino, à obra dos mundos materiais, os Espíritos revestem temporariamente um corpo material. Pelo trabalho que sua existência corpórea necessita, aperfeiçoam sua inteligência, em observação a lei de Deus, os méritos que deverão conduzi-los à felicidade eterna.
9 - A encarnação não é imposta ao Espírito, no princípio, como uma punição; ela é necessária ao seu desenvolvimento das obras de Deus, e todos devem suportá-la, tomem o caminho do bem ou do mal; somente aqueles que conseguem a rota do bem, avançam mais depressa, estão menos longe para alcançarem o objetivo e aí chegarem em condições menos penosas.
10 - Os Espíritos encarnados constituem a Humanidade, que não é circunscrita à Terra, mas que povoa todos os mundos disseminados no espaço.
11 - A alma do homem é um Espírito encarnado. Para secundá-lo no cumprimento de sua tarefa, Deus lhe deu, como auxiliares, os animais que lhe são submissos e cuja inteligência e caráter são proporcionais às suas necessidades.
12 - O aperfeiçoamento do Espírito é o fruto de seu próprio trabalho; não podendo, em uma só existência corpórea, adquirir todas as qualidades morais e intelectuais que devem conduzi-lo ao objetivo, ele o alcança por uma sucessão de existências, em cada uma das quais dá alguns passos para frente no caminho do progresso.
13 - Em cada existência corpórea, o Espírito deve prover uma tarefa proporcional ao seu desenvolvimento; quanto mais ele é rude e laboriosa, mais mérito tem em cumpri-la. Cada existência, assim, é uma prova que o aproxima do objetivo. O número dessas existências é indeterminado. Depende da vontade do Espírito abreviá-lo, trabalhando ativamente pelo seu aperfeiçoamento moral; do mesmo modo que depende da vontade do obreiro, que deve fornecer um trabalho, de abreviar o número de dias que emprega ao fazê-lo.

Livro: O Espiritismo em sua mais simples expressão - Allan Kardec.

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